terça-feira, 25 de outubro de 2016

REGULAÇÃO DA MÍDIA NEM PENSAR. PARA A GLOBO, É CENSURA, E A GLOBO É O PLIM-PLIM DA DEMOCRACIA...

Atenção, gente, é uma citação. “Fundamentais para a democracia, os jornais estão passando por transformações em todo o mundo. A profusão de notícias em redes sociais já foi uma ameaça. Hoje é exatamente esse fenômeno de massa que garante a relevância dos veículos. Quem quiser sair do mar de informações distorcidas ou simplesmente falsas tem que recorrer ao jornal. Impresso ou online. É o jornalista quem filtra, apura, aprofunda e decodifica tudo para o leitor”. É o resumo de entrevista com o novo presidente da Associação Nacional de Jornais (ANJ), Marcelo Rech, publicada no Jornal do Commercio de quinta-feira passada.
Que bom que assim fosse. Mas não é. Aí pelo mundo, há jornais que informam com bastante isenção e expõem suas próprias opiniões, não como verdades absolutas, mas como aquilo que acham os donos do jornal. Podemos citar o The New York Times, o Washington Post, o The Guardian, o Le Monde, o El Pais, o La Repubblica, entre outros.
Além disso, todo país civilizado faz regulação da mídia. Aqui isso é vetado pela Rede Globo (o grande pilar do poder no Brasil) e apresentado ao público como censura. Ora, censura braba é a que fazem os assim chamados barões da mídia, um oligopólio de poucas famílias neste país tropical. O que caracteriza a nossa grande mídia, capitaneada pelos grupos Globo, Folha, Estadão, é a venda de suas posições políticas, econômicas etc. como verdade absoluta, a manipulação e distorção de informações, a sonegação de informações (são famosos os casos da Globo na campanha da Diretas-Já; aliás esse grupo quase toma a vitória de Brizola para o governo do Rio, manipulando dados das eleições). O golpe do impedimento, por exemplo, é obra prima dessa vergonhosa falta de ética.
É interessante notar a sanha do entrevistado contra as redes sociais e blogs independentes. É claro que há muito lixo nas redes sociais, com as mesmas distorções da grande imprensa, ofensas pessoais, vômito de preconceitos, como também em alguns blogs que acolitam o oligopólio da grande mídia. O Sr. Marcelo Rech parece acreditar, ou é forçado a acreditar, que o jornalão brasileiro dá credibilidade às notícias, dá-lhes uma espécie de certificação. Diz que são tais veículos profissionais e seus jornalistas que fazem “uma apuração técnica com independência”. Ele está convencido (ou faz que está) de que “neste mundo, o bem mais escasso é a informação confiável” Qual mundo? O dos blogs e redes sociais sem compromisso com oligopólios midiáticos e com a notícia oficial: “notícia” com carimbo de tal partido, de tal governo, de tais interesses corporativos.
É grotesco ver a defesa da grande mídia por seu novo guardião à frente da ANJ. Lendo-o, a impressão que fica é de que, nessa área, estamos no melhor dos mundos e, lendo diariamente seus jornais, vendo suas TVs e ouvindo seus rádios, o público fica bem e isentamente informado sobre o que se passa pelo mundo e em Pindorama. O golpe do impeachment é exemplar do que é capaz esse oligopólio. A Rede Globo fez uma bombardeio da presidente deposta, uma tal sonegação e distorção de informações que o público televisivo não tinha pra onde correr. Parecia o bombardeio de Londres na 2ª Guerra Mundial. Agora cuida de apresentar uma boa imagem do impostor. O que se revela muito difícil, sobretudo agora com o aguardado e provável destanpatório de outra criatura global, o Eduardo Cunha. Entregue às feras na perda de mandato pelos seus tão comportados coleguinhas e desamparado pelo presidente saído do golpe, ele não vai deixar por menos: para ganhar do inquisidor Moro uma pena menor para si e sua excelentíssima, certamente vai contar muita safadeza e falcatrua de tantos anos de prática da política à brasileira. Interessante notar que, na ditadura de 1964-1985, os generais de plantão no Planalto se autointitulavam “presidentes”. Hoje, os EUA e aliados ricos abandonaram a sedução dos fardados (que ficaram muito desmoralizados coma a longa aventura; além de não haver mais o perigo comunista) e passaram a patrocinar um golpe mais sutil e que tem dado resultados pra eles: organizam cursos e seminários lá em riba e seduzem para a causa deles juízes, procuradores, policiais. Como nossa cultura ainda é de colonizados e escravagistas, os EUA etc. voltam a nos colonizar. Já abiscoitaram uma banda do pré-sal por uma bagatela e se preparam para engolir a Petrobras inteira. Regulação da mídia nem pensar.

