segunda-feira, 24 de agosto de 2015

TERRORISTAS CONTRA O TERRORISMO? A CURA ESTÁ NA ECOLOGIA INTEGRAL



Vou passando uns lembretes logo de início, pra não esquecer. Quinta-feira próxima às 19h, na igreja das Fronteiras, missa comemorativa pelos 16 anos de partida de Dom Helder para a vida eterna. No convite distribuído pelo Instituto Dom Helder Câmara (IDHeC), um pensamento do nosso saudoso arcebispo: “A eternidade seria inaceitável, seria inconcebível, se tendo-nos conhecido, amado e respeitado nesta Terra, nós não os pudéssemos conhecer, amar e respeitar em outra morada, o céu infinito”.
Desde o domingo passado, entrou no éter o blogue oficial do IDHeC, cujo objetivo é fornecer informações sobre a vida e a obra de Dom Helder, propondo-se ser fonte de consulta para quem quer beber em sua vida e ensinamentos. Ali podem ser encontrados poemas, textos e frases dele, fotos, vídeos, áudios do seu programa “Um olhar sobre a cidade” e livros pulicados. Vamos conferir. O blogue foi criado e é produzido pela experiente jornalista Rejane Menezes e pode ser acessado em www.institutodomhelder.blogspot.com.
Outro lembrete. Amanhã, a partir das 10h, o jurista e professor Sílvio Neves Baptista será homenageado pelos seus 50 anos de magistério na Unicap. A homenagem é promovida pela universidade, através do Centro de Ciências Jurídicas. Após a solenidade no Auditório G-1, se abrirá uma exposição sobre a vida do homenageado na sala de multiuso G-102, às 11h, seguida, às 11h30, por lançamento do livro do professor homenageado A nova lei da guarda compartilhada, no Salão Receptivo.
Inspiro-me hoje em considerações publicadas por Eduardo Hoornaert n’O Porta-Voz. Fazia tempo que ele não aparecia nesse jornal virtual em que eu também colaboro mensalmente e estava fazendo falta. Professor aposentado de história da Igreja, ele é membro da Comissão de Estudos de História da Igreja na América Latina (Cehila) e está estudando as origens da Igreja, lá nos primeiros séculos depois de Cristo. Nasceu numa linda cidade da Bélgica, Bruges.
Ele pergunta se matar inocentes no Afeganistão e em outras partes do mundo, o que é feito constantemente por tropas estadunidenses ou por seus drones, é ou não terrorismo. E prossegue: “Matar inocentes no Afeganistão, isso não é terrorismo? Não, ninguém diz isso. Matar inocentes no Afeganistão é combater o terrorismo, assim como apoiar golpes militares na América Latina nos anos 1960-70 era combater o comunismo”.
A seguir, o professor chama atenção para o bombardeio diário de imagens e mensagens que sofremos de uma mídia monopolística e reacionária, quase toda a serviço daqueles terroristas contra o terrorismo. Quem tem uma cabeça consciente e crítica reflete, pesquisa e tira suas próprias conclusões. O risco é “perder a cabeça” não processando conscientemente a maré de imagens e palavras despejadas sobre nós incessantemente. O dique contra essa maré “é nossa inteligência. Se não preservarmos nossa inteligência independente, corremos o perigo de virar um rebanho empurrado por um louco”.
Acrescento uma reflexão minha. Tudo isso nos remete ao conceito criado pelo papa Francisco de Roma de “ecologia integral”. A ecologia integral não se limita a lutar pela preservação do meio ambiente, da natureza, contra as causas do aquecimento global. Para Francisco, a ecologia não admite exploração do homem pelo homem, pobreza extrema, fome, genocídio, guerras, tudo aquilo que fundamenta uma civilização que não soube ouvir ou entender a mensagem de Jesus Cristo nem as de outros que pregaram a justiça, a paz, o amor entre todos.

