O fato é que nenhum país hoje desenvolvido
passou por processos criados mais recentemente, sob a égide da Organização
Internacional do Comércio (OIC), como, por exemplo, a proibição de governos
protegerem as empresas de seus países e tomarem medidas contra o imperialismo
comercial. “Nenhum país hoje desenvolvido praticou o livre comércio”, afirma o
embaixador Samuel Pinheiro Guimarães, representante geral do Mercosul em
discussões com a União Europeia. Países como a Grã-Bretanha (GB), os Estados
Unidos (EUA) e outros do assim dito Primeiro Mundo primeiro se desenvolveram
com um comércio sem peias, para, mais tarde, arquitetarem regras inibidoras
para quem não tinha tradição industrial e comercial. A Grã-Bretanha também
recorreu (e como!) à pirataria pura e simples, disfarçando seus piratas sob a
designação de corsários. Ora pois, diriam os lusos. E engendrou duas Guerras do
Ópio (aí não disfarçaram) para obrigar a China a produzir e consumir a droga. A
atual guerra às drogas foi inventada muito depois e é responsável pelos males
que vemos por aí: tráfico, bairros inteiros dominados por traficantes
coadjuvados por certos bandidos fardados. Após as Guerras do Ópio, a tão cristã
e civilizada Inglaterra ainda se julgou com o direito de passar um século
dominando a colônia de Hong-Kong. E viva o capitalismo, tão ético e
democrático.
Depois de tudo isso, no alvorecer do século 21,
os países ricos de sempre pretendem expandir o neocolonialismo ao proporem a criação
de um Tratado Transpacífico que juntará num mercado comum, além de países
superdesenvolvidos, como EUA, Canadá e Japão, também México (com sua economia
já desmantela por tratado similar com EUA e Canadá), Chile, Peru, Austrália,
Nova Zelândia, Malásia, Cingapura, Vietnam e Brunei. O mais espantoso é que tal
acordo foi decidido por cima dos respectivos governos, pelas transnacionais, Wall
Street e advogados. Uma renúncia sem precedentes ao poder dos Estados nacionais
em favor de empresas privadas.
O mais estranho é que, vendo o diabo ou o rabo
dele em tudo que o governo de Brasília faz ou deixa de fazer, tem muita gente
aí reclamando a ausência do nosso país no Transpacífico. Pindorama, aliás, não
é banhada por nem uma gota d’água do oceano Pacífico. Este governo que está aí
merece muita crítica, mas não vamos exagerar.
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