quarta-feira, 27 de julho de 2016

OLIMPÍADAS. TERRORISMO MULTILATERAL. QUE SANTOS E ORIXÁS NOS PROTEJAM

Aproximam-se as Olimpíadas, para sediar as quais o Brasil foi selecionado numa época em que o nosso pais gozava de uma certa prosperidade, mesmo que já se houvesse iniciado a grande crise mundial que começou em 2008. No segundo mandato de Dilma Roussef, e mesmo já no primeiro, o angu começou a encaroçar e estamos aí temerosos de que não seja aquela linda festa que imaginávamos. Mas como a Copa funcionou a contento, tirante a goleada da seleção alemã em cima da nossa, quem sabe nossos santos e orixás façam com que atravessemos as Olimpíadas sem apanhar tanto como seria previsível. O ilustre prefeito do Rio fez gracinha com a representação da Austrália, que não quis receber suas acomodações na Vila Olímpica por não estarem em condições de uso. Fez piadinha com os cangurus, mas logo se mancou. Bem, prometeram deixar a Vila em boas condições em alguns dias e parece que estão conseguindo.
A questão da segurança também está sendo vista com otimismo e confiada a milhares de civis e militares. Grande trunfo foi a descoberta e prisão de pessoas que pareciam estar se organizando sob a influência do Califado ou Estado Islâmico, responsável este por uma grande quantidade de atentados pelo mundo a fora. Leve-se em consideração que o Brasil e a América do Sul estão livres de atentados terroristas, com exceção de dois grande em Buenos Aires: a explosão da Embaixada de Israel e a destruição da Amia, uma sociedade beneficente judaica argentina. Mas também é necessário ver que os Jogos Olímpicos constituem uma grande vitrine mundial que pode atrair ações terroristas.

Lembre-se que não são apenas muçulmanos radicais e que não interpretam corretamente o Corão, além de outros grupos, que fazem atos terroristas. A invasão do Iraque, entre muitas outras, foi uma ação terrorista decidida por um demente como Bush Filho com base numa mentira deslavada. Garantia ele que Saddam Hussein possuía armas de destruição em massa, além de ser um dos responsáveis pela derrubada das torres gêmeas do World Trade Center. Nem uma coisa nem a outra. Claro que Saddam não era flor que se cheirasse, mas não cabia ao EUA tirá-lo do poder, qual xerife do mundo, condição autoassumida por Washington após a 2ª Guerra Mundial. Aliás o terrorismo europeu e ocidental contra os muçulmanos começou com as Cruzadas, na Idade Média, e engrossou com as “descobertas” e a colonização de tantos povos das Américas, África e Ásia. O Ocidente tem de reconhecer e combater seu próprio terrorismo se quiser que um dia todo e qualquer terrorismo termine.