segunda-feira, 17 de agosto de 2015

DE IMPEACHMENT, MARCHAS DE RICOS, GOLPES, VIVANDEIRAS



Gente amiga, as marchas contra o governo, pelo impeachment da presidente Dilma e até para incitar os militares a um novo golpe não tiveram a magnitude esperada por seus promotores. O que se deve a uma pequena recuperação do diálogo da mandatária com os movimentos sociais e com políticos em geral. O apelo a um novo golpe é até compreensível, pois sempre que há uma crise ou apenas problemas mais graves aqui em Pindorama, a primeira lembrança que ocorre a nossos tão insignes homens públicos é uma quebra de regras ou mesmo um golpe. A Independência foi um golpe tramado por dom Pedro e seu pai dom João 6º para que o país não seguisse o exemplo dos Estados Unidos e de outras colônias das Américas e continuasse servindo a interesses portugueses. Uma independência da colônia brasileira proclamada por um príncipe português parece mais uma piada de mau gosto.
A coroação de dom Pedro 2º deveu se a outro golpe, o da maioridade. E lá vêm os militares positivistas com sua República, sua ordem, seu progresso. Tome-lhe outro golpe. Segue-se o golpe do sanguinário Floriano contra a Constituinte. E vem o golpe de Getúlio em 1937 (A Revolução de 1930 não foi golpe, foi revolução mesmo), sob o pretexto de combater o comunismo e o fascismo integralista. Em 1945, golpe dos generais fascistoides Dutra e Góis Monteiro contra Getúlio, que havia acumulado divisas, durante a 2ª Guerra Mundial, para criar a Petrobras e impulsionar o desenvolvimento do país (divisas torradas a seguir na importação de sucata de guerra, passas da Califórnia, cigarros made in USA e coisas do gênero). Desfaçatez dos generais golpistas: Dutra e Góis Monteiro alegaram que o Brasil havia lutado na Itália pela democracia e não podia tolerar o prosseguimento do Estado Novo (regime de Getúlio na época) nem por mais alguns meses. Eleições já estavam marcadas. Dutra e Góis Monteiro lutaram para que o Brasil ficasse, na guerra, ao lado do Eixo nazi-fascista.
Querem mais? Tentativa de impeachment ou simples derrubada de Getúlio, eleito constitucionalmente em 1950 e levado ao suicídio. E a tentativa de golpe para não empossar JK em 1955, incrivelmente derrotada pelo Marechal Teixeira Lott, um militar nacionalista, botando pra correr (ou melhor, navegar em fuga do Rio) os golpistas Carlos Lacerda e Carlos Luz. Em 1961, tentativa de golpe de Jânio Quadros, que fora eleito democraticamente. Não deu certo e o Congresso rapidamente aceitou sua fajuta carta de renúncia (queria voltar como ditador nos braços do povo ...). Mais um ensaio de golpe contra a posse de Jango Goulart, vice de Jânio. Golpe que se consumaria três anos depois, em 1964, que implantou uma ditadura de 21 anos.
Essa turma que está pedindo os militares de volta é descendente daqueles que se deram bem de 1964 a 1985, com a prorrogação de Zé Sarney (outro golpe: ele não poderia tomar posse, pois Tancredo Neves não havia sido empossado); fizeram questão de cursar a Escola Superior de Guerra (ainda existe?); se locupletaram e (com perdão da palavra) puxaram o saco dos fardados à exaustão. Um dos ditadores, Ernesto Geisel, mesmo com (perdão) o saco bem repuxado, comparou os sabujos dos militares a vivandeiras, aquelas mulheres que acompanhavam militares em movimento para lavar roupa etc., etc. Bem feito!
A casa-grande não pode viver por aqui sem a senzala. Como, nos últimos anos, a sorte dos desvalidos melhorou muito, os senhores descendentes dos capitães hereditários e dos colonos que prosperaram com a cana de açúcar, o café (nem todos, mas muitos), quais vivandeiras, querem um novo golpe.

