Fui votar triste. Lembrei que, da última vez,
havia contribuído para reeleger a presidente Dilma Roussef, não pelos méritos
dela, mas pela falta de alternativa válida. Por um lado, Dilma vendeu uma coisa
e entregou outra, copiando programa dos adversários. Por outro lado, a
Casa-Grande, pê da vida com os poucos avanços que a Senzala havia alcançado nos
governos de Lula e Dilma, embarcou na nau do golpe desde o início do novo mandato
da petista. Vale a pena votar assim, para ver seu voto escamoteado por
golpistas? Recolho a tristeza e voto pela volta de João Paulo à PCR. Foi um
excelente prefeito e não tem nenhum compromisso em perpetuar o mito forjado em
torno de Eduardo Campos.
Um gaiato postou por aí que Satanás está
solto em São Paulo: Temer, o beato Alckmin e Dória. Dose pra um zoo inteiro de
leões. Xô Satanai! Enquanto isso, em dimensão de Brasil, o governo oriundo do
golpe, evidentemente ilegítimo, prossegue aplicando seu programa de vendilhão
do templo Pindorama. Enquanto Serra, “diplomata” da escola de macaco em loja de
louça, já está cansando, de tanta gafe, os responsáveis por incrementar o golpe,
Meirelles e aliados prosseguem com o leilão do Brasil. Lances baixos para não
espantar o capital externo, exatamente de acordo com a escola da “privataria
tucana”.
Em um hotel de Manhattan, falando a endinheirados,
de portas fechadas, o intruso confessou que a deposição de Dilma não foi por
suposto crime de responsabilidade. A petista, segundo ele, se negou a seguir o
programa proposto pelo PMDB “Ponte para o Futuro”, um pacote de medidas
neoliberais: “Como isso não deu certo, não houve adoção [do pacote],
instaurou-se um processo que culminou agora com a minha efetivação”. Tudo muito
claro. Gente fina é outra coisa ..., como se diz por aí.
Fico imaginando como é que essas tais de
medidas neoliberais ainda circulam e pedem, ou forçam, passagem. No Brasil,
significaram o leilão de substancial parte do patrimônio público, sob a batuta
de Fernando 2º (FHC). O grande sociólogo que ninguém lê (é como os romances de
Ribamar Sarney, sobre os quais Millôr Fernandes apostava na inexistência de leitores)
prometeu que o leilão atrairia capitais de fora. Ninguém viu. Foi quase tudo
financiado pelo BNDES. Prometeu modernização, vigiada por agências que criou.
Essas agências na prática só servem para homologar aumentos de tarifas; e assim
continuaram nos governos petistas, que, ao menos, não prosseguiram na sangria
do patrimônio público. Se Fernando 2º, que ganhou um mandato popular e comprou
a reeleição, agiu do jeito que agiu, que dirá o atual mandante, golpista de carteirinha.
Difícil sair dessa encrenca, criada por quem
não acredita na democracia, no interesse público, na alternância de poder
através dos meios estabelecidos na Constituição; por quem não aceita que a
Senzala vire ao menos um conjunto habitacional popular decente. A Justiça não
está cumprindo sua função, pois faz uma seleção entre aqueles que deve julgar:
clava forte contra o PT e similares; panos quentes nos casos de notórios
inimigos da lei, como Aécio, Renan Calheiros etc, defensores da Casa Grande e
da escravidão. O caso mais notório é a graça concedida aos responsáveis pelo
massacre do Carandiru, em São Paulo. Importante parte dos organismos policiais
também capricha em perseguir apenas quem peca contra a Casa Grande. Valha-nos
Nossa Senhora do Ó!
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