domingo, 13 de julho de 2014

TEMA DE LARA. BEM DIVERSO DAQUELE DA LARA DO DR. JIVAGO



Transcrevo nesta nova postagem texto que recebi do meu amigo Antônio Carlos e de sua família (que também publico em primeira mão em meu artigo mensal no Jornal do Commercio de hoje) sobre crime de que foi vítima, há onze anos, a menina, hoje adolescente, Lara, filha dele e de Leidjane e irmã de Yuri. Lembro-lhes que, aí ao lado no “Viver é muito perigoso”, acrescentei um capítulo a minhas memórias falando de tentações mineiras etc. Ao texto:
“Hoje, dia 24 de junho, completaram-se onze anos da tragédia da qual nossa família foi vítima. Lara de Menezes Albert, à época com sete anos de idade, foi subitamente atingida na cabeça por um disparo de arma de fogo, enquanto assistia à televisão na sala de seu apartamento. Naquela fatídica noite, os fogos juninos, ao contrário de simbolizarem a alegria e felicidade típicas da época, marcaram a dúvida acerca da sua sobrevivência, o que, por intervenção divina, acabou por acontecer.
A investigação policial atribuiu a responsabilidade pelo disparo a Tibério Gentil Figueiredo de Lima que, por ironia, era tenente da Polícia Militar de Pernambuco, pago pelo Estado para promover a segurança da população. O que torna o caso ainda mais grave é constatar que o autor do tiro, que quase ceifou a vida de uma inocente, apesar de ter sido condenado em todas as instâncias da Justiça, nunca cumpriu sequer um dia da pena, favorecido pelo instituto da prescrição. Do mesmo modo, o processo administrativo, instaurado na Corregedoria da PMPE, também prescreveu, razão pela qual o atual capitão continua exercendo sua profissão sem maiores obstáculos.
É inegável que, ainda que o instituto da prescrição seja capaz de fazer a Justiça “esquecer”, pela passagem do tempo, determinados fatos, ele não é aplicável às memórias do coração. Por isso, nas noites de São João, para nossa família, as fogueiras queimando reacendem o sentimento de revolta, ao lembrar-nos que os estrondos ouvidos naquela noite, infelizmente, não eram de simples fogos de artifício.
Todavia, hoje a nossa intenção não se resume apenas a reprisar os momentos de desespero vividos pela nossa família. A nossa grande missão, neste momento, é continuar denunciando este caso, que engrossa as estatísticas da impunidade contribuindo para disseminar a violência. É comum ver nos jornais diários notícias divulgando casos de famílias destruídas pela ação irresponsável de quem acionou uma arma e disparou uma “bala perdida” no corpo de um inocente.
Por outro lado, há motivos para comemorar. Depois de um período de dificuldades, Lara se encontra em franca recuperação, desenvolvendo as atividades normais de uma jovem em sua idade, Nós, a família de Lara, agradecemos a todos os amigos, aos parentes e aos profissionais de diferentes áreas que nos ajudaram e continuam ajudando nesta árdua caminhada, que ainda não terminou.
Por fim, acreditamos na existência de instâncias superiores, não terrenas, para as quais, assim como para o coração, a prescrição é inaplicável e a justiça, por consequência, inexorável. Diante delas, as instâncias componentes da justiça mundana não são senão meras tentativas vãs de restabelecer o equilíbrio das coisas, imperfeitas por natureza.
Que Deus ilumine a vida de todos vocês!
Lara e família”.

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