quarta-feira, 28 de dezembro de 2016

URUBU ESTÁ VOANDO DE COSTAS. MAS PODE SE APRUMAR EM 2017

Mais mal do que bem afinal mais um ano se vai na nossa contagem do tempo. Pelo mundo a fora, a direita vai avançando às braçadas na Europa, nos Estados Unidos, na América do Sul e em outras partes da Terra. O terrorismo ataca pontualmente, depois que países e povos antes humilhados, escravizados, colonizados decidiram, a seu modo, revidar aloprada e cegamente. Suportaram as Cruzadas, as “descobertas”, uma colonização infame e predadora, tiveram muita paciência. Ela esgotou-se para desespero do Ocidente tão cristão e civilizado. O ataque cego não se justifica, mas lembra, por exemplo, o ataque dos cruzados contra cristãos orientais. Se as pessoas se vestiam à moda oriental não podiam ser cristãs ... Lógica implacável do colonialismo que se iniciava, esquecendo que Jesus Cristo, Maria, os apóstolos se vestiam como os judeus da época, e que o cristianismo é uma religião de cepa oriental.
No Brasil, urubu está voando de costas, como dizia Stanislaw Ponte Preta. O golpe expõe sua incompetência e sua falta de votos. Tem um ministro manda-chuva que chamam de Eliseu Quadrilha ..., fora os que já foram defenestrados devido a suas folhas corridas ou a malfeitos mais recentes. Incrivelmente, os funcionários públicos do Estado do Rio (saudade do Estado da Guanabara) estão passando fome e sendo socorridos por colegas mais abonados ou cestas básicas. Insensível ao problema, o Judiciário de lá quer contratar garçons e copeiros para atender à parca fome (já comem muito) de Suas Excelências.
É um fim de ano que só deixará saudades na turma que vive às nossas custas como rentistas, parlamentares folgados, magistrados folgados, arquifolgados membros do Executivo. Esta situação, que nós não merecemos, só poderá mudar se anularmos o golpe, mandando essa corja para casa. O presidente usurpador, que mais parece um mordomo de filme policial, já está bem com a fortuna e incrível aposentadoria que acumulou, com tanto trabalho, diga-se de passagem, arrancando benesses aqui e acolá. Temos que reconhecer que a presidente deposta cometeu erros graves e não estava cumprindo o prometido em sua segunda campanha. Mas ela foi eleita, não deu golpe em ninguém e poderia melhorar se escutasse os conselhos de sábios do partido dela e de outros. Em suma, se soubesse fazer política. A saída é convocar, pela primeira vez em nossa história, uma Constituinte pra valer, sem profissionais profiteurs da política, e depois, só depois, eleger um presidente legítimo e um Congresso decente. Não sem antes mandar o golpista usufruir em Miami (como nossos políticos e ricaços fajutos gostam de Miami!) a fortuna que juntou com seu “Abre-te, Sésamo. Pensar em punição pra ele seria miragem. A não ser que o juiz Moro se converta a uma Justiça apartidária e equânime.
Aqui no Nordeste, uma prolongada seca maltrata os sertanejos e aumenta o êxodo rural para as cidades já inchadas e mal governadas. O que regiões ainda mais áridas que o assim dito Polígono das Secas conseguem fazer para conviver com o fenômeno cíclico, como irrigação e armazenagem de água em açudes, cisternas, nossos competentes governos se recusam a fazer. Apesar de possuírem bons estudos nesse sentido, como os acumulados nos arquivos da Sudene por uma missão israelense que por aqui trabalhou vários anos. Israel e o Texas, para citar apenas essas regiões, são mais áridos que o nosso Nordeste.
PS – Estou estudando algumas modificações neste blog, de olho nos meus leitores. Meu filho Paulo, que é do ramo, é meu assessor para assuntos internéticos.

Finalmente, apesar de tudo de mal que estamos enfrentando, desejo que vocês tenham passado um Natal razoável com suas famílias e que, para todos, 2017 seja um ano melhor para nós, o Brasil e o mundo.