sexta-feira, 22 de julho de 2016

“COISAS DE NÃO”: TERRORISMO NA EUROPA, INSEGURANÇA E ASSASSINATOS NO BRASIL E, FINALMENTE, TAÍ O ESTADO ISLÂMICO

Gente, a Europa está passando por uma fase difícil desde que os outrora colonizados e mesmo barbarizados começaram a criar consciência de seu valor e de que o mundo não pertencia aos brancos, pretensamente cristãos e civilizados. E alguns foram além dessa conscientização ao montarem organizações terroristas responsáveis por cada vez mais constantes atentados até nos Estados Unidos, os grandes herdeiros do colonialismo europeu. Com a ressalva de que terrorismo não é privilégio dessas organizações. Extermínio de povos indígenas dos EUA à Terra do Fogo, destruição de Hiroshima e Nagasaki com bombas atômicas, assassinatos seletivos sem prisão nem julgamento, isso não constitui terrorismo? Conforme a classificação dos países ricos, há ditaduras do bem, quando são favoráveis a eles, assim como terrorismo do bem ...
A realidade é que o terrorismo derrubou o maior símbolo do capitalismo e da prosperidade estadunidense, as torres gêmeas de Manhattan e, mais adiante, começou a escolher alvos na Europa: metrôs de Londres e Madri, boate e um jornal satírico de Paris, mais recentemente a Promenade des Anglais em Nice. Além de muitos outros. Fica difícil viver assim no chamado Velho Mundo.
No tempo em que estudei na Europa (Itália e França), de 1952 a 1957, estava-se em pleno processo de descolonização do pós-guerra. Os franceses já haviam perdido a Tunísia e outras colônias africanas, o Vietnam, de onde foram postos a correr por Ho-Chi Minh, e estavam empenhados em manter a Argélia, dividida em departamentos que eles chamava d’Outre-Mer, garantindo que não se tratava de uma colônia, mas de prolongamento da França. Quem deu independência à Argélia foi De Gaulle, após o golpe tentado por alguns generais e coronéis. Havia um especializado em torturas que foi importado para dar lições aos militares golpistas daqui, o coronel Aussaresses, que se tornou íntimo do general-ditador Figueiredo, então chefe do SNI.
Mesmo dentro de uma conjuntura assim, a França vivia, no continente, em situação bastante tranquila. A gente só notava as passeatas de protesto dos recrutas que não queriam ir morrer do outro lado do Mediterrâneo em nome de uma causa que não viam como relevante. Somente na área de Lyon, onde estudei, havia alguns milhares de operários migrados do norte da África, inclusive da Argélia. Sem manifestações, sem atentados.
Çà va sans dire (não precisa nem dizer), como falam os gauleses, que a situação vivida na Europa atualmente é muitíssimo diferente. As organizações terroristas atacam onde bem querem; a grande procura de imigrantes vindos da África e Oriente Médio abala velhos nacionalismos e exacerba a xenofobia; o desemprego cresce desde a grande crise financeira de 2008; os partidos que se dizem de esquerda, como o grego Syriza e o francês Partido Socialista (que já se intitulou Section Française de l’Internationale Ouvrière ...), não conseguem se contrapor às drásticas exigências financeiras da Eurozona e da próspera Alemanha, que salvam bancos e oprimem o povão; e por aí vai.
Estaria o Brasil melhor? Respondem que não a provisória e talvez definitiva deposição da presidente reeleita da República; a insegurança por toda parte, principalmente nas grandes metrópoles, com assaltos a bancos e caixas eletrônicos e também a alvos mais pobres, como ônibus, metrô; assassinatos muito além de uma conta aceitável; estradas ruins e inseguras, com captura constante de cargas; quase a metade das cidades sem rede de saneamento básico; rios e canais (o mar também) virando lixeira; ruas não pavimentadas ou com pavimentos inaceitáveis; e por aí vai. De quem a responsabilidade? E alguém precisa e merece ser responsabilizado seja pelo que for de ruim no país da Casa-Grande, das elites tronchas, dos golpes sem fim?
Como se algo ainda faltasse para completar nossas agruras e “coisas de não” (como diria João Cabral), chega-nos a notícia de que o Califado ou Estado Islâmico já estendeu seus tentáculos ao Brasil, tendo sido presa cerca de uma dezena de recrutas que talvez se preparassem para algum atentado, ou mais de um, durante as Olimpíadas que aí vêm. Sabemos que o Brasil e esta parte das Américas estiveram até agora livres de terrorismo; com exceção dos atentados, em Buenos Aires, contra a Embaixada de Israel e a associação beneficente judaica Amia.

Gente amiga, vamos nos benzer. Dizem que o papa é argentino mas Deus é brasileiro. Façamos valer esta última parte.

