quinta-feira, 26 de junho de 2014

FAXINA EM SUPERMERCADOS?. E FAIXA EXCLUSIVA SEM EXCLUSIVIDADE?



Volto a me comunicar com vocês em meio à exaltação patriótica da Copa do Mundo. Quando iniciei este blogue, pretendia postar alguma coisa toda segunda-feira, mas nem sempre isto é possível. Tem compromissos inadiáveis, como o médico pra prolongar um pouco a vida com bem-estar. E pra chegar no consultório, a gente tem de enfrentar um trânsito cada dia mais incivilizado e travado. Hoje mesmo (26 de junho), tentei ir ao médico na Ilha do Leite, mas tive de voltar da Avenida Caxangá. O caos, num dia em que o Recife está cheio de estrangeiros. Propaganda do nosso turismo. Tem também a assim dita privataria tucana, que entregou as comunicações e adjacências, de mão beijada, a alienígenas que não têm o mínimo interesse em nosso progresso: a banda larga vai sempre estreitando, quando não desaparece (moro num esconderijo aqui em Aldeia). A Celpe, outra privatizada tucanamente em troca de uma estrada que já está sucateada, gosta de deixar as nossas matas aqui às escuras. Gente, é muita sacanagem. Assim ,vamos combinar o seguinte: faço novas postagens sem dia certo, quando tiver o que dizer e barra mansa. Na semana passada, acrescentei mais um capítulo em “Viver é muito perigoso”.
Felizmente, a Copa vai andando sem sabotagens e vandalismo. De mal mesmo, só o berreiro do Gavião Bueno e o costumeiro besteirol dos comentaristas. Uma coisa que eu desejo comentar é a ampla fiscalização sanitária em supermercados e outros pontos de abastecimento e comedoria às vésperas do evento. Descobriram muita coisa estragada, fora do prazo de validade, armazenada sem condições satisfatórias de higiene. Uma dirigente da associação dos supermercados garantiu que a culpa é dos funcionários. Multinacionais do porte do Walmart e do Carrefour não são capazes de fazer essas coisas ... Terminada a Copa, tudo volta ao que era “dantes no quartel de Abrantes”. Negros, morenos, brancos subdesenvolvidos não merecem produtos em boas condições, como não merecem bom fornecimento de energia, telefônicas minimamente eficazes ...
Outra observação. Apesar da subserviência de nossas autoridades às transportadoras de passageiros, ao lóbi dos transportes em geral, sai um BRTzinho aqui, uma faixa exclusiva acolá. Mas o prometido BRT deu no que deu. Ainda falta muito pra ficar totalmente pronto (quem sabe, quando o Brasil hospedar outra Copa) e, em muitos trechos, os seus ônibus se misturam com outros veículos. Já a faixa azul, exclusiva para ônibus, funciona precariamente devido à falta de fiscalização para inibir os bem educados e apressadinhos donos de carros particulares. Esse pessoal dito governante esquece até do que já se fez. Há uns 20 anos, existe uma faixa exclusiva para ônibus na Avenida Caxangá, onde agora passam os BRTs. Mas ela nunca funcionou a contento porque sempre foi invadida por automóveis. Nunca se lembraram de fiscalizar. Enquanto isso, guardinhas de trânsito se escondem da vista de todos para surpreender falhas de motoristas em outras partes da cidade.
Finalizando. Vocês já repararam o Lucas Mendes se orgulhando de ser papel higiênico? Isto mesmo, papel higiênico. Ele faz um programa muito chinfrim na Globo intitulado Manhattan Connection, acolitado por algumas figuras. Acredito que pensam que, como o programa é transmitido de Nova York, automaticamente ganha credibilidade. Mas não acrescentam nada, a não ser aqueles habituais “comentários” e “interpretações” da Globo, que omite, como quase toda a grande imprensa, ou distorce notícias, e interpreta tudo ao agrado dos donos do grupo e da chamada Casa Grande. Aí aparece o Lucas Mendes fazendo propaganda da sua obra e dizendo que o papel de que ele mais gosta é o papel higiênico, para limpar a (com licença da palavra) merda de um governo que não agrada a seus patrões, mas que eles não têm mais poder para mudar; ou então derrubar por um providencial golpe, que eles chamam de “revolução”.

