Coitados dos animais. E o pior é que sua carne
não faz bem ao organismo humano. Mais uma greve de ônibus para torturar os
habitantes do Grande Recife e adjacências. O metrô anunciou parar no dia de
jogo do meio da semana na Arena Pernambuco para evitar as depredações
costumeiras nas barbas dos policiais. Isto é, torturar mais, pois os
deslocamentos diários de quem depende do nosso desumano transporte público já
constituem maus tratos suficientes para exigirem um processo de humanização,
civilização. É como se os usuários fossem gado, mas “com gente é diferente”,
segundo Geraldo Vandré. Não se pode culpar os governos atuais, do Estado e
municípios envolvidos, por toda essa bagunça, mas uma hora é preciso dar os
primeiros passos para mudar. Será que os que se dizem “empresários” e oferecem
tão maus serviços, que são públicos, embora sob o regime de concessão, não veem
as reportagens e fotos sobre o quotidiano do transporte público? Será que
aqueles que têm a obrigação de fiscalizar as concessões também não as veem?
Fala-se em licitação. Passam-se anos. Quando
se faz alguma, os mesmos “empresários” ganham tudo. As contribuições desses
senhores para as campanhas eleitorais de políticos são generosas. E fica “tudo
como dantes no quartel de Abrantes” ... Gente, não estaria mais do que em tempo
de mudar? Mais de 50 anos atrás, o grande prefeito Pelópidas Silveira criou a
Companhia de Transportes Urbanos (CTU) para operar diretamente esse essencial
serviço público, com ônibus elétricos. Inicialmente, não falou que a CTU
ocuparia todas as linhas existentes. Mesmo assim, os “empresários” da época (alguns
estão aí até hoje) chiaram. O tempo passou. Veio uma tal de “revolução
redentora” (o golpe de 1964), que entregou a CTU a um militar que iniciou a
decadência da empresa. Até que um feio dia, a PCR vendeu-a a uma empresa
paulista, que se comprometeu a manter os ônibus elétricos, recuperar os cabos aéreos
deteriorados e substituir os subtraídos. Nada disso foi feito. Fecharam os
olhos ao roubo dos cabos que restavam e temos aí esse transporte público
vergonhoso.
O metrô começou muito bem, com limpeza impecável
e pontualidade. Foi se deteriorando ao longo dos anos e hoje tem arrastão,
ambulantes e depredações. Além de um metrô de boa qualidade, bondes, ônibus
elétricos e outros bons tipos de transporte público existem até hoje em
capitais europeias. E ninguém pensa em acabar com eles. Por que não no Brasil? É
bom lembrar que o Brasil acabou até com as ferrovias.
Tampouco funcionam outros serviços, como as
teles, TV fechada. A “privataria tucana” (leiam o livro que tem este título)
veio garantindo que tudo iria melhorar. Hoje as teles são campeãs em maus
serviços e reclamações dos usuários, e também na cobrança de tarifas
escorchantes. Agência reguladora? Só para aumentar tarifas. Os canais fechados,
por cabo, que, em países mais organizados, cobram preços decentes e prestam
excelentes serviços, aqui impõem o que querem em matéria de conteúdo e preços.
Por falar em concessões e “privataria”, a Celpe, sob o comando dos visigodos,
continua a matar gente eletrocutada e promover apagões. Eu me queixava da situação
em Aldeia. Agora os apagões são generalizados. E teve um governo que vendeu a
Celpe para restaurar uma estrada federal. Pode? A estrada já está sucateada e o
Estado não foi ressarcido. E ninguém é responsável por nada.
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