terça-feira, 18 de outubro de 2016

INTERESSES ESTRANGEIROS E OS DOS HERDEIROS DAS CAPITANIAS

Tá danado. Se não houver uma reação democrática, o golpe vai desmontar o país. A assim dita Operação Lava Jato, por exemplo, um dos braços fortes do golpe, está destruindo as grandes empresas que têm know-how para desenvolver a infraestrutura, nossa e lá fora. Ao contrário do que se faz nos Estados Unidos e outros países desenvolvidos, o Grande Inquisidor Moro não pune somente os donos dessas empresas, mas as proíbe de continuar a fazer negócios com o governo. Ótimo para suas concorrentes estrangeiras. Nada contra a punição de quem delinquiu, desde que dentro dos trâmites legais, sem delações forçadas em troca de menores penas. O Torquemada dos pobres primeiro prende para depois apurar. Às vezes até apura alguma coisa, ao contrário de seu modelo da Santa Inquisição. Quem sabe tenha aprendido isso nos cursos que fez a convite do Departamento de Estado americano. Do novo tipo de golpe engendrado pelo bondoso Tio Sam, para retomar o espaço perdido na América Latina, não faz parte a sedução das casernas através de cursos no War College. Agora seduzem juízes, procuradores, policiais.
Impõe-se uma reação. No site do meu amigo Tadeu Colares, ele transcreve a receita de Paulo Henrique Amorim (PHA) que lidera o blog Conversa Afiada. PHA já trabalhou na excelente revista Realidade, do tempo em que a Editora Abril era uma linda e frondosa árvore, Manchete, Rede Globo. Atualmente apresenta o programa Domingo Espetacular, da Rede Record, aos domingos. Para ele, a entrega do Pré-sal já consolidada, falta prender Lula e por novamente um tucano na Presidência. Fernando 2º (FHC) já está todo assanhado, se reunindo com o presidente golpista, acolitado por Gilmar Mendes (STF). Aquele que começou a desmontar o patrimônio do país, mas não teve tempo de concluir a obra, nem comprando um segundo mandato, está escancarando sua alma de golpista e aproveitador.
PHA propõe uma frente ampla para combater o golpe, que vá do centro à esquerda. O jornalista Mino Carta, diretor da Redação da revista Carta Capital, uma das pouquíssimas que escapam à mesmice e ao golpismo convicto do que ele chama de “mídia nativa”, pede emprestada a Gilberto Freyre a divisão do nosso país em Casa-Grande e Senzala. Os inimigos do desenvolvimento autônomo do Brasil são os interesses empresariais estadunidenses, do mundo desenvolvido (sobretudo a finança hegemônica), antibrasileiros, e os daqueles que constituem a Casa-Grande. E quem são estes últimos? Respondo eu: os herdeiros das capitanias hereditárias, sesmarias e outras maneiras predatórias e colonização, os soi-disants “empresários” rentistas, cuja “produção” se encontra em paraísos fiscais, aqueles que, no governo golpista, pretendem comprometer para sempre a educação e a saúde do brasileiro.
O jornalista PHA lembra a frente ampla que tentou se constituir no auge da ditadura de 1964-1985, aproximando JK, Jango, Lacerda, Miguel Arraes, Brizola. Não progrediu porque a Operação Condor (conluio das ditaduras do Cone Sul) matou os três primeiros. Arraes e Brizola escaparam porque souberam se proteger. Ele sustenta que, com o inevitável agravamento da já dura crise econômica, com o escancaramento de um neoliberalismo tão démodé, cada vez mais o golpe vai doer no bolso dos trabalhadores. E isso pode levar a um amplo espectro político que conduza à reeleição de Lula em 2018: “O próximo presidente da República será Lula ou quem ele indicar”.

Mas PHA adverte que todo esse raciocínio pode não dar certo, se a Casa-Grande descobrir “ que o Temer não vai entregar a mercadoria”, isto é, rasgar a CLT. Aí a Casa-Grande pode dizer a Gilmar Mendes para condenar Temer na Justiça Eleitoral. E então o Congresso elegeria indiretamente um Fernando 2º ou similar. Sai de baixo! Como eu dizia há umas duas semanas, no Jornal do Commercio, “Corre que o mundo vem abaixo”.

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