segunda-feira, 2 de junho de 2014

FIFA ENCAMPA O PAGODE. AGORA É FIFODE



Faz tempo que não faço novas postagens neste famoso blogue, já lido até na Itália e na Ucrânia. É que o meu computador deu uns enguiços.
Como um governo pode humilhar tanto o povo, o país, só para ter direito a sediar o evento mundial mais popular do futebol? Aceita ignorar a legislação ao permitir a venda de bebidas alcoólicas nos estádios (quem sabe, na próxima Copa eles liberem a venda e consumo de drogas mais pesadas); a restrição do uso de marcas e termos ligados à Copa deste ano, como “Brasil 2014”, “Copa do Mundo”, “Recife 2014”, entre outros. A onorata società (é o que federação parece cada vez mais) vai mais longe. Especialista ouvido por Leonardo Spinelli, do Jornal do Commercio, garante que “A exibição pública de partida é permitida. Só não pode se tiver relação comercial com marca, como o bar todo decorado com a cerveja que não á patrocinadora da Fifa. O dono do estabelecimento e a empresa são passíveis de pagar indenização”. Pode?
O caso do pagode é hilariante, como se dizia antigamente antes de se inventar o hilário (Hilário, Hilaire de Poitiers em francês, é nome de santo), e o Macaco Simão, da Folha de S. Paulo, o esculhambador geral da República, já escreveu a respeito, criando o neologismo fifode. Quanto a “onorata società”, expressão italiana respeitosa com que os mafiosos designam as diversas máfias da sua península e ilhas adjacentes, basta ler excelente reportagem de Rodrigo Martins que saiu na edição de 21 de maio da revista Carta Capital, intitulada “Os reis da maracutaia”. A matéria é sobre duas figuras carimbadas muito conhecidas nossas, João Havelange e Ricardo Teixeira, que o autor chama de “símbolos da corrupção do esporte”. É bem fundamentada e se baseia no explosivo O lado sujo do futebol, dos experientes repórteres Amaury Ribeiro Jr.(a quem devemos o demolidor Privataria tucana, sobre a rede de corrupção nas privatizações do governo FHC), Leandro Cipoloni, Luiz Carlos Azenha e Tony Chastinet, que reuniram documentos inéditos.
Estranhamente, faz parte do Comitê Organizador da Copa em São Paulo uma filha de Teixeira e neta de Havelange, Joana Havelange. Será que tão ilustres parentes da moça vão ser convidados para a abertura da Copa na Arena Corinthians? Seria, no mínimo, constrangedor. Na Suíça, terra da Fifa, eles não podem aparecer porque serão presos. Quando serviam à onorata società, da qual Havelange foi presidente antes do nervosinho Joseph Blatter, eles foram pegados por um tribunal e obrigados a devolver parte de propina recebida e descoberta. Aqui no Brasil, graças à banda estreita e à leniência da Justiça tupiniquim, bem como à Bancada da Bola, a dupla dinâmica escapou da maioria das denúncias e transformou o futebol em um negócio lucrativo, tornando-se bilionários e morando hoje em Miami, revelando bom gosto semelhante ao de Joaquim Barbosa, que também tem lá casa comprada em transação pouco clara.
Enquanto isso, caminhamos para a Copa com o país convulsionado por greves e manifestações que só podem responder a um objetivo: mostrar um país com um governo fraco e que precisa ser mudado em outubro para reconduzir ao trono a turma da privataria, do apagão de 2002, de tantas tenebrosas transações.

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