sexta-feira, 3 de novembro de 2017

UMA CRÍTICA JUDAICA DO SIONISMO POR JUDITH BUTLER E ROGÉRIO BETTONI

Acaba de sair um livro que vale a pena conferir sobre a questão palestino-israelense na Terra Santa. Foi editado pela Boitempo e custa R$68 nas livrarias. Mais uma vez, é essa dolorosa e aparentemente insolúvel questão em foco. Insolúvel, sim, porque o governo sionista pratica, desde a criação do Estado judaico, uma política de genocídio, conforme prova com atas e documentos o historiador judeu e israelense Ilan Pappe em seu famoso The ethnical cleansing of Palestine.
No livro de Juith Butler, com a colaboração de Rogério Bettoni retoma-se uma ideia de Edward Said. É possível forjar um novo ethos para a solução de um Estado binacional judaico-palestino, como foi proposto pelas Nações Unidas após o fim do mandato britânico na Terra Santa. As tradições da diáspora judia tiraram a posse dos palestinos de terras que habitavam há séculos, pela expulsão, destruição de casas e aldeias inteiras. Ela critica o sionismo político e suas práticas de violência estatal utilizando-se da filosofia judaica contra o nacionalismo e racismo patrocinados pelo Estado.
Reflete também sobre o pensamento de Emmanuel Levinas, Hannah Arendt,  Primo Levi, Martin Buber, Walter Benjamin e Mahmoud Darwish. Ela articula uma nova ética política que transcenda a judaicidade exclusiva e dê conta dos ideais de convivência democrática radical, considerando os direitos dos despossuídos e a necessidade de coabitação plural.
Face à posição racista, de limpeza étnica do Estado judaico, são muitos os que voltam a pensar na solução da ONU de um Estado binacional. O problema é que Israel não aceita nenhum alternativa ao Estado sionista radical. A obra salienta que os valores judaicos mais elevados estão baseados no convívio e no respeito e apresenta o ser judeu e sua relação com o não judeu, a questão do outro como eu e não eu, discutindo a alternidade como constitutiva de identidade, demonstra como a dispersão dos judeus de outrora se assemelha à dos palestinos de hoje. E defende uma organização política possível em que nenhuma religião ou etnia tenha soberania sobre a outra.


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