Faz tempo que não faço novas postagens neste
famoso blogue, já lido até na Itália e na Ucrânia. É que o meu computador deu
uns enguiços.
Como um governo pode humilhar tanto o povo, o
país, só para ter direito a sediar o evento mundial mais popular do futebol?
Aceita ignorar a legislação ao permitir a venda de bebidas alcoólicas nos
estádios (quem sabe, na próxima Copa eles liberem a venda e consumo de drogas
mais pesadas); a restrição do uso de marcas e termos ligados à Copa deste ano,
como “Brasil 2014”, “Copa do Mundo”, “Recife 2014”, entre outros. A onorata
società (é o que federação parece cada vez mais) vai mais longe. Especialista
ouvido por Leonardo Spinelli, do Jornal
do Commercio, garante que “A exibição pública de partida é permitida. Só
não pode se tiver relação comercial com marca, como o bar todo decorado com a
cerveja que não á patrocinadora da Fifa. O dono do estabelecimento e a empresa
são passíveis de pagar indenização”. Pode?
O caso do pagode é hilariante, como se dizia
antigamente antes de se inventar o hilário (Hilário, Hilaire de Poitiers em
francês, é nome de santo), e o Macaco Simão, da Folha de S. Paulo, o esculhambador geral da República, já escreveu
a respeito, criando o neologismo fifode. Quanto a “onorata società”, expressão
italiana respeitosa com que os mafiosos designam as diversas máfias da sua
península e ilhas adjacentes, basta ler excelente reportagem de Rodrigo Martins
que saiu na edição de 21 de maio da revista Carta
Capital, intitulada “Os reis da maracutaia”. A matéria é sobre duas figuras
carimbadas muito conhecidas nossas, João Havelange e Ricardo Teixeira, que o
autor chama de “símbolos da corrupção do esporte”. É bem fundamentada e se
baseia no explosivo O lado sujo do
futebol, dos experientes repórteres Amaury Ribeiro Jr.(a quem devemos o
demolidor Privataria tucana, sobre a
rede de corrupção nas privatizações do governo FHC), Leandro Cipoloni, Luiz
Carlos Azenha e Tony Chastinet, que reuniram documentos inéditos.
Estranhamente, faz parte do Comitê
Organizador da Copa em São Paulo uma filha de Teixeira e neta de Havelange,
Joana Havelange. Será que tão ilustres parentes da moça vão ser convidados para
a abertura da Copa na Arena Corinthians? Seria, no mínimo, constrangedor. Na
Suíça, terra da Fifa, eles não podem aparecer porque serão presos. Quando
serviam à onorata società, da qual Havelange foi presidente antes do nervosinho
Joseph Blatter, eles foram pegados por um tribunal e obrigados a devolver parte
de propina recebida e descoberta. Aqui no Brasil, graças à banda estreita e à
leniência da Justiça tupiniquim, bem como à Bancada da Bola, a dupla dinâmica
escapou da maioria das denúncias e transformou o futebol em um negócio
lucrativo, tornando-se bilionários e morando hoje em Miami, revelando bom gosto
semelhante ao de Joaquim Barbosa, que também tem lá casa comprada em transação
pouco clara.
Enquanto isso, caminhamos para a Copa com o
país convulsionado por greves e manifestações que só podem responder a um
objetivo: mostrar um país com um governo fraco e que precisa ser mudado em
outubro para reconduzir ao trono a turma da privataria, do apagão de 2002, de
tantas tenebrosas transações.
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