domingo, 14 de dezembro de 2014

POSTAGEM DE EMERGÊNCIA


Gente,
Peço que abram aí do lado esquerdo que tem mais um capítulo de minha autobiografia “precoce”. E também do lado direito, onde começo a colocar trabalhos meus que, para alguns, vale a pena reler. Começo com minha colaboração para o jornal virtual O Porta-Voz, que pode ser acessado teclando http://jornaloporta-voz.blogspot.com.br. Aos poucos, irei selecionando centenas de artigos no Jornal do Commercio e outros órgãos da imprensa.
Também tentarei responder aos comentários a minhas postagens. Vou pedir
ajuda a meu filho informata Paulo e a minha mulher Patrícia. É que, sendo eu uma produção do remoto século 20, minha familiaridade com a web é apenas sofrível.
Boas Festas e excelente 2015 para todas e todos.

segunda-feira, 1 de dezembro de 2014

MAR DE LAMA – O REPETECO



Lá se vão 60 anos que o arquigolpista Carlos Lacerda, hoje patrono do PSDB, do DEM e de outros partidos arenosos (lembram-se da Arena da ditadura?), descobria um “mar de lama” no governo constitucional e democrático de Getúlio Vargas. Trombeteou ferozmente a aparente descoberta em seu jornal Tribuna da Imprensa e no Congresso. Parecia que o brasileiro nem sabia o que era corrupção e bandalheira em seus quatro séculos e meio de história. Tudo isso lembra muito o que está ocorrendo agora com “mensalões” e “petrolões”. Até a expressão “mar de lama” foi ressuscitada pela Rede Globo, jornais O Globo, Folha de S. Paulo e Estadão, em meio a tanta imprensa equivocada que, ao contrário da mídia de países civilizados, não aceita nenhuma regulação, taxando-a de atentado à liberdade de expressão.
A propósito, recebi de um amigo artigo do empresário Ricardo Frank Semler, que tem formação em Harvard e é um tucano de primeira hora, não do PSDB de Fernando 2º (FHC), Serra, Aécio et caterva, mas sim do PSDB idealizado por Mário Covas e Franco Montoro com o objetivo de alternativa a um PMDB cada dia mais fisiológico. O título do artigo já é sugestivo: “Nunca se roubou tão pouco”. Partindo do caso Petrobras, que tanto ocupa e preocupa a mídia nativa (como Mino Carta designa a nossa grande imprensa), o autor diz que desde os anos 1970 tenta vender equipamentos à estatal, continuando pelos anos 1980 e 1990 e até recentemente. Nada. Sem propina, nada feito. E quem governava naqueles anos todos? pergunto eu. Não era o PT (hoje bem mudado) e, sim, os generais-presidentes, o inefável Ribamar Sarney, o dinâmico Collorido, o xogum-pavão Fernando 2º.
E prossegue o autor: “Agora tem gente fazendo passeata pela volta dos militares ao poder e uma elite escandalizada com os desvios na Petrobras. Santa hipocrisia! Onde estavam os envergonhados do país nas décadas em que houve evasão de R$1 trilhão, cem vezes mais que o caso Petrobras, pelos empresários? Virou moda fugir disso tudo para Miami, mas é justamente a turma de Miami que compra lá com dinheiro sonegado aqui”. Observação minha: até o nosso ínclito e impoluto Joaquim Barbosa tem um pé em Miami, adquirido sem muita clareza.
Ele acredita que essa “onda de prisões de executivos é um passo histórico para este país”. Amém. E prossegue: “A coisa não para na Petrobras Há dezenas de outras estatais com esqueletos parecidos no armário. É raro ganhar uma concessão ou construir uma estrada sem os tentáculos sórdidos das empresas bandidas. O que muitos não sabem é que é igualmente difícil vender para muitas montadoras e incontáveis multinacionais sem antes dar propina para o diretor de compras” E conclui: “O lodo desse veneno pode ser diluído, sim, com muita determinação e serenidade, e sem arroubos de vergonha ou repugnância cínicas”.
PS - Minha ex-colega de faculdade e hoje grande escritora Ana Maria César está lançando O último porto de Henrique Galvão, a história da passagem do revolucionário português pelo Recife depois de sequestrar o navio Santa Maria na Venezuela, em 1961, pensando dar início à derrubada do ditador luso Oliveira Salazar, o que, na realidade, só aconteceria 12 anos depois com a Revolução dos Cravos. *** Estão sendo lembrados os 30 anos do encantamento do grande poeta Mauro Mota. Já houve uma leitura dramatizada de poesias dele na Academia Pernambucana de Letras. Inesquecíveis os seus versos em homenagem a Carlos Pena Filho: “São trinta homens sentados. / Dentro deles como dói. / Ausência do poeta Carlos nas mesas do bar Savoy”.

