Atenção, gente, é uma citação. “Fundamentais
para a democracia, os jornais estão passando por transformações em todo o
mundo. A profusão de notícias em redes sociais já foi uma ameaça. Hoje é
exatamente esse fenômeno de massa que garante a relevância dos veículos. Quem
quiser sair do mar de informações distorcidas ou simplesmente falsas tem que
recorrer ao jornal. Impresso ou online. É o jornalista quem filtra, apura,
aprofunda e decodifica tudo para o leitor”. É o resumo de entrevista com o novo
presidente da Associação Nacional de Jornais (ANJ), Marcelo Rech, publicada no Jornal do Commercio de quinta-feira
passada.
Que bom que assim fosse. Mas não é. Aí pelo
mundo, há jornais que informam com bastante isenção e expõem suas próprias
opiniões, não como verdades absolutas, mas como aquilo que acham os donos do
jornal. Podemos citar o The New York
Times, o Washington Post, o The Guardian, o Le Monde, o El Pais, o La Repubblica, entre outros.
Além disso, todo país civilizado faz
regulação da mídia. Aqui isso é vetado pela Rede Globo (o grande pilar do poder
no Brasil) e apresentado ao público como censura. Ora, censura braba é a que
fazem os assim chamados barões da mídia, um oligopólio de poucas famílias neste
país tropical. O que caracteriza a nossa grande mídia, capitaneada pelos grupos
Globo, Folha, Estadão, é a venda de suas posições políticas, econômicas etc.
como verdade absoluta, a manipulação e distorção de informações, a sonegação de
informações (são famosos os casos da Globo na campanha da Diretas-Já; aliás
esse grupo quase toma a vitória de Brizola para o governo do Rio, manipulando
dados das eleições). O golpe do impedimento, por exemplo, é obra prima dessa
vergonhosa falta de ética.
É interessante notar a sanha do entrevistado
contra as redes sociais e blogs independentes. É claro que há muito lixo nas
redes sociais, com as mesmas distorções da grande imprensa, ofensas pessoais,
vômito de preconceitos, como também em alguns blogs que acolitam o oligopólio
da grande mídia. O Sr. Marcelo Rech parece acreditar, ou é forçado a acreditar,
que o jornalão brasileiro dá credibilidade às notícias, dá-lhes uma espécie de
certificação. Diz que são tais veículos profissionais e seus jornalistas que
fazem “uma apuração técnica com independência”. Ele está convencido (ou faz que
está) de que “neste mundo, o bem mais escasso é a informação confiável” Qual
mundo? O dos blogs e redes sociais sem compromisso com oligopólios midiáticos e
com a notícia oficial: “notícia” com carimbo de tal partido, de tal governo, de
tais interesses corporativos.
É grotesco ver a defesa da grande mídia por
seu novo guardião à frente da ANJ. Lendo-o, a impressão que fica é de que,
nessa área, estamos no melhor dos mundos e, lendo diariamente seus jornais,
vendo suas TVs e ouvindo seus rádios, o público fica bem e isentamente
informado sobre o que se passa pelo mundo e em Pindorama. O golpe do
impeachment é exemplar do que é capaz esse oligopólio. A Rede Globo fez uma
bombardeio da presidente deposta, uma tal sonegação e distorção de informações
que o público televisivo não tinha pra onde correr. Parecia o bombardeio de
Londres na 2ª Guerra Mundial. Agora cuida de apresentar uma boa imagem do
impostor. O que se revela muito difícil, sobretudo agora com o aguardado e provável
destanpatório de outra criatura global, o Eduardo Cunha. Entregue às feras na
perda de mandato pelos seus tão comportados coleguinhas e desamparado pelo
presidente saído do golpe, ele não vai deixar por menos: para ganhar do
inquisidor Moro uma pena menor para si e sua excelentíssima, certamente vai
contar muita safadeza e falcatrua de tantos anos de prática da política à
brasileira. Interessante notar que, na ditadura de 1964-1985, os generais de
plantão no Planalto se autointitulavam “presidentes”. Hoje, os EUA e aliados
ricos abandonaram a sedução dos fardados (que ficaram muito desmoralizados coma
a longa aventura; além de não haver mais o perigo comunista) e passaram a
patrocinar um golpe mais sutil e que tem dado resultados pra eles: organizam
cursos e seminários lá em riba e seduzem para a causa deles juízes,
procuradores, policiais. Como nossa cultura ainda é de colonizados e
escravagistas, os EUA etc. voltam a nos colonizar. Já abiscoitaram uma banda do
pré-sal por uma bagatela e se preparam para engolir a Petrobras inteira.
Regulação da mídia nem pensar.
PS – Quinta-feira passada, na Livraria da
Praça de Casa Forte, Padre Edwaldo Gomes e Vera Ferraz, minha amiga e colega de
jornalismo, lançaram a biografia que fizeram dele, a dois, lembrando a
trajetória do querido pároco daquela freguesia, Um Padre Nosso. ***
Também na quinta, no Clube Alemão, Paulo Caldas lançou mais um livro seu. Desta
vez, O círculo amoroso, obra poética.
Desde 2012, quando lançou Porto dos
amantes (ficção), esse importante
escritor pernambucano, que folgo em ter como vizinho em meu esconderijo de
Aldeia, estava sem lançar novas obras. Vamos conferir.
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