segunda-feira, 18 de julho de 2016

CRIMES DA DITADURA SEM PUNIÇÃO. A ELITE E SEUS ETERNOS PANOS MORNOS. PAPEL DA IGREJA COM DOM PAULO EVARISTO ARNS

Oi gente, hoje escrevo sobre um tema atualíssimo que é a ditadura militar que assolou o país por longos 21 anos e só acabou no faz-de-conta. Atualíssimo? Sim, pois até hoje ninguém teve a coragem de mexer com essa longa história de arbitrariedades e crimes. Nem mesmo depois que a Corte Interamericana de Direitos Humanos da OEA definiu que crimes de tortura e crimes continuados (que não terminaram, como tantos desaparecimentos ocorridos pelas mãos dos esbirros militares e seus colaboradores civis) não podem ser anistiados. Mesmo sem essa decisão de uma corte de que o nosso país faz parte, todo mundo sabe que não se pode dar anistia a um crime de que os autores não foram acusados. E é sabido que nem os generais-ditadores nem seus ministros e cortes nunca acusaram nenhum torturador, assassino ou autor de desaparecimentos do regime militar.
Assim, a anistia recíproca que eles inventaram não tem a mínima base jurídica. Embora seja obedientemente acatada por todos os governos que vieram após a assim dita redemocratização, inclusive os de Lula e Dilma. Já o desgoverno do golpista Temer tem é de acatar mesmo, pois é golpista até dispensando a tradicional ajuda dos centuriões, estes hoje, ao menos aparentemente, mais convertidos a seu papel democrático que os golpistas da escola de Goes Monteiro, Dutra, Carlos Lacerda e de certos soi-disants socialdemocratas de fancaria.
Embora também vitimados por golpes assassinos, com a preciosa ajuda do bondoso Tio Sam, o Chile, a Argentina e o Uruguai (o Paraguai é um caso de ditadura institucional desde Solano López e Stroessener, com o breve hiato de Lugo) julgaram, condenaram e prenderam os responsáveis por essas tragédias. Já as elites tronchas do nosso país continuam com os eternos panos mornos tão tradicionais, que sempre evitaram constituintes exclusivas (sem políticos profissionais, em grande número contaminados por canalhice) e um tão necessário ajuste de contas com tanta coisa errada que nos coube nesse latifúndio de asneiras, safadezas, roubalheiras, impunidade.
Depois de tão longo introito, falo especificamente do que desejava, isto é, do papel da Igreja e de uns poucos bispos em meio às trevas mais que medievais da ditadura. Dentre eles, destaco dom Paulo Evaristo Arns, que está completando 50 anos como bispo, com celebração solene na Sé de São Paulo. (Catedral da Sé é invenção paulista e tautologia, pois catedral e sé significam a mesma coisa, a cadeira episcopal. Além disso, a Sé de São Paulo, antes de ser uma praça ou bairro, é a catedral.) Há outros destacáveis como, por exemplo,  dom Helder, dom Ivo Lorscheiter, dom Aloísio Lorscheider
Quarenta anos atrás, o mesmo dom Paulo abria as portas da Sé para um culto ecumênico pela alma do jornalista Vladimir Herzog, torturado e assassinado no DOI-Codi, comandado pelo “brilhante” coronel Ustra, recentemente homenageado pelo deputado Jair Bolsonaro, aquele que declarou solenemente não haver estuprado uma colega da Câmara por ela não merecer, pois ele a acha feira ... Dom Paulo Evaristo, um frade franciscano, tornou-se bispo em um momento de renovação eclesial, logo após o Concílio convocado por João 23 para atualizar a Igreja e redefinir seu papel na sociedade. Para além de dogmas e preceitos legais, o Concílio se preocupou com uma nova orientação pastoral voltada para o social.
Os papas que se seguiram a João 23 deixaram cair a peteca. Ao diplomata Paulo 6º faltou ousadia. João Paulo 1º morreu misteriosamente um mês após tomar posse. João Paulo 2º chegou com a estreita mentalidade da Igreja polonesa, um sanduíche entre os protestantes alemães e os ortodoxos ucranianos. Protegeu pedófilos e canonizou figuras duvidosas. Demorou demais a desocupar a barca de Pedro e foi substituído por um alemão rígido e ultradogmático que, apesar disso, renunciou devido a ameaça de morte.

Por grave descuido dos cardeais, foi eleito papa o argentino cardeal Bergoglio, arcebispo de Buenos Aires, que tomou o nome de Francisco, sem número, abolindo as dinastias que fazem dos papas substitutos dos imperadores romanos. Ele apresentou-se ao povo que o aguardava na Praça de São Pedro como bispo de Roma, continuou com seus trajes modestos e não quis morar no tal de Palácio Apostólico (apostólico rima com palácio?). Talvez se lembrando do desaparecimento misterioso de João Paulo 1º, ele mora num hotel modesto dentro dos muros do Vaticano e está promovendo uma reformulação ampla na Igreja de Cristo. O Concílio de João 23 pode agora realizar seus desígnios. E dom Paulo está feliz nos seus 94 anos por haver cumprido seu papel de pastor enfrentando lobos vorazes.

terça-feira, 12 de julho de 2016

FHC, QUE APOIOU O GOLPE, PROMETE RECOLOCAR O BRASIL NAS TRILHAS DA DECÊNCIA E DO DESENVOLVIMENTO. RIR OU CHORAR?