terça-feira, 18 de novembro de 2014

FERNANDO 2º, QUEM DIRIA, ACABOU LACERDA 2º



Ao destronado presidente FHC eu chamo Fernando 2º, pois foi continuador da dinastia fundada por Fernando 1º (o Collorido) no desmonte do patrimônio público nacional, embora com método demolidor (o 1º era um aprendiz de feiticeiro). Vocês lembram aquela historinha de “(Fulana), quem diria, acabou no Irajá”? Irajá é um subúrbio distante do Rio, o que implica uma decadência de status pra quem morava na Zona Sul. Aliás FHC nasceu no Rio, mas é tão pouco carioca que foi parar em São Paulo (nada contra São Paulo, mas é outro espírito). Os de vocês que são mais jovens talvez não se lembrem de Carlos Lacerda, um comunista que virou ferrenho antiesquerdista, mas não só isso, ele era basicamente um golpista, que ganhou do meu falecido amigo Samuel Wainer o apelido de Corvo, do qual nunca mais se livrou. Mas talvez tenham visto um recente filme sobre os últimos dias de Getúlio Vargas (interpretado por Tony Ramos). No filme, é notável a cara de Lacerda quando sabe do suicídio do presidente: ele queria era chutá-lo para fora do Catete, condená-lo, humilhá-lo. E não se tratava do Vargas ditador. Era o Vargas eleito triunfalmente para a Presidência da República em 1950.
O presidente eleito alegremente pela maioria dos brasileiros conseguira criar a Companha Siderúrgica Nacional, a Vale do Rio Doce, o BNDES, a Petrobras (começando lá na ditadura). A oposição raivosa encarnada na UDN de Lacerda (hoje revivida pelo PSDB e sua linha auxiliar) não podia aceitar essa floração do melhor nacionalismo. Golpe nele! Foi o que fizeram. Não contavam, porém, com o gesto extremo de Getúlio de sair da vida para entrar na história. O golpe foi neutralizado naquele momento e teve de esperar até a grande coceira de macacos de 1964, passando pelo golpe frustrado de Jânio em 1961. É muito golpe. E ainda temos por aí viúvas do golpe, que querem anular as recentes eleições e chamar de volta generais-ditadores. Explico a coceira: Getúlio tinha um irmão, Benjamim ou Bejo, que, quando os generais estavam agitados além da conta, formados que são no princípio positivista de que tutelam o país, como quando Dutra e Gois Monteiro deram um golpe em Getúlio, em 1945, a uns dois meses das eleições já marcadas, Bejo dizia que “os macacos estão se coçando”.
Voltando a Fernando 2º. Ele disse, quando era presidente, que veio para acabar com a Era Vargas. Conforme aquele seu princípio favorito de “Esqueçam o que eu disse”, há alguns meses ele sapecou na contracapa do segundo volume da sensacional biografia Getúlio, do jornalista Lira Neto, que tinha lido quase de um fôlego o primeiro volume da trilogia e que o biografado Getúlio “teve a grandeza que só os estadista possuem”. Ora, pois, pois, e pra que a gana de acabar com a Era Vargas? Depois das eleições deste ano, que, graças a uma invenção dele, levaram Dilma Roussef a um segundo mandato, Fernando 2º ficou ainda mais indócil na sua nova metamorfose, Carlos Lacerda. Daí o título de Fernando 2º virando Lacerda 2º.
Logo após a vitória de Dilma, o saudoso xogum afirmou que o eleitorado do Norte e Nordeste, segundo ele constituído por desinformados, consagrou a candidata. Agradeçamos ao pavão por não nos haver chamado de burros; como disse que os aposentados são uns vagabundos. A cidade do Rio de Janeiro, uma das mais politizadas do Brasil (daí o ditador-presidente Geisel ter acabado com o Estado ad Guanabara), e Minas Gerais ficam, por acaso no Norte ou no Nordeste? Em tanta empáfia não poderia faltar preconceito. Mais recentemente, Fernando 2º saiu-se com esta pérola: está envergonhado com a ladroagem na Petrobras. Que vergonha tardia! Ele não se envergonha de ter querido vender a Petrobras à Standard Oil (Esso), tentando para tanto mudar-lhe o nome para Petrobrax, mais palatável aos gringos. Não se envergonha de não ter investigado o afundamento de uma plataforma da estatal, quando a presidia um querido genro seu. Não se envergonha de ter tido um Procurador-Geral da República (Geraldo Brindeiro) que era conhecido como Engavetador-Geral. Não se envergonha de ter comprado votos no Congresso (fato comprovado) para conseguir sua reeleição via emenda, algo absolutamente estranho a nossas tradições republicanas. E, last not least, não se envergonha de acusações sérias e fundamentadas, divulgadas inclusive no livro Privataria tucana, sobre cabeludas maracutaias no processo de privatização à FHC. A metamorfose lacerdista do xogum continuará a ser examinada na próxima postagem. Deem uma olhada aí ao lado em “Viver é muito perigoso”.