quarta-feira, 11 de junho de 2014

JÁ PENSARAM UMA TAPIOCA PADRÃO FIFA? SALTA AÍ UMA SABOR HAVELANGE



Anuncia-se, às vésperas da inauguração da copa do Mundo, que a Fifa liberou a tapioca para os torcedores pernambucanos que conseguirem chegar à Arena Pernambuco. Mas não liberou geral. Não é qualquer tapioca, não; só tapioca padrão Fifa ou Fifode, escolhida cuidadosamente por um comitê ad hoc que veio lá da Suíça após fazer um curso de culinária tupiniquim. Já pensaram uma tapioca padrão Fifa? O Fifode fica por conta do Macaco Simão, da Folha de S. Paulo, que criou o neologismo depois de saber que a onorata società havia encampado também o termo “pagode”. Você poderá escolher entre vários sabores. Tem, por exemplo, a tapioca Havelange, a Teixeira, a Blatter, a Valcke, tutti buona gente... Uma vergonha tanta subserviência a um órgão tão carimbado por corrupção.
Confesso a vocês que futebol, copas não são a minha praia. Gosto muito de esportes e devo à sua prática o fato de continuar um garotão aos 82 anos (desculpem a presunção; é o fã clube que fala isso). Eu gostava de futebol quando era ainda jogado com esportividade, sem empurrões, caneladas, cotoveladas. Depois que passou a ser uma profissão muitíssimo bem remunerada e instrumento da política à brasileira, vejo-o como “ópio do povo”, como Marx se referia à religião (apesar de que Engels, seu companheiro na redação do Manifesto, era fã do livro dos Atos dos Apóstolos, onde via um comunismo puro: a cada um conforme sua necessidade, de cada um conforme sua capacidade).
A gente hoje não pode sossegar com o berreiro de um Gavião Bueno, por exemplo, e incutiu-se na população, a partir da ditadura, que a seleção brasileira, que eles chamam de Brasil, tem de ganhar, não pode perder. Com todo o respeito a quem entra no clima e depois se decepciona. Mesmo na Copa do Mundo de 1950, quando ainda se jogava um futebol decente, esportivo, eu estava tão por fora que fiquei sem entender a reação fúnebre à derrota para o Uruguai.
Para torcedores da Alemanha, da Itália, da Espanha, ganhar uma Copa do Mundo e outros campeonatos é ótimo. Mas, se não ganhar, eles têm muita coisa de que se orgulhar. O torcedor brasileiro precisa aprender a se orgulhar de suas poucas conquistas, além das futebolísticas. Dos avanços no campo social, mesmo ainda modestos. Do chega pra lá que Dilma deu em Obama no caso da espionagem desenfreada do bondoso Tio Sam.
PS – Desapareceu da minha estante o primeiro volume de Martinho Lutero - Obras selecionadas, preparado pela Comissão Interluterana de Literatura de São Leopoldo (RS). Peço a quem o pegou que me devolva depois de consultar. Também desapareceu o Novo Testamento em grego e latim, uma preciosidade, mas esse já faz muito tempo. Fora outros que nem anotei. Quem ama tanto os livros deveria saber que seus donos também os amam.

segunda-feira, 2 de junho de 2014

FIFA ENCAMPA O PAGODE. AGORA É FIFODE



Faz tempo que não faço novas postagens neste famoso blogue, já lido até na Itália e na Ucrânia. É que o meu computador deu uns enguiços.
Como um governo pode humilhar tanto o povo, o país, só para ter direito a sediar o evento mundial mais popular do futebol? Aceita ignorar a legislação ao permitir a venda de bebidas alcoólicas nos estádios (quem sabe, na próxima Copa eles liberem a venda e consumo de drogas mais pesadas); a restrição do uso de marcas e termos ligados à Copa deste ano, como “Brasil 2014”, “Copa do Mundo”, “Recife 2014”, entre outros. A onorata società (é o que federação parece cada vez mais) vai mais longe. Especialista ouvido por Leonardo Spinelli, do Jornal do Commercio, garante que “A exibição pública de partida é permitida. Só não pode se tiver relação comercial com marca, como o bar todo decorado com a cerveja que não á patrocinadora da Fifa. O dono do estabelecimento e a empresa são passíveis de pagar indenização”. Pode?
O caso do pagode é hilariante, como se dizia antigamente antes de se inventar o hilário (Hilário, Hilaire de Poitiers em francês, é nome de santo), e o Macaco Simão, da Folha de S. Paulo, o esculhambador geral da República, já escreveu a respeito, criando o neologismo fifode. Quanto a “onorata società”, expressão italiana respeitosa com que os mafiosos designam as diversas máfias da sua península e ilhas adjacentes, basta ler excelente reportagem de Rodrigo Martins que saiu na edição de 21 de maio da revista Carta Capital, intitulada “Os reis da maracutaia”. A matéria é sobre duas figuras carimbadas muito conhecidas nossas, João Havelange e Ricardo Teixeira, que o autor chama de “símbolos da corrupção do esporte”. É bem fundamentada e se baseia no explosivo O lado sujo do futebol, dos experientes repórteres Amaury Ribeiro Jr.(a quem devemos o demolidor Privataria tucana, sobre a rede de corrupção nas privatizações do governo FHC), Leandro Cipoloni, Luiz Carlos Azenha e Tony Chastinet, que reuniram documentos inéditos.
Estranhamente, faz parte do Comitê Organizador da Copa em São Paulo uma filha de Teixeira e neta de Havelange, Joana Havelange. Será que tão ilustres parentes da moça vão ser convidados para a abertura da Copa na Arena Corinthians? Seria, no mínimo, constrangedor. Na Suíça, terra da Fifa, eles não podem aparecer porque serão presos. Quando serviam à onorata società, da qual Havelange foi presidente antes do nervosinho Joseph Blatter, eles foram pegados por um tribunal e obrigados a devolver parte de propina recebida e descoberta. Aqui no Brasil, graças à banda estreita e à leniência da Justiça tupiniquim, bem como à Bancada da Bola, a dupla dinâmica escapou da maioria das denúncias e transformou o futebol em um negócio lucrativo, tornando-se bilionários e morando hoje em Miami, revelando bom gosto semelhante ao de Joaquim Barbosa, que também tem lá casa comprada em transação pouco clara.
Enquanto isso, caminhamos para a Copa com o país convulsionado por greves e manifestações que só podem responder a um objetivo: mostrar um país com um governo fraco e que precisa ser mudado em outubro para reconduzir ao trono a turma da privataria, do apagão de 2002, de tantas tenebrosas transações.