Transcrevo nesta nova postagem texto que
recebi do meu amigo Antônio Carlos e de sua família (que também publico em
primeira mão em meu artigo mensal no Jornal
do Commercio de hoje) sobre crime de que foi vítima, há onze anos, a
menina, hoje adolescente, Lara, filha dele e de Leidjane e irmã de Yuri.
Lembro-lhes que, aí ao lado no “Viver é muito perigoso”, acrescentei um
capítulo a minhas memórias falando de tentações mineiras etc. Ao texto:
“Hoje, dia 24 de junho, completaram-se onze
anos da tragédia da qual nossa família foi vítima. Lara de Menezes Albert, à
época com sete anos de idade, foi subitamente atingida na cabeça por um disparo
de arma de fogo, enquanto assistia à televisão na sala de seu apartamento.
Naquela fatídica noite, os fogos juninos, ao contrário de simbolizarem a
alegria e felicidade típicas da época, marcaram a dúvida acerca da sua
sobrevivência, o que, por intervenção divina, acabou por acontecer.
A investigação policial atribuiu a
responsabilidade pelo disparo a Tibério Gentil Figueiredo de Lima que, por
ironia, era tenente da Polícia Militar de Pernambuco, pago pelo Estado para promover
a segurança da população. O que torna o caso ainda mais grave é constatar que o
autor do tiro, que quase ceifou a vida de uma inocente, apesar de ter sido
condenado em todas as instâncias da Justiça, nunca cumpriu sequer um dia da
pena, favorecido pelo instituto da prescrição. Do mesmo modo, o processo
administrativo, instaurado na Corregedoria da PMPE, também prescreveu, razão
pela qual o atual capitão continua exercendo sua profissão sem maiores
obstáculos.
É inegável que, ainda que o instituto da
prescrição seja capaz de fazer a Justiça “esquecer”, pela passagem do tempo,
determinados fatos, ele não é aplicável às memórias do coração. Por isso, nas
noites de São João, para nossa família, as fogueiras queimando reacendem o
sentimento de revolta, ao lembrar-nos que os estrondos ouvidos naquela noite,
infelizmente, não eram de simples fogos de artifício.
Todavia, hoje a nossa intenção não se resume
apenas a reprisar os momentos de desespero vividos pela nossa família. A nossa
grande missão, neste momento, é continuar denunciando este caso, que engrossa as
estatísticas da impunidade contribuindo para disseminar a violência. É comum
ver nos jornais diários notícias divulgando casos de famílias destruídas pela
ação irresponsável de quem acionou uma arma e disparou uma “bala perdida” no
corpo de um inocente.
Por outro lado, há motivos para comemorar.
Depois de um período de dificuldades, Lara se encontra em franca recuperação,
desenvolvendo as atividades normais de uma jovem em sua idade, Nós, a família
de Lara, agradecemos a todos os amigos, aos parentes e aos profissionais de diferentes
áreas que nos ajudaram e continuam ajudando nesta árdua caminhada, que ainda
não terminou.
Por fim, acreditamos na existência de
instâncias superiores, não terrenas, para as quais, assim como para o coração,
a prescrição é inaplicável e a justiça, por consequência, inexorável. Diante
delas, as instâncias componentes da justiça mundana não são senão meras
tentativas vãs de restabelecer o equilíbrio das coisas, imperfeitas por
natureza.
Que Deus ilumine a vida de todos vocês!
Lara e família”.
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