PS – Quinta-feira passada, na Livraria da Praça de Casa Forte, Padre Edwaldo Gomes e Vera Ferraz, minha amiga e colega de jornalismo, lançaram a biografia que fizeram dele, a dois, lembrando a trajetória do querido pároco daquela freguesia, Um Padre Nosso. *** Também na quinta, no Clube Alemão, Paulo Caldas lançou mais um livro seu. Desta vez, O círculo amoroso, obra poética. Desde 2012, quando lançou Porto dos amantes (ficção), esse importante escritor pernambucano, que folgo em ter como vizinho em meu esconderijo de Aldeia, estava sem lançar novas obras. Vamos conferir.

terça-feira, 18 de outubro de 2016

INTERESSES ESTRANGEIROS E OS DOS HERDEIROS DAS CAPITANIAS

Tá danado. Se não houver uma reação democrática, o golpe vai desmontar o país. A assim dita Operação Lava Jato, por exemplo, um dos braços fortes do golpe, está destruindo as grandes empresas que têm know-how para desenvolver a infraestrutura, nossa e lá fora. Ao contrário do que se faz nos Estados Unidos e outros países desenvolvidos, o Grande Inquisidor Moro não pune somente os donos dessas empresas, mas as proíbe de continuar a fazer negócios com o governo. Ótimo para suas concorrentes estrangeiras. Nada contra a punição de quem delinquiu, desde que dentro dos trâmites legais, sem delações forçadas em troca de menores penas. O Torquemada dos pobres primeiro prende para depois apurar. Às vezes até apura alguma coisa, ao contrário de seu modelo da Santa Inquisição. Quem sabe tenha aprendido isso nos cursos que fez a convite do Departamento de Estado americano. Do novo tipo de golpe engendrado pelo bondoso Tio Sam, para retomar o espaço perdido na América Latina, não faz parte a sedução das casernas através de cursos no War College. Agora seduzem juízes, procuradores, policiais.
Impõe-se uma reação. No site do meu amigo Tadeu Colares, ele transcreve a receita de Paulo Henrique Amorim (PHA) que lidera o blog Conversa Afiada. PHA já trabalhou na excelente revista Realidade, do tempo em que a Editora Abril era uma linda e frondosa árvore, Manchete, Rede Globo. Atualmente apresenta o programa Domingo Espetacular, da Rede Record, aos domingos. Para ele, a entrega do Pré-sal já consolidada, falta prender Lula e por novamente um tucano na Presidência. Fernando 2º (FHC) já está todo assanhado, se reunindo com o presidente golpista, acolitado por Gilmar Mendes (STF). Aquele que começou a desmontar o patrimônio do país, mas não teve tempo de concluir a obra, nem comprando um segundo mandato, está escancarando sua alma de golpista e aproveitador.
PHA propõe uma frente ampla para combater o golpe, que vá do centro à esquerda. O jornalista Mino Carta, diretor da Redação da revista Carta Capital, uma das pouquíssimas que escapam à mesmice e ao golpismo convicto do que ele chama de “mídia nativa”, pede emprestada a Gilberto Freyre a divisão do nosso país em Casa-Grande e Senzala. Os inimigos do desenvolvimento autônomo do Brasil são os interesses empresariais estadunidenses, do mundo desenvolvido (sobretudo a finança hegemônica), antibrasileiros, e os daqueles que constituem a Casa-Grande. E quem são estes últimos? Respondo eu: os herdeiros das capitanias hereditárias, sesmarias e outras maneiras predatórias e colonização, os soi-disants “empresários” rentistas, cuja “produção” se encontra em paraísos fiscais, aqueles que, no governo golpista, pretendem comprometer para sempre a educação e a saúde do brasileiro.
O jornalista PHA lembra a frente ampla que tentou se constituir no auge da ditadura de 1964-1985, aproximando JK, Jango, Lacerda, Miguel Arraes, Brizola. Não progrediu porque a Operação Condor (conluio das ditaduras do Cone Sul) matou os três primeiros. Arraes e Brizola escaparam porque souberam se proteger. Ele sustenta que, com o inevitável agravamento da já dura crise econômica, com o escancaramento de um neoliberalismo tão démodé, cada vez mais o golpe vai doer no bolso dos trabalhadores. E isso pode levar a um amplo espectro político que conduza à reeleição de Lula em 2018: “O próximo presidente da República será Lula ou quem ele indicar”.

