sexta-feira, 22 de julho de 2016

“COISAS DE NÃO”: TERRORISMO NA EUROPA, INSEGURANÇA E ASSASSINATOS NO BRASIL E, FINALMENTE, TAÍ O ESTADO ISLÂMICO

Gente, a Europa está passando por uma fase difícil desde que os outrora colonizados e mesmo barbarizados começaram a criar consciência de seu valor e de que o mundo não pertencia aos brancos, pretensamente cristãos e civilizados. E alguns foram além dessa conscientização ao montarem organizações terroristas responsáveis por cada vez mais constantes atentados até nos Estados Unidos, os grandes herdeiros do colonialismo europeu. Com a ressalva de que terrorismo não é privilégio dessas organizações. Extermínio de povos indígenas dos EUA à Terra do Fogo, destruição de Hiroshima e Nagasaki com bombas atômicas, assassinatos seletivos sem prisão nem julgamento, isso não constitui terrorismo? Conforme a classificação dos países ricos, há ditaduras do bem, quando são favoráveis a eles, assim como terrorismo do bem ...
A realidade é que o terrorismo derrubou o maior símbolo do capitalismo e da prosperidade estadunidense, as torres gêmeas de Manhattan e, mais adiante, começou a escolher alvos na Europa: metrôs de Londres e Madri, boate e um jornal satírico de Paris, mais recentemente a Promenade des Anglais em Nice. Além de muitos outros. Fica difícil viver assim no chamado Velho Mundo.
No tempo em que estudei na Europa (Itália e França), de 1952 a 1957, estava-se em pleno processo de descolonização do pós-guerra. Os franceses já haviam perdido a Tunísia e outras colônias africanas, o Vietnam, de onde foram postos a correr por Ho-Chi Minh, e estavam empenhados em manter a Argélia, dividida em departamentos que eles chamava d’Outre-Mer, garantindo que não se tratava de uma colônia, mas de prolongamento da França. Quem deu independência à Argélia foi De Gaulle, após o golpe tentado por alguns generais e coronéis. Havia um especializado em torturas que foi importado para dar lições aos militares golpistas daqui, o coronel Aussaresses, que se tornou íntimo do general-ditador Figueiredo, então chefe do SNI.
Mesmo dentro de uma conjuntura assim, a França vivia, no continente, em situação bastante tranquila. A gente só notava as passeatas de protesto dos recrutas que não queriam ir morrer do outro lado do Mediterrâneo em nome de uma causa que não viam como relevante. Somente na área de Lyon, onde estudei, havia alguns milhares de operários migrados do norte da África, inclusive da Argélia. Sem manifestações, sem atentados.
Çà va sans dire (não precisa nem dizer), como falam os gauleses, que a situação vivida na Europa atualmente é muitíssimo diferente. As organizações terroristas atacam onde bem querem; a grande procura de imigrantes vindos da África e Oriente Médio abala velhos nacionalismos e exacerba a xenofobia; o desemprego cresce desde a grande crise financeira de 2008; os partidos que se dizem de esquerda, como o grego Syriza e o francês Partido Socialista (que já se intitulou Section Française de l’Internationale Ouvrière ...), não conseguem se contrapor às drásticas exigências financeiras da Eurozona e da próspera Alemanha, que salvam bancos e oprimem o povão; e por aí vai.
Estaria o Brasil melhor? Respondem que não a provisória e talvez definitiva deposição da presidente reeleita da República; a insegurança por toda parte, principalmente nas grandes metrópoles, com assaltos a bancos e caixas eletrônicos e também a alvos mais pobres, como ônibus, metrô; assassinatos muito além de uma conta aceitável; estradas ruins e inseguras, com captura constante de cargas; quase a metade das cidades sem rede de saneamento básico; rios e canais (o mar também) virando lixeira; ruas não pavimentadas ou com pavimentos inaceitáveis; e por aí vai. De quem a responsabilidade? E alguém precisa e merece ser responsabilizado seja pelo que for de ruim no país da Casa-Grande, das elites tronchas, dos golpes sem fim?
Como se algo ainda faltasse para completar nossas agruras e “coisas de não” (como diria João Cabral), chega-nos a notícia de que o Califado ou Estado Islâmico já estendeu seus tentáculos ao Brasil, tendo sido presa cerca de uma dezena de recrutas que talvez se preparassem para algum atentado, ou mais de um, durante as Olimpíadas que aí vêm. Sabemos que o Brasil e esta parte das Américas estiveram até agora livres de terrorismo; com exceção dos atentados, em Buenos Aires, contra a Embaixada de Israel e a associação beneficente judaica Amia.

Gente amiga, vamos nos benzer. Dizem que o papa é argentino mas Deus é brasileiro. Façamos valer esta última parte.

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