sexta-feira, 16 de janeiro de 2015

EU NÃO SOU CHARLIE, COMO DIZ LEONARDO BOFF



Gente amiga, eu não esqueci este blogue nem parei de escrever o “Viver é muito perigoso”. É que a gente não manda no pedaço. Quem manda são “us homi” que têm poder, podem descumprir compromissos e mesmo leis, são inimputáveis. Por exemplo: contrata-se uma banda-larga que de larga não tem nada, recebe as contas, sempre altas, todo mês, paga, mas a internet foge praticamente todo dia; contrata-se TV por assinatura, não pode escolher o que interessa, mas o que é imposto, recebe contas muito mais altas do que no mundo soit-disant civilizado; e por aí vai. Aqui em casa, a banda, além de se estreitar a cada dia, falha constantemente. E o usuário não merece nenhuma explicação. É pegar ou largar. As tais agências reguladoras, criadas pelo ínclito xogum Fernando 2º somente para conceder aumentos absurdos de tarifas, continuam nos sacaneando também nos governos de Lula e Dilma. Tudo graças às privatizações de conchavo (ver A privataria tucana) com que nossa sociedade foi brindada pelo demolidor xogunato. Por falar em Dilma, parece que quer cumprir o programa do neto de Tancredo, nomeando um cara do Bradesco para a Fazenda e uma “agroindustriosa” para a Agricultura.
Daí minha demora em voltar a conversar com vocês. Antes de tudo, desejo-lhes que este ainda imberbe 2015 seja um ano de muitas realizações para todas e todos. Para a França, minha terra adotiva junto com a Itália, o ano começou mal com o bárbaro ataque a um jornal humorístico de Paris, o Charlie Hebdo. Houve muita solidariedade de quase todo o resto do mundo, cada um botando suas barbas de molho com medo de ataques similares. No mundo que se diz livre e garante prezar e defender liberdade de expressão, jornalismo livre, a imensa maioria dos comentários sobre o triste fato se resume a isso: a liberdade de imprensa foi mortalmente ferida (e foi mesmo). Cadê a tolerância? Cadê o respeito pela opinião dos outros?
Pergunto eu: nessa tolerância e respeito não se incluem a religião, a cultura, a etnia e tantas outras características dos diversos povos? O cara que satiriza Maomé não tem obrigação de levar em conta que o islamismo é uma das maiores e mais espalhadas religiões do mundo? Mesmo que ele satirize também ícones do cristianismo, do budismo, do hinduísmo. Estas observações não querem dizer que a reação a ultrajes contra o profeta do Islã foi correta e adequada. Simplesmente que toda opinião merece respeito
Leve-se em conta também que a liberdade de expressão tão badalada aqui no Brasil, sobretudo por quem menos a pratica (a grande imprensa nacional, principal partido de oposição a qualquer avanço social e político), é algo da maior importância em toda democracia. No entanto, para essa grande imprensa, liberdade de expressão significa divulgar, publicar o que interessa aos controladores da mesma, censurar (é isso mesmo) o que não interessa e manipular o conjunto com as famosas interpretações e comentários (a Globo faz isso com maestria).
Esta conversa está ficando muito comprida e vocês têm mais o que fazer. Continuo na próxima postagem. Deem agora uma olhada, please, nas laterais “Viver é muito perigoso” e “Artigos na imprensa”.