terça-feira, 4 de novembro de 2014

AINDA HÁ VIÚVAS DA DITADURA



Amigas e amigos, convido vocês a lerem mais um capítulo de minha tão precoce autobiografia, aí à esquerda, “Viver é muito perigoso”. Enquanto digiro a ressaca eleitoral. Com ou sem ressaca, é ótimo ter eleições, desde que o governo eleito aproveite para fazer uma reforma política decente (a mãe de todas as reformas de que precisamos). No tempo da ditadura, eleições eram de faz-de-conta, dependiam dos humores dos generais-ditadores. E o pior é que ainda há viúvas da ditadura e golpistas que não aceitam o resultado das eleições de outubro. E o PSDB assumiu que é o herdeiro da velha UDN de Carlos Lacerda; e o outrora bravo PSB vai de caudatário.
PS - A convidada da última edição deste ano do projeto “Meu vizinho, o escritor”, realizado pelo Laboratório de Autoria Literária Ascenso Ferreira, do SESC, é Cida Pedrosa. Haverá filmes do projeto “Olhares sobre Lilith”. Dia 7 de novembro às 19h na Praça do Entroncamento.

sexta-feira, 17 de outubro de 2014

ESTÁ EM JOGO UM PROJETO DE PAÍS



Desculpem, amigas e amigos, mas tenho de completar minhas reflexões da postagem passada. Está em jogo um projeto de país. Não podemos voltar ao projeto fascistóide e entreguista dos governos de Dutra, que sucedeu a Getúlio em 1945; de Café Filho, que sucedeu a Getúlio m 1954, quando Getúlio foi levado ao suicídio pelo arquigolpista Carlos Lacerda (o Corvo), que inclusive quis impedir a posse de JK; de Jânio; dos generais-ditadores; de Fernando 1º (o Collorido) e de Fernando 2º (FHC), que torrou um patrimônio público montado, a duras penas, pelo povo brasileiro e ganhou a reeleição comprando votos no Congresso (está comprovado).
Não podemos apoiar Aécio Neves, como incompreensivelmente está fazendo a família dele, e incrivelmente Marina Silva, que já militou ao lado de Chico Mendes, mártir do latifúndio e da grilagem. Peço que tentem ver o vídeo www.facebook.com/video.php?v=10202163314719255, em que Eduardo contradiz Jarbas Vasconcelos, pedindo-lhe que respeite Dilma pelo seu passado antigolpista e democrático. Se vivo, Eduardo certamente estaria com Dilma no 2º turno.
Eduardo Campos era neto de Miguel Arraes, que, por defeitos que tenha, nunca deixou de defender as causas populares. Sobre o PSDB e Fernando 2º (FHC) leiam o que ele falou, em depoimento a Túlio Velho Barreto, em 1964 – O golpe passado a limpo. Faz ali duras críticas a FHC e ao PSDB, partido que Arraes acusa de complementar o projeto dos agentes econômicos que estiveram nas origens do golpe de 1964.