terça-feira, 20 de dezembro de 2016

NOITE FELIZ! NOITE FELIZ! MAS NÃO PARA TODOS. ISSO APÓS 2 MIL ANOS DE CRISTIANISMO

Estamos quase no Natal e às vésperas do Ano Novo, um tempo que teoricamente deveria renovar o espírito do Evangelho e dos Atos dos Apóstolos naqueles que se proclamam cristãos (católicos romanos, protestantes, ortodoxos e outras denominações). A designação dos protestantes vem do protesto do teólogo alemão Matinho Lutero contra a venda de indulgências e outros abusos de um papado que quase nada mais tinha de fidelidade ao Evangelho. Hoje, muitos deles preferem se chamar evangélicos, puxando para si o monopólio do Evangelho. Estranhamente, muitos deles esqueceram o legado de Lutero, o mais conhecido dos reformadores, e criaram aí uma Teologia da Prosperidade, em oposição à Teologia da Libertação nascida na sofrida Igreja da América Latina. Vendem a salvação em doses homeopáticas, para o dinheiro continuar pingando. Seus lideres são milionários e pouco entendem das Sagradas escrituras, que interpretam de acordo com suas ambições e metas.
Os católicos romanos não ficam atrás no esquecimento dos ensinamentos de Jesus Cristo. Depois de dois mil anos da passagem dele sobre a Terra e da sua pregação e exemplo, o que vemos? O que restou da vida cristã descrita nos Atos dos Apóstolos? Durante a Idade Média, cristãos guerrearam contra cristãos. E esse belo costume prosseguiu no Renascimento e até hoje. A Europa tão “cristã”, que hoje tange e persegue muçulmanos e outros refugiados de países outrora explorados por ela, viveu engalfinhada em sangrentos conflitos até a 2ª Guerra Mundial, e ainda sobrou depois para bósnios, croatas e outros. Os “cristãos” que ganham dinheiro com a fabricação e venda de armas ficaram indóceis após a vitória aliada de 1945. A paz não durou quase nada. Em 1950, para alegria das indústria bélica, o governo estadunidense resolveu tomar para si as dores de parte da Coreia que não aceitava o comunismo. Com que mandato? Quem sabe, o do Mundo Livre, uma entidade quase mitológica que acobertava e acoberta muita canalhice em nome do que chamam de democracia, capitalismo, livre comércio etc.
Os países de maioria cristã, ou assim proclamada, nos oferecem um belo espetáculo que vai de meia dúzia de bilionários à extrema pobreza, de uma política de vale-tudo que caminha e avança entre golpes contra a vontade expressa nas urnas. Caso do Brasil atual. Eleições podem ser um modelo que funcione se o espírito golpista for um dia arquivado. O espetáculo continua (só a bailarina não tem pereba nem frieira ...). Crianças morrendo de doenças curáveis e evitáveis, de fome, enquanto verbas para saúde e educação são afanadas pelos “cristãos” lá de cima, com golpe ou sem golpe. Doenças que já havíamos debelado há muito tempo voltando, como cólera, lepra, tuberculose. Políticos comprando suas eleições. Autoridades escolhendo com critérios ideológicos quem deve ser punido e quem deve ser preservado numa redoma; como ocorre na assim dita República de Curitiba. Nada contra a punição de culpados, desde que com isenção. Outra observação: desde Pero Vaz de Caminha, a propina, a corrupção, o compadrio alavancam negócios. Não é invenção do PT, embora este prometesse ética na política. Ainda na trilha do espetáculo, a seca, eterna e sem combate sério, castigando as populações pobres do Semiárido. Estudos há para uma convivência com a seca, através de irrigação, açudes, cisternas; mas não interessa aos nossos “podres poderes”, agora ainda mais podres com o golpe, resolver esse problema.
Voltando aos dois mil anos de cristianismo, lembro, nesta época natalina, como os “cristãos” tratam seus subalternos ou os que veem assim. Solte-se num xópim (me perdoem, mas esse uso abusivo do inglês por nós colonizados é intolerável; no caso, faço um aportuguesamento de shopping). Nós que nos dizemos cristãos nos incomodamos com as centenas de pobres comerciários (talvez o setor trabalhista mais explorado) que nos servem com tanta atenção (claro que há exceções)? Na nossa cultura escravocrata, é como se fossem nossos escravos. Nada de um sorriso, um agradecimento, uns centavos nas caixinhas.
Buzinamos mais nervosos (é preciso correr, comprar, ter muita coisa) em nossos confortáveis carrões, queremos passar na frente quando não dá, desrespeitamos todas as regras de convivência humana, que dirá cristã. E o Menino Jesus? Ah! o Menino Jesus? Ainda nos lembramos dele? O importante é uma bela e gostosa ceia de Natal, de preferência melhor que a do vizinho. E a Missa do Galo? Sob o pretexto da violência, foi empurrada para as 21h ou 22h. Na Terra Santa, os cristãos têm de se virar para chegar a suas igrejas, pois os sionistas picotaram os espaços dos palestinos. E, nos lugares santos, clérigos de diversas denominações cristãs brigam literalmente por pedaços de lembranças.

