domingo, 24 de agosto de 2014

O “GLOBAL” BONNER, QUE XINGA TELESPECTADORES, NÃO DEIXA DILMA RESPONDER AO QUE ELE PERGUNTA



Antes de entrar no principal assunto desta postagem, desejo compartilhar com vocês a memória do trágico desfecho do golpismo desenfreado de Carlos Lacerda e asseclas, com o suicídio de Getúlio Vargas. Como ditador ou como presidente constitucionalmente eleito, ele empurrou o Brasil pra frente como nenhum outro dirigente deste país. Na época do Estado Novo, ditadura estava na moda em importantes países como a Alemanha, a Itália, a França de Vichy. E a ditadura cobre 8 dos 15 anos contínuos que Getúlio governou, e tem ainda mais os quatro que governou depois que o povo o reconduziu ao Catete em 1950. Então, fica 11 X 8.
Vocês viram a entrevista de Dilma ao Bonner e à Patrícia Poeta? Gente, mesmo sem ser petista nem dilmista, não dá para aceitar tanta arrogância “global”, tanta prepotência, tanto antijornalismo. Aliás, Bonner repetiu o mesmo malfeito de quatro anos atrás na mesma inefável Rede Globo. Na realidade, ele não deixou a presidente abrir a boca pra responder suas perguntas. Para responder tão capciosas perguntas, é preciso um pouco de raciocínio para fazer os telespectadores entenderem a posição do entrevistado. Mas, logo que Dilma começava a falar, o tão serviçal Bonner falava também paralelamente (grande entrevistador!), não permitindo que ela desenvolvesse seu raciocínio. Isso durante todo o tempo. Quem sabe, ele queria provocar a presidente a abandonar a entrevista (como já ocorreu com outros políticos) e, então, dizer que ela abandonou a raia.
Vocês se lembram que esse importante “global” já classificou seus ouvintes (o público do Jornal Nacional) de bestalhões, incapazes de raciocinar. Não lembro exatamente as expressões que ele usou, mas é por aí. Bem, para um tal público, a entrevista deve ter sido uma maravilha. Minha mulher, Patrícia, encontrou por aí, em uma rede assim dita social, uma senhora que estava muito contente com a incapacidade de Dilma para responder as questões propostas pelo ilustre Bonner. E o chamado mercado financeiro exultou com a “derrota” da presidente.
Minha gente, como é que pode uma rede de TV tão poderosa e, ainda mais, presunçosa fazer um tipo de jornalismo desse jaez? E, por cima, ela e as demais redes de rádio e TV, mais os jornalões, só noticiam o que interessa aos donos da mídia brasileira, ignoram o que não interessa e, no conjunto, manipulam tudo de acordo com suas ideologias e interesses financeiros e de classe. Toda vez que alguém, do governo ou da sociedade, fala na urgente necessidade de regulação da mídia; regulação que existe em qualquer país civilizado; eles fazem um escarcéu: isso seria contra a liberdade de imprensa, contra a democracia, contra o Estado de direito, e por aí vai. Escondem que, no ano passado, o grande patrão de jornais espalhados pelo mundo inteiro, Murdoch, teve de fechar um jornal seu escandaloso na Inglaterra, acossado pela regulação ali vigente. Nem por isso se pode dizer que não há liberdade no reino de Sua Majestade. Tem, sim, liberdade com regulação da mídia.
É a própria Associação Nacional de Jornais, que reúne os donos dos jornais brasileiros, que afirma: “[...] os meios de comunicação estão fazendo de fato a oposição oposicionista deste país, já que a oposição está profundamente fragilizada”. O analista de pesquisas e dono de uma agência Marcos Coimbra critica análises e pesquisas tendenciosas e diz que está “mais que na hora de discutir a interferência dessa mídia no processo editorial e, por extensão, na democracia brasileira”.
Antes de terminar, desejo fazer uma observação sobre outro tema. Não creio que seja correto o uso da memória de Eduardo Campos na exploração da comoção por sua morte trágica e precoce para fazer política partidária. Ao mesmo tempo, um juiz no Recife proíbe que qualquer partido ou candidato que não esteja ligado à coligação do PSB faça alusão ao jovem político desaparecido. Mesmo que tenham sido aliados e com ele mantivessem boas relações.
E termino com uma conversa do meu amigo e colega de profissão Fernando Menezes. Segundo ele, após os 65 anos (mais ou menos), a gente pode até continuar vivo, mas não está mais na validade, na garantia. Eduardo estava em plena validade e garantia. Não estava em tempo de morrer assim tão estupidamente.

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