Gente amiga, em meio à bagunça política e à privatização do dinheiro público por quem deveria aplicá-lo para o bem comum, uma notícia que deveria ser alvissareira, se fundamento tivesse. Após colocar um marca-passo, o ex-presidente FHC, também conhecido como xogum (brinde de Mangabeira Unger, ex-ministro aqui e professor em Harvard) e Fernando 2º (o primeiro foi o “collorido”, candidato da Rede Globo e da Casa-Grande para “salvar a pátria”), deitou falação: vai viver muito ainda para recolocar o Brasil nas trilhas da decência e do desenvolvimento.
Epa! Não satisfeito em nos enganar com o real a um dólar e quebrar o país, de evitar a apuração de crimes como o afundamento de uma plataforma da Petrobras sob a responsabilidade de um genro dele que dirigia a empresa pública, e o suborno de parlamentares para ganhar um segundo mandato, quis mais e obteve. Com um procurador geral da república, um Brindeiro aí (não lembro o seu nome próprio), que engavetava tudo o que não agradasse ao xogum, além de muitos parlamentares dóceis e subornáveis, evitou CPIs e foi driblando.
Mas o pior, o que mais atrasou o país (que ele promete reconduzir, com sua contribuição, às trilhas da decência e do desenvolvimento) foi a alienação de importante parte de um patrimônio público penosamente acumulado desde os tempos de Getúlio (FHC prometeu acabar com a era Vargas). Felizmente, não deu tempo de torrar a Petrobras, Banco do Brasil, Caixa Econômica Federal. Não que se deva evitar toda e qualquer privatização, mas há empresas estratégicas, como as das áreas de energia, comunicações, que precisam ser públicas, ao menos em um país ainda não plenamente desenvolvido. Outra observação: pública não é sinônimo de estatal; uma empresa pública tem de ser controlada pela sociedade, a serviço da qual foi criada a superestrutura do Estado.
Hipócrita e cinicamente, Fernando 2º e a caterva que o assessorou nas privatizações prometeram que os grupos que adquirissem as empresas públicas iriam capitalizá-las e haveria as agências reguladoras para cuidar dos interesses dos dois lados e não permitir a exploração do consumidor. Nem uma coisa nem a outra funcionaram. Grupos, quer estrangeiros quer nacionais, chegaram de mãos praticamente vazias e foram acudidos pelo BNDES e outros bancos públicos. E as agências reguladoras praticamente se limitam a homologar constantes e abusivos aumentos de tarifas. Triste exemplo de malversação do dinheiro público: um moderno centro de pesquisas implantado pela Telebras aqui em Aldeia (Camaragibe-PE) foi simplesmente abandonado à própria sorte, sucateado, depredado. Pesquisa nacional para quê? Tudo vem pronto de fora.

A falação do xogum chega numa hora em que ele escancarou sua face golpista apoiando o desgoverno Temer, o qual, com o know-how de José Serra, se prepara para torrar o que sobrou, sobretudo Petrobras e pré-sal. Gente, essa turma não tem voto, só arranja alguma coisa com golpe. Antes que acabem com o país, deveria ser convocada, pela primeira vez no Brasil, uma Constituinte exclusiva e não contaminada por políticos profissionais que só pensam em negociatas e vantagens sem fim. Nem na Independência nem na República nem nunca tivemos Constituinte. Pedro 1º, Floriano mandaram os constituintes passear e outorgaram constituições a sua imagem e semelhança. Getúlio, em sua fase ditatorial, também fez a sua. Depois do Estado Novo, mais um Congresso fantasiado de Constituinte. Depois veio a Constituição dos militares, coroada pelo AI-5. Após a assim dita redemocratização (com José Sarney, já imaginaram?), pretendeu-se fazer afinal uma Constituinte exclusiva. Os “profissionais” não permitiram e ganhamos (ganhamos?) uma Constituição casuística (uma Constituição tem de ser enxuta, com grandes princípios que orientem os legisladores comuns) e que mais parece uma colcha de retalhos, tantas são as emendas, sempre casuísticas, que recebeu.