E Jesus Cristo não disse que “todos sejam um”?

quinta-feira, 15 de dezembro de 2016

PARLAMENTARISMO É UM BOM REGIME, MAS NÃO COMO CONCHAVO

Com a situação do país mais pra urubu que pra colibri, como dizia o inesquecível Stanislaw Ponte Preta, pseudônimo do jornalista Sérgio Porto, surge todo tipo de palpite. Desde o impedimento do presidente usurpador, que seria substituído provisoriamente pelo ínclito Fernando 2º (FHC), que chafurda no golpe (vai terminar em Irajá; lembram aquele teatro de revista?). Ou por Aecinho, que afinal ganharia o brinquedinho dele. Não poderia faltar, mais uma vez, a sugestão do parlamentarismo. Regime excelente em que o país é governado por um primeiro-ministro, enquanto o presidente da república exerce funções praticamente decorativas, menos aquela de nomear o premiê escolhido pelo parlamento. É chefe do Estado; o premiê chefia o governo. Nele os ministros são escolhidos dentre membros do parlamento para, junto com o primeiro-ministro, exercerem o Poder Executivo.
A questão que se põe no Brasil é que a proposta desse regime está associada ao golpe contra Jango (o primeiro) para impedi-lo de exercer plenamente a Presidência, conforme a Constituição. Era 1961 e o maluco Jânio Quadros havia renunciado num contexto de golpe. Os golpistas do Exército ainda não se julgavam em condições de dar o golpe que deram três anos depois, com a preciosa ajuda da troncha elite brasileira. Também ainda não haviam acertado a mais preciosa ainda ajuda dos Estados Unidos. Aqueles que já preparavam o golpe e a ditadura de 21 anos concordaram com a posse daquele que odiavam por ser ligadíssimo a Getúlio e haver aumentado em 100% o salário mínimo, quando ministro do Trabalho. Mas só depois de arrancarem do Congresso (ah! o Congresso) um regime parlamentarista-golpista. Regime pouco depois rejeitado, pelo povo, em plebiscito, o que aumentou o ódio dos golpistas contra João Goulart.
No Império, que poderia ter sido aperfeiçoado e democratizado, em lugar do golpe republicano positivista e militarista, houve um parlamentarismo sui generis em que partidos sem muita substância se alternavam no poder e a vontade dos poucos eleitores não era respeitada.
Após o fim da ditadura 1964-85, houve um plebiscito para saber se o eleitorado desejava um regime parlamentarista; como houve outro para saber se o povo queria mesmo a República ou a volta da monarquia. Tanto o parlamentarismo como a monarquia foram rejeitados. Em ambos os casos, não houve quase nenhum esclarecimento aos votantes sobre o que se deveria decidir. Ulysses Guimarães pretendia percorrer o país pregando a opção parlamentarista e ensinando ao eleitorado o que significa esse regime. Foi vitimado por uma queda de helicóptero. O plebiscito decidiu pela continuação do presidencialismo
A nossa elite (tão democrática!...) adora um conchavo em benefício próprio. Daí não progredirmos na construção da democracia, no respeito à vontade e objetivos da população (agora mesmo estamos padecendo o conchavo golpista com Temer, e a elite já pensa em outro usurpador). O palpite parlamentarista da vez tem tinturas de um semiparlamentarismo inventado por De Gaulle na França e imitado por Portugal. O presidente da República, nesse regime híbrido, conserva poderes de governo; governa com o premiê. Para mim, não faz sentido. A Alemanha e a Itália, por exemplo, têm longevos regimes parlamentaristas desde o pós-guerra, que, entre altos e baixos, funcionam. A Itália, por exemplo, padeceu o longo reinado da Democracia Cristã (DC, de origem católica conservadora, mas também mafiosa) e, mais recentemente, governos do milionário Berlusconi, uma espécie de Trump peninsular. Mas nunca recaiu em ditadura. Houve também um momento muito interessante, quando Berlinguer, secretário-geral do Partido Comunista Italiano, propôs à DC um governo conjunto. Era o compromesso storico. A DC não aceitou e ainda deixou sequestradores matarem Aldo Moro, grande líder do partido.
Outro conchavo muito caro à Casa-Grande é, antes da invenção do golpe pseudoconstitucional, a alternativa entre eleições gerais para todos os postos, desde presidente da República a vereador, e eleições separadas. Quando estamos com eleições separadas e a elite está com algum problema, logo propõe juntar tudo, de preferência com mandatos-tampão.

Em tempo, o STF desmoralizou-se, mais uma vez, deixando-se peitar pelo ínclito Renan Calheiros. Não é novidade. Em 1947, por exemplo, sob assédio feroz da Casa-Grande e do Departamento de Estado, cassou o registro do Partido Comunista Brasileiro (o Partidão, nada a ver com PCdoB, uma dissidência de 1962, por aí). Não satisfeito, cassou os mandatos de dezenas de deputados e senadores eleitos em 1946 pela legenda.

terça-feira, 6 de dezembro de 2016

JUÍZES, PROCURADORES, POLICIAIS ESTARIAM ACIMA DA LEI?

