quarta-feira, 22 de julho de 2015

ATOS DOS APÓSTOLOS COM FRANCISCO DE ROMA

Gente, estou com dificuldade para postar novidades sempre no início da semana, pois, aqui no meu esconderijo aldeense, a “privataria tucana” (leiam o livro com este título) deita e rola. Internet regular é um luxo.
Vocês não acham que o papa Francisco merece ao menos atenção? Parece que Cristo resolveu acordar sua Igreja de um longo sono e refundá-la no Evangelho e nas práticas do livro neotestamentário dos Atos dos Apóstolos. Já era tarde, pois desde o século 4º, com a aparente “conversão” do imperador Constantino ao cristianismo, as cúpulas da Igreja, com raríssimas exceções, se dedicaram a criar um reino terreno no lugar do Reino de Deus proposto pela Bíblia e o Evangelho. Nessa visita pastoral que acaba de fazer pelos países mais pobres da América do Sul, ele elogiou avanços sociais, sem se meter na política local; falou do genocídio contra a população masculina paraguaia, com o Brasil, Argentina e Uruguai obedecendo a interesses britânicos (esta última observação é minha); recebeu, sem reclamar, como presente do primeiro presidente índio das Américas, Evo Morales, um crucifixo engastado numa foice e martelo (símbolo do comunismo). Observação: o crucifixo é obra de um jesuíta assassinado no tempo em que os governos de La Paz seguiam ordens de Washington; como no caso do assassinato de Che Guevara. Sua preocupação, não só com a salvação espiritual, mas com a salvação física da Terra, nossa mãe, também é admirável, ao criar o conceito de ecologia integral.

No mais, está aí o espetáculo maravilhoso de o Poder Legislativo decretar guerra ao Executivo e tentar comprar o Judiciário. Mostesquieu, o sábio francês que teorizou sobre a tripartição de poderes, nunca imaginou uma esculhambação desse porte.

domingo, 19 de julho de 2015

GADO A GENTE FERE, TANGE, ENGORDA E MATA, MAS COM GENTE É DIFERENTE



Coitados dos animais. E o pior é que sua carne não faz bem ao organismo humano. Mais uma greve de ônibus para torturar os habitantes do Grande Recife e adjacências. O metrô anunciou parar no dia de jogo do meio da semana na Arena Pernambuco para evitar as depredações costumeiras nas barbas dos policiais. Isto é, torturar mais, pois os deslocamentos diários de quem depende do nosso desumano transporte público já constituem maus tratos suficientes para exigirem um processo de humanização, civilização. É como se os usuários fossem gado, mas “com gente é diferente”, segundo Geraldo Vandré. Não se pode culpar os governos atuais, do Estado e municípios envolvidos, por toda essa bagunça, mas uma hora é preciso dar os primeiros passos para mudar. Será que os que se dizem “empresários” e oferecem tão maus serviços, que são públicos, embora sob o regime de concessão, não veem as reportagens e fotos sobre o quotidiano do transporte público? Será que aqueles que têm a obrigação de fiscalizar as concessões também não as veem?
Fala-se em licitação. Passam-se anos. Quando se faz alguma, os mesmos “empresários” ganham tudo. As contribuições desses senhores para as campanhas eleitorais de políticos são generosas. E fica “tudo como dantes no quartel de Abrantes” ... Gente, não estaria mais do que em tempo de mudar? Mais de 50 anos atrás, o grande prefeito Pelópidas Silveira criou a Companhia de Transportes Urbanos (CTU) para operar diretamente esse essencial serviço público, com ônibus elétricos. Inicialmente, não falou que a CTU ocuparia todas as linhas existentes. Mesmo assim, os “empresários” da época (alguns estão aí até hoje) chiaram. O tempo passou. Veio uma tal de “revolução redentora” (o golpe de 1964), que entregou a CTU a um militar que iniciou a decadência da empresa. Até que um feio dia, a PCR vendeu-a a uma empresa paulista, que se comprometeu a manter os ônibus elétricos, recuperar os cabos aéreos deteriorados e substituir os subtraídos. Nada disso foi feito. Fecharam os olhos ao roubo dos cabos que restavam e temos aí esse transporte público vergonhoso.
O metrô começou muito bem, com limpeza impecável e pontualidade. Foi se deteriorando ao longo dos anos e hoje tem arrastão, ambulantes e depredações. Além de um metrô de boa qualidade, bondes, ônibus elétricos e outros bons tipos de transporte público existem até hoje em capitais europeias. E ninguém pensa em acabar com eles. Por que não no Brasil? É bom lembrar que o Brasil acabou até com as ferrovias.
Tampouco funcionam outros serviços, como as teles, TV fechada. A “privataria tucana” (leiam o livro que tem este título) veio garantindo que tudo iria melhorar. Hoje as teles são campeãs em maus serviços e reclamações dos usuários, e também na cobrança de tarifas escorchantes. Agência reguladora? Só para aumentar tarifas. Os canais fechados, por cabo, que, em países mais organizados, cobram preços decentes e prestam excelentes serviços, aqui impõem o que querem em matéria de conteúdo e preços. Por falar em concessões e “privataria”, a Celpe, sob o comando dos visigodos, continua a matar gente eletrocutada e promover apagões. Eu me queixava da situação em Aldeia. Agora os apagões são generalizados. E teve um governo que vendeu a Celpe para restaurar uma estrada federal. Pode? A estrada já está sucateada e o Estado não foi ressarcido. E ninguém é responsável por nada.