quarta-feira, 6 de julho de 2016

ADMINISTRAÇÃO PÚBLICA À BRASILEIRA AGRAVADA PELO GOLPE

Gente, escrevo hoje, com certo atraso sempre devido à “privataria tucana”, sobre o descalabro inadmissível que é a administração pública à brasileira. Vejam, por exemplo (mau exemplo), o trânsito na Avenida Caxangá. Há muitos anos, reservou-se uma pista exclusivamente para ônibus, que nunca foi respeitada nem fiscalizada. Com aquele ônibus ligeirinho que puseram ali há pouco, essa exclusividade foi confirmada e continua sem nenhuma fiscalização. Não custaria colocar ali lombadas eletrônicas que multariam os sabidinhos e apressadinhos que zombam de quem cumpre os regulamentos. Por que não põem? E quem sabe? Em vez disso, para facilitar a vida de quem descumpre os regulamentos, colocaram há pouco ali aquela sinalização que chamam de tartarugas junto às estações do BRT. O que permite a ultrapassagem dos ônibus pelos transgressores que usam a faixa exclusiva. Talvez o Recife seja a única cidade, mesmo falando só de Pau Brasil, que consiga uma antifaçanha dessas.
Outra exclusividade, esta em termos nacionais, é terem conseguido sucatear e depois paralisar totalmente as estradas de ferro, ao menos no Nordeste. Antifaçanha que não se viu em nenhum outro país do mundo, nem nos Estados Unidos, pátria das rodovias e do automóvel. E que foi objeto, recentemente, de uma série de reportagens no Jornal do Commercio, pelas mãos de Ângela Fernanda Belfort e Diego Nigro. Lembro que, quando eu era criança, viajava-se quase exclusivamente, entre Vitória de Santo Antão e o Recife, de trem. Havia um serviço de ônibus, que chamavam de “sopa”, que se tornava impraticável durante o tempo chuvoso, pois ainda não havia sido construída com pavimentação a BR-232. À tardinha, quando o trem voltava da capital para o interior (parece-me que ia até Arcoverde), as pessoas iam para as janelas para bisbilhotar sobre quem tinha ido ao Recife e o que tinham ido fazer.
Durante a 2ª Guerra Mundial, a proprietária inglesa Great Western não investia muito e começou aí o sucateamento. Em Edgard Werneck, havia uma oficina que fazia a manutenção dos vagões e consertava até locomotivas. Finda a guerra, o governo assumiu a Great Western e constituiu a Rede Ferroviária do Nordeste (RFN), mas não conseguiu deter o sucateamento, ou não se interessou. A rede era dirigida por políticos e servia para empregar seus apaniguados. Deu nisso que está aí (ou não está). Fez-se até uma incorporação da RFN à Rede Ferroviária Federal. Resultado: piorou tudo ainda mais. No governo de JK, preocupado em semear rodovias sem manutenção e implantar uma indústria automobilística com multinacionais; ao contrário do que fizeram o Japão e a Coreia (apesar de arruinados pela guerra); as ferrovias, que já não andavam bem das pernas, foram completamente esquecidas.
Em 2006, surgiu a ideia da Transnordestina e chegou-se a implantar uma fábrica de dormentes em Salgueiro. A Odebrecht saiu da obra em 2013, ficando sozinha a Transnordestina Logística SA. Este ano as obras pararam totalmente, tanto que o presidente da Fiepe, Ricardo Essinger, defende que a União deveria tomar a concessão da Transnordestina Logística. O megaprojeto previa uma linha que começava em Eliseu Martins, no Piauí, e bifurcava-se em Salgueiro nas direções de Suape e de Pecém, no Ceará, além de prometer a recuperação da antiga malha da Great Westerrn-RFN. Esta cobria, nos bons tempos, 4,6 mil km, interligando de Propriá (SE) a São Luís (MA), com ramais no interior de Pernambuco, Paraíba, Ceará e Rio Grande do Norte.

Não se tem notícia de tamanho crime com o transporte e o dinheiro públicos em outras partes do mundo. Sabe-se que a construção de uma estrada de ferro é mais cara que a de uma estrada de rodagem, no entanto a manutenção de uma ferrovia é bem mais barata. Ninguém foi responsabilizado pela megaesculhambação, nem punido. Agora estão querendo acabar com a Petrobras, sob o pretexto dos escândalos de corrupção. E o desgoverno do interino golpista pretende entregar o que não for destruído aos Estados Unidos, dentro do tão sadio (para os golpistas) objetivo de voltarmos à condição de quintal do Tio Sam. O atual chanceler golpista José Serra tem o mesmo princípio do chanceler golpista do marechal-ditador Castelo Branco (Juracy Magalhães): “O que é bom para os Estados Unidos é bom para o Brasil”.