Todo mundo quer que a corrupção se torne mais moderada no Brasil. Acabar com ela é impossível. Deseja também que a perseguição aos corruptos e sua punição não abra nenhuma exceção, pois todos são iguais perante a lei numa democracia. Há algo diferente em Pindorama, pois nunca se viu sob vara ou na cadeia empresários, diretores de estatais, políticos de brilhante plumagem. Por outro lado, o que se viu nas marchas do domingo passado foi uma exaltação equivocada de uma justiça de cartas marcadas, de procuradores, promotores, policiais e juízes incapazes de ver e tratar questões e faltosos, supostos ou não, que não se enquadrem em sua ideologia e visão do mundo. Os pecados da Petrobras nos governos de Fernando 2º (FHC), por exemplo, quando a empresa pública era dirigida (?!) por um genro dele que conseguiu afundar uma plataforma de petróleo, algo inédito, nunca foram penitenciados. O frustrado Aécio Neves não leva nem um cascudinho.
Parece que essa turma dos movimentos do domingo marcha para ouvir o ruído de seus passos, grita para sentir o eco de suas vozes. Você vê por ali pessoas que estão no topo da sociedade de classes, burgueses, patrões de grandes grupos, políticos catapultados por votos comprados? Nada disso. São empregados que podem ser demitidos a qualquer hora, no bojo deste nosso capitalismo selvagem em que o pão e a roupa de uma família dependem do apetite por lucros, da mais-valia. Ou já desempregados que aguardam ter de novo sua carteira assinada. Ou gente arrebanhada para fingir que está manifestando.
A gente fica pê da vida quando vê a maioria dos nossos congressistas fazendo tudo aquilo que não é representar o eleitorado, a população. Quando Suas Excelências aprovam algo de bom, o que certamente é a vigilância e punibilidade de juízes, policiais, membros do Ministério Público que extrapolarem suas funções ou agirem fazendo política ou outros malfeitos, a Casa Grande se arreta. Nada contra boa parte do trabalho do juiz Moro (embora tenha se tornado vedete), dos procuradores da Lava-Jato (embora se achem os donos da verdade). Nada contra a parte boa do trabalho deles. Mas tudo contra a partidarização de grande parte do trabalho deles.
Note-se que há uma tendência, neste país tropical, de juízes, policiais, procuradores se pronunciarem frequentemente sobre seu trabalho, dando palpites, pré-julgando. Da Suprema Corte dos Estados Unidos (nosso modelo para o bem e para o mal) só se ouve falar quando há uma decisão importante, como no caso anti-discriminação racial. Aqui, juízes do STF dão seguidas entrevistas, visitam membros do Executivo e Legislativo antes de tomar decisões, falam sobre como vão julgar. É enorme a confusão e o desvio de conduta. Tem aí um ministro do Supremo, por exemplo, Gilmar Mendes, que é concomitantemente homem de negócios e homem à disposição de protegidos para habeas-corpus e pedidos de vista. Já solicitaram até o seu impedimento; mas trata-se de pessoa muito temida. Em outras instâncias do Judiciário, graças ao corporativismo ali reinante, punições, quando há, são brandas (p. ex. o cara é aposentado com direito a seus gordos proventos). Não é pequena a quantidade de juízes-empresários. Por que juízes, membros do MP, policiais não poderiam ser bem vigiados, como os demais cidadãos, e punidos quando merecessem? Estariam acima da lei?
PS – Com a permissão do arcebispo Dom Fernando Saburido, grupos de cristãos realizarão uma vigília das 18h às 22h desta terça-feira, nos jardins do Palácio dos Manguinhos (Cúria Arquidiocesana), com o sentido de orar e adotar ações para que o Congresso não aprove a PEC 55, antiga 241, pela qual o atual governo golpista poderia tornar os pobres e miseráveis brasileiros ainda mais pobres e miseráveis. Seriam 20 anos a pão e água para educação, saúde, políticas sociais.
A vigília se dará à luz da fé e da esperança por um mundo mais justo. Os movimentos participantes são:
Movimento de Trabalhadores Cristãos
Centro Educacional Profissionalizante do Flau
Tenda da Fé
Pastoral da Juventude do Meio Popular
CEBs PE (Comunidades Eclesiais de Base)
Grupo de Leigos Católicos Igreja Nova
Fé e Política dom Helder Camara
Encontro da Partilha

Movimento de Mulheres contra o Desemprego