Mas PHA adverte que todo esse raciocínio pode não dar certo, se a Casa-Grande descobrir “ que o Temer não vai entregar a mercadoria”, isto é, rasgar a CLT. Aí a Casa-Grande pode dizer a Gilmar Mendes para condenar Temer na Justiça Eleitoral. E então o Congresso elegeria indiretamente um Fernando 2º ou similar. Sai de baixo! Como eu dizia há umas duas semanas, no Jornal do Commercio, “Corre que o mundo vem abaixo”.

quarta-feira, 12 de outubro de 2016

O ESTADO LAICO ESTÁ A PERIGO NA TRANSFORMAÇÃO DE IGREJAS EM PARTIDOS, DE PASTORES EM DEPUTADOS, PREFEITOS ETC.

Apesar de o nosso país ser, desde a República, um Estado laico, a mistura e confusão entre religião e política recrudesceu nos últimos tempos de seitas tipo caça-níquel, que se dizem “evangélicas” mas se afastam do Evangelho de Jesus Cristo). Tinha havido uma lenta melhora desde o fim do padroado, quando as nomeações de bispos passavam pelo imperador. Os protestantes passaram a ter melhor tratamento, quebrando a segregação em que viviam, sobretudo nos rincões de um país forjado naquilo que Camões assim versejava: “A fé e o império andaram dilatando”. E quem assim fez? Ordens religiosas apoiadas por governadores gerais, latifundiários das sesmarias e capitanias hereditárias, todos tão cristãmente prosperando às custas do trabalho de escravos africanos.
A Igreja Romana tentou ainda, durante muito tempo, preservar seus direitos adquiridos, impor uma política que seus líderes consideravam de inspiração cristã, embora apoiassem candidatos que, apesar de distantes de uma orientação realmente cristã, batiam no peito, iam a missas, acompanhavam procissões. Até a redemocratização de 1945, ainda havia uma tal de Liga Eleitoral Católica (LEC), que jogava água benta em candidatos supostamente fiéis ao Evangelho, embora, por exemplo, deixassem suas excelentíssimas esposas na província e frequentassem assiduamente a então famosa Rua Alice (na descida de Santa Tereza para o Cosme Velho), uma espécie de anexo do Congresso Nacional.
Com a modernização e arejamento da Igreja Romana, a criação da Conferência Nacional dos Bispos do Brasil (CNBB), o aumento da convicção de que o regime do Estado laico é benéfico à Igreja, essas excrescências foram sendo deixadas de lado. Com o aumento da politização e conscientização do eleitorado, logo barradas pelo golpe de 1964, o atento e bondoso Tio Sam passou a incrementar a vinda para cá de vertentes protestantes capazes de conter a conscientização do povo mais simples. Pouco depois, nem foi preciso mais importar “profetas” estadunidenses. Começaram a surgir e prosperar igrejas que se dizem evangélicas e cuja principal crença é o dízimo. Elas abandonaram o tradicional termo “protestante”, que lembra Lutero e seu protesto contra os abusos papais e domínio político na Idade Média, contra a confusão entre política e religião. Criaram a Teologia da Prosperidade, em contraposição à Teologia da Libertação nascida entre os mais pobres da América Latina (e tão malvista pelos papas que antecederam Francisco).
O Tio Sam evidentemente saiu ganhando, pois conseguiu brecar aquela conscientização referida acima, não só com 21 anos de ditadura, mas com o lindo e mavioso Congresso que temos hoje, capaz de destituir uma presidente eleita para por no lugar dela um reles aproveitador e golpista, cujo programa de desgoverno vinha sendo rejeitado pelo eleitorado desde 2002: piorar ainda mais educação e saúde, alienar barato o patrimônio público que Fernando 2º não teve tempo de dilapidar, desmontar a TV pública e sepultar a regulação da mídia (que todo país civilizado faz), voltar enfim à dependência em relação aos países ricos.
Entre muitos dos que se dizem evangélicos, o que se vê hoje é a mais desbragada negação do Evangelho e a volta da simonia, a venda de indulgências, de perdão dos pecados, tudo aquilo que Lutero condenou no papado que saía da Idade Média e esperneava para prosseguir dominando a Igreja e a política dos países que faziam a autoproclamada Europa “cristã”. Nas atuais eleições, abrimos um jornal e vemos que “candidatos ligados ao eleitorado evangélico vêm ganhando casa vez mais destaque no Brasil” (Jornal do Commercio de 9 deste mês). Considera-se que a fragilização e desmoralização dos partidos políticos abriu caminho para o fortalecimento de certas igrejas como se fossem partidos (promovem e financiam seus fiéis), sempre conservadores, quando não à extrema direita. O que ocorre também com muitos candidatos que se proclamam católicos romanos. Há até quem procure, como o professor Edin Sued Abumansur (PUC-SP), ensinar que “a separação entre Igreja e Estado não significa separação entre religião e política”. E onde fica o Estado laico? Na cidade do Rio de Janeiro, outrora o politizado Estado da Guanabara, cassado pelo general-presidente Geisel, está para ser eleito um autonomeado bispo chamado Crivella, cria da igreja fundada por outro autonomeado bispo, Edir Macedo.