quinta-feira, 9 de julho de 2015

FRANCISCO DE ROMA E A ECOLOGIA INTEGRAL, TAMBÉM TEOLÓGICA



Francisco de Roma, o papa que redescobriu Jesus Cristo e o Evangelho, está novamente na América do Sul, desta vez visitando o Equador, a Bolívia e o Paraguai, dos mais pobres países desta banda das Américas. Não é tanto essa viagem missionária que desejo ressaltar hoje, mas o que ele ensinou, na recente encíclica Laudato si’, sobre uma visão integral e inclusive teológica da ecologia. O título da carta, que ele dirigiu ao mundo inteiro, não apenas aos cristãos, foi tirado de um poema do outro Francisco, seu modelo, o de Assis, em louvor à natureza. Na visão certeira do bispo de Roma, é insuficiente lutar só pela salvação de biomas, de animais em extinção, contra as causas do aquecimento global, se, ao mesmo tempo, não brigarmos pelo respeito à casa comum que é a nossa Terra, o universo, pela restauração e conservação de sua integridade
Outro aspecto primordial a assinalar na carta de Francisco é o dedo do ecoteólogo (ecologista e teólogo) brasileiro Leonardo Boff e as bandeiras empunhadas, nesta América pobre, pela Teologia da Libertação (TL), tão cristãmente visionária e tão maltratada pelos papas Wojtyla e Ratzinger. Na visão teológica da TL, os mais atingidos pelas agressões à arrumação ecológica (do grego oikos = casa) que a natureza nos deu são justamente os mais pobres, privados de água potável, saneamento básico, habitações decentes, alimentos bons e baratos.
A rica Europa dos papas mais recentes, antecessores do pastor argentino, além de não se preocupar com a pobreza, miséria mesmo, de tanta gente da América do Sul, arranjou uma maneira autoritária de impedir que teólogos identificados com nossos índios, caboclos, pobres em geral pudessem defender e pregar suas posições. Leonardo Boff, por exemplo, foi duramente coibido pelo papa Ratzinger, quando este ainda era cardeal e reinava na Congregação para a Doutrina da Fé (que lembra Santo Ofício, Inquisição et caterva), enquanto se preparava para se impor como o próximo papa no ocaso do papa polonês.
A consequência desse eurocentrismo e da visão romano-imperial que predominava entre os papas antes de Francisco é a tolerância a respeito do desflorestamento sem peias, do agronegócio brasileiro vesgo e incapaz de alimentar as massas, da transformação de rios e mares em lixeira e esgoto a céu aberto e, sobretudo na transformação de nosso pobre país no melhor mercado do mundo para transgênicos (ainda mal pesquisados em seus lados negativos) e agrotóxicos. Que venham doenças e mortes, desde que as multinacionais lucrem e prosperem...
É a hora de dar um firme sacolejo em nosso cristianismo tão formal (batizar as crianças, ir à missa de vez em quando, fazer uma opção preferencial pelos ricos e os que mandam no pedaço), enquanto nem sequer se abre o Evangelho, o livro dos Atos dos Apóstolos, para saber o que Cristo pregou, como viviam as primeiras comunidades de seus discípulos, como vivem e agem os santos de todos os tempos, não aqueles canonizados apesar de vida nada recomendável, mas os santos autênticos, como Francisco de Assis, João Bosco, Vicente de Paulo e tantos outros.

sexta-feira, 3 de julho de 2015

COMO FAZER DIFERENTE E MELHOR MESMO. E A EDUCAÇÃO?

Tenho tido dificuldade em postar novas conversas e memórias devido à “privataria tucana” (leiam o livro). A provedora de internet que temos aqui em meu esconderijo aldeense nos fornece uma banda fio-dental, em vez de banda larga, e frequentemente sai do ar. Fica tudo por isso mesmo e a despesa é a mesma. Cadê as agências reguladoras?
Mas não posso deixar de papear ao menos um pouco. E vai aí também mais um capítulo de “Viver é muito perigoso”. A estação das chuvas aqui no litoral pernambucano demorou, mas chegou com tudo. Queda de barreiras, soterramento de casas com mortes, avenidas e ruas virando mar. E a PCR garantindo, em publicidade, que está “fazendo diferente, fazendo melhor”. É claro que não podemos por toda a culpa nas costas da PCR; mas ela tem a obrigação de acabar com construções em locais de risco e providenciar casas para as vítimas em potencial, ou de fato, das intempéries. E também de implantar um eficaz sistema de drenagem.

O mais importante, contudo, é educar as pessoas para que não joguem lixo nas vias públicas, entupindo rios e canais, nem canalizem esgotos para encostas (que provavelmente vão ceder e cair sobre os vizinhos mais embaixo). Infelizmente, nossas autoridades ainda estão muito longe de dar à educação a importância que merece. Escolas são assaltadas todo dia. Material didático e computadores mofam até ficar imprestáveis. Os professores não têm salário digno. E frequentemente, como ocorreu em Curitiba e São Paulo, são tratados como bandidos e caçados na rua quando fazem manifestações.