Antes de entrar no principal assunto desta
postagem, desejo compartilhar com vocês a memória do trágico desfecho do
golpismo desenfreado de Carlos Lacerda e asseclas, com o suicídio de Getúlio
Vargas. Como ditador ou como presidente constitucionalmente eleito, ele
empurrou o Brasil pra frente como nenhum outro dirigente deste país. Na época
do Estado Novo, ditadura estava na moda em importantes países como a Alemanha,
a Itália, a França de Vichy. E a ditadura cobre 8 dos 15 anos contínuos que Getúlio
governou, e tem ainda mais os quatro que governou depois que o povo o
reconduziu ao Catete em 1950. Então, fica 11 X 8.
Vocês viram a entrevista de Dilma ao Bonner e
à Patrícia Poeta? Gente, mesmo sem ser petista nem dilmista, não dá para
aceitar tanta arrogância “global”, tanta prepotência, tanto antijornalismo.
Aliás, Bonner repetiu o mesmo malfeito de quatro anos atrás na mesma inefável
Rede Globo. Na realidade, ele não deixou a presidente abrir a boca pra
responder suas perguntas. Para responder tão capciosas perguntas, é preciso um
pouco de raciocínio para fazer os telespectadores entenderem a posição do
entrevistado. Mas, logo que Dilma começava a falar, o tão serviçal Bonner
falava também paralelamente (grande entrevistador!), não permitindo que ela
desenvolvesse seu raciocínio. Isso durante todo o tempo. Quem sabe, ele queria
provocar a presidente a abandonar a entrevista (como já ocorreu com outros
políticos) e, então, dizer que ela abandonou a raia.
Vocês se lembram que esse importante “global”
já classificou seus ouvintes (o público do Jornal Nacional) de bestalhões,
incapazes de raciocinar. Não lembro exatamente as expressões que ele usou, mas
é por aí. Bem, para um tal público, a entrevista deve ter sido uma maravilha.
Minha mulher, Patrícia, encontrou por aí, em uma rede assim dita social, uma
senhora que estava muito contente com a incapacidade de Dilma para responder as
questões propostas pelo ilustre Bonner. E o chamado mercado financeiro exultou
com a “derrota” da presidente.
Minha gente, como é que pode uma rede de TV
tão poderosa e, ainda mais, presunçosa fazer um tipo de jornalismo desse jaez?
E, por cima, ela e as demais redes de rádio e TV, mais os jornalões, só
noticiam o que interessa aos donos da mídia brasileira, ignoram o que não
interessa e, no conjunto, manipulam tudo de acordo com suas ideologias e
interesses financeiros e de classe. Toda vez que alguém, do governo ou da
sociedade, fala na urgente necessidade de regulação da mídia; regulação que
existe em qualquer país civilizado; eles fazem um escarcéu: isso seria contra a
liberdade de imprensa, contra a democracia, contra o Estado de direito, e por
aí vai. Escondem que, no ano passado, o grande patrão de jornais espalhados
pelo mundo inteiro, Murdoch, teve de fechar um jornal seu escandaloso na
Inglaterra, acossado pela regulação ali vigente. Nem por isso se pode dizer que
não há liberdade no reino de Sua Majestade. Tem, sim, liberdade com regulação
da mídia.
É a própria Associação Nacional de Jornais,
que reúne os donos dos jornais brasileiros, que afirma: “[...] os meios de
comunicação estão fazendo de fato a oposição oposicionista deste país, já que a
oposição está profundamente fragilizada”. O analista de pesquisas e dono de uma
agência Marcos Coimbra critica análises e pesquisas tendenciosas e diz que está
“mais que na hora de discutir a interferência dessa mídia no processo editorial
e, por extensão, na democracia brasileira”.
Antes de terminar, desejo fazer uma
observação sobre outro tema. Não creio que seja correto o uso da memória de
Eduardo Campos na exploração da comoção por sua morte trágica e precoce para
fazer política partidária. Ao mesmo tempo, um juiz no Recife proíbe que
qualquer partido ou candidato que não esteja ligado à coligação do PSB faça
alusão ao jovem político desaparecido. Mesmo que tenham sido aliados e com ele
mantivessem boas relações.
E termino com uma conversa do meu amigo e
colega de profissão Fernando Menezes. Segundo ele, após os 65 anos (mais ou
menos), a gente pode até continuar vivo, mas não está mais na validade, na
garantia. Eduardo estava em plena validade e garantia. Não estava em tempo de
morrer assim tão estupidamente.