O que fazer? Apelar para uma reação desse Congresso que aí está, para que faça cumprir a Constituição no que se refere ao Estado laico? Seria perder tempo. Resta-nos aguardar um governo constitucional, uma Constituinte exclusiva (única maneira de se conseguir uma reforma política, mãe de todas as reformas), uma eleição limpa para um novo Congresso.

terça-feira, 4 de outubro de 2016

OS VENDILHÕES DO TEMPLO PINDORAMA. VOLTA A PRIVATARIA TUCANA. SATANÁS SOLTO

Fui votar triste. Lembrei que, da última vez, havia contribuído para reeleger a presidente Dilma Roussef, não pelos méritos dela, mas pela falta de alternativa válida. Por um lado, Dilma vendeu uma coisa e entregou outra, copiando programa dos adversários. Por outro lado, a Casa-Grande, pê da vida com os poucos avanços que a Senzala havia alcançado nos governos de Lula e Dilma, embarcou na nau do golpe desde o início do novo mandato da petista. Vale a pena votar assim, para ver seu voto escamoteado por golpistas? Recolho a tristeza e voto pela volta de João Paulo à PCR. Foi um excelente prefeito e não tem nenhum compromisso em perpetuar o mito forjado em torno de Eduardo Campos.
Um gaiato postou por aí que Satanás está solto em São Paulo: Temer, o beato Alckmin e Dória. Dose pra um zoo inteiro de leões. Xô Satanai! Enquanto isso, em dimensão de Brasil, o governo oriundo do golpe, evidentemente ilegítimo, prossegue aplicando seu programa de vendilhão do templo Pindorama. Enquanto Serra, “diplomata” da escola de macaco em loja de louça, já está cansando, de tanta gafe, os responsáveis por incrementar o golpe, Meirelles e aliados prosseguem com o leilão do Brasil. Lances baixos para não espantar o capital externo, exatamente de acordo com a escola da “privataria tucana”.
Em um hotel de Manhattan, falando a endinheirados, de portas fechadas, o intruso confessou que a deposição de Dilma não foi por suposto crime de responsabilidade. A petista, segundo ele, se negou a seguir o programa proposto pelo PMDB “Ponte para o Futuro”, um pacote de medidas neoliberais: “Como isso não deu certo, não houve adoção [do pacote], instaurou-se um processo que culminou agora com a minha efetivação”. Tudo muito claro. Gente fina é outra coisa ..., como se diz por aí.
Fico imaginando como é que essas tais de medidas neoliberais ainda circulam e pedem, ou forçam, passagem. No Brasil, significaram o leilão de substancial parte do patrimônio público, sob a batuta de Fernando 2º (FHC). O grande sociólogo que ninguém lê (é como os romances de Ribamar Sarney, sobre os quais Millôr Fernandes apostava na inexistência de leitores) prometeu que o leilão atrairia capitais de fora. Ninguém viu. Foi quase tudo financiado pelo BNDES. Prometeu modernização, vigiada por agências que criou. Essas agências na prática só servem para homologar aumentos de tarifas; e assim continuaram nos governos petistas, que, ao menos, não prosseguiram na sangria do patrimônio público. Se Fernando 2º, que ganhou um mandato popular e comprou a reeleição, agiu do jeito que agiu, que dirá o atual mandante, golpista de carteirinha.

Difícil sair dessa encrenca, criada por quem não acredita na democracia, no interesse público, na alternância de poder através dos meios estabelecidos na Constituição; por quem não aceita que a Senzala vire ao menos um conjunto habitacional popular decente. A Justiça não está cumprindo sua função, pois faz uma seleção entre aqueles que deve julgar: clava forte contra o PT e similares; panos quentes nos casos de notórios inimigos da lei, como Aécio, Renan Calheiros etc, defensores da Casa Grande e da escravidão. O caso mais notório é a graça concedida aos responsáveis pelo massacre do Carandiru, em São Paulo. Importante parte dos organismos policiais também capricha em perseguir apenas quem peca contra a Casa Grande. Valha-nos Nossa Senhora do Ó!