segunda-feira, 10 de agosto de 2015

SETENTA ANOS DO TERRORISMO ESTADUNIDENSE EM HIROSHIMA E NAGASAKI



Há poucos dias, na quinta passada, o Japão e representantes de muitos outros países lembraram, em Hiroshima, os 70 anos do lançamento da primeira bomba atômica sobre essa cidade japonesa, que não era um alvo militar. O país já estava liquidado belicamente. Tóquio arrasada. Não havia retorno. A Alemanha liquidada. Mais de 200 mil civis morreram ou ficaram gravemente contaminados por radiação em Hiroshima e Nagasaki, onde foi lançada a segunda bomba atômica três dias após (6 e 9 de agosto de 1945). E o governo dos Estados Unidos ainda afirma que combate o terrorismo. A não ser o praticado sob suas.ordens, claro. É como no caso da democracia, que tanto afirmam praticar e propagar. A história desse país inclui uma sucessão de avanços sobre território do México e de intervenções manu militari, inicialmente na América Central e Caribe, e logo em toda a América do Sul, onde incentivou e armou golpes e quarteladas, ou fez intervenções diretas para derrubar governos que não lhes agradavam e proteger a exploração local de empresas estadunidenses. Logo apoiavam os ditadores nascidos dessas intervenções, para eles “ditadores do bem”.
Acrescente-se o terrorismo do uso de napalm no Vietnam, do fornecimento de armas químicas a Saddam Hussein, para que esse ditador, que depois se tornaria inimigo deles, combatesse curdos e iranianos. Aliás, as intervenções ocidentais no Oriente Médio, desde as Cruzadas, são responsáveis pela atual situação de descontrole, com um califado islâmico insano, apelidado de Estado Islâmico, responsável por milhares de mortes e um êxodo de desterrados que a Europa não quer receber. O colonialismo eles achavam ótimo, ir lá, ocupar países, oprimir povos inteiros, explorar riquezas; mas receber árabes e negros em terras de brancos é outra coisa.
O pior de tudo é que a paz é impossível, pois desmontaria a indústria bélica, um dos pilares da economia dos países ricos. Os grandes vencedores da 2ª Guerra Mundial só aguentaram cinco anos de paz. Em 1950, já estavam a postos na Coreia, então para combater o comunismo (que os ajudara muito a ganhar a guerra). Depois no Vietnam, que já botara os franceses pra correr. Foram obrigados, após grande massacre da população local, a sair de lá em desordenada fuga, Golias fugindo de Davi.

quarta-feira, 5 de agosto de 2015

MONTESQUIEU: SEPARAÇÃO DE PODERES SÓ COM HARMONIA

Antes de tudo, mais uma vez desculpem a irregularidade da minha postagem desse blogue. Mas agora mudamos de provedor e, quem sabe, ao menos no início o serviço seja melhor.
Pergunta constante: quando é que serão totalmente instalados os BRTs e se começará a exigir respeito pelas faixas exclusivas de transporte público? Já se passaram mais de 20 anos da implantação de uma faixa exclusiva na Avenida Caxangá, que nunca foi respeitada. Sem punições. Agora se repete tudo com o BRT. Fizeram até uma faixa mais larga no local onde eles param para receber passageiros. Terá sido para facilitar a vida dos carros de apressadinhos que vêm por aquela faixa e podem continuar sem precisar voltar para a faixa dos mortais comuns?
Agora parece que acordaram para a questão e prometem fiscalização eletrônica e multas. Se não doer no bolso, o levar vantagem vai continuar a regra. Quanto aos BRTs, acredito que o importante serviço público ainda continuará deficiente, pois faz parte daquele bolo de obras para a Copa cujas verbas secaram logo, como sói acontecer. O metrô para a Arena Pernambuco também parou na estação Cosme e Damião. Os que gostam de futebol penam quando há jogo naquela distância desprovida de bom transporte; e mesmo quem tem um carro (geralmente “presente de Deus”, como se lê em adesivos) encontra dificuldade para estacionar perto do estádio. Dia de chuva e lama é aquela belezura.
No mais, devemos torcer para que nossos poderes constitucionais voltem a trabalhar harmonicamente, como ensinou Mostesquieu quando teorizou sobre a separação de poderes entre o Executivo, o Legislativo e o Judiciário. Os presidentes da Câmara e do Senado, pelo fato de estarem enrolados na teia de aranha do juiz Moro, não têm o direito de infernizar a vida da presidente da República com o objetivo, por exemplo, de que ela não reconduza o Janot como procurador-geral da República. Eles querem um procurador-geral como o insigne Geraldo Brindeiro, engavetador-geral de Fernando 2º (FHC). Naquela época, se podia privatizar com privataria (leiam o livro A privataria tucana), comprar votos para a reeleição passar no Congresso, gastar fortunas para empurrar a Petrobras para as mãos dos gringos etc. Nada era procurado pelo então procurador. E a Polícia Federal estava manietada.

Gente amiga, parece que terminei o “Viver é muito perigoso” ou quase. Devo voltar, na próxima semana, com um remate. Finalmente: lamento muito a morte do meu sogro, Manoel Ibiapina Leitão. Um cara muito reto e legal, querido por todos que o conheciam. Os netos o adoravam e choraram muito.