Tá danado. Se não houver uma reação
democrática, o golpe vai desmontar o país. A assim dita Operação Lava Jato, por
exemplo, um dos braços fortes do golpe, está destruindo as grandes empresas que
têm know-how para desenvolver a infraestrutura, nossa e lá fora. Ao contrário
do que se faz nos Estados Unidos e outros países desenvolvidos, o Grande
Inquisidor Moro não pune somente os donos dessas empresas, mas as proíbe de
continuar a fazer negócios com o governo. Ótimo para suas concorrentes
estrangeiras. Nada contra a punição de quem delinquiu, desde que dentro dos
trâmites legais, sem delações forçadas em troca de menores penas. O Torquemada
dos pobres primeiro prende para depois apurar. Às vezes até apura alguma coisa,
ao contrário de seu modelo da Santa Inquisição. Quem sabe tenha aprendido isso
nos cursos que fez a convite do Departamento de Estado americano. Do novo tipo
de golpe engendrado pelo bondoso Tio Sam, para retomar o espaço perdido na
América Latina, não faz parte a sedução das casernas através de cursos no War
College. Agora seduzem juízes, procuradores, policiais.
Impõe-se uma reação. No site do meu amigo
Tadeu Colares, ele transcreve a receita de Paulo Henrique Amorim (PHA) que
lidera o blog Conversa Afiada. PHA já trabalhou na excelente revista Realidade, do tempo em que a Editora
Abril era uma linda e frondosa árvore, Manchete,
Rede Globo. Atualmente apresenta o programa Domingo Espetacular, da Rede
Record, aos domingos. Para ele, a entrega do Pré-sal já consolidada, falta
prender Lula e por novamente um tucano na Presidência. Fernando 2º (FHC) já
está todo assanhado, se reunindo com o presidente golpista, acolitado por
Gilmar Mendes (STF). Aquele que começou a desmontar o patrimônio do país, mas
não teve tempo de concluir a obra, nem comprando um segundo mandato, está
escancarando sua alma de golpista e aproveitador.
PHA propõe uma frente ampla para combater o
golpe, que vá do centro à esquerda. O jornalista Mino Carta, diretor da Redação
da revista Carta Capital, uma das
pouquíssimas que escapam à mesmice e ao golpismo convicto do que ele chama de
“mídia nativa”, pede emprestada a Gilberto Freyre a divisão do nosso país em
Casa-Grande e Senzala. Os inimigos do desenvolvimento autônomo do Brasil são os
interesses empresariais estadunidenses, do mundo desenvolvido (sobretudo a
finança hegemônica), antibrasileiros, e os daqueles que constituem a
Casa-Grande. E quem são estes últimos? Respondo eu: os herdeiros das capitanias
hereditárias, sesmarias e outras maneiras predatórias e colonização, os
soi-disants “empresários” rentistas, cuja “produção” se encontra em paraísos
fiscais, aqueles que, no governo golpista, pretendem comprometer para sempre a
educação e a saúde do brasileiro.
O jornalista PHA lembra a frente ampla que
tentou se constituir no auge da ditadura de 1964-1985, aproximando JK, Jango,
Lacerda, Miguel Arraes, Brizola. Não progrediu porque a Operação Condor
(conluio das ditaduras do Cone Sul) matou os três primeiros. Arraes e Brizola
escaparam porque souberam se proteger. Ele sustenta que, com o inevitável
agravamento da já dura crise econômica, com o escancaramento de um
neoliberalismo tão démodé, cada vez mais o golpe vai doer no bolso dos
trabalhadores. E isso pode levar a um amplo espectro político que conduza à
reeleição de Lula em 2018: “O próximo presidente da República será Lula ou quem
ele indicar”.
Mas PHA adverte que todo esse raciocínio pode
não dar certo, se a Casa-Grande descobrir “ que o Temer não vai entregar a
mercadoria”, isto é, rasgar a CLT. Aí a Casa-Grande pode dizer a Gilmar Mendes
para condenar Temer na Justiça Eleitoral. E então o Congresso elegeria indiretamente
um Fernando 2º ou similar. Sai de baixo! Como eu dizia há umas duas semanas, no
Jornal do Commercio, “Corre que o
mundo vem abaixo”.
Nenhum comentário:
Postar um comentário