segunda-feira, 10 de fevereiro de 2014

PITADA DE SOCIALISMO DESCAFEINADO


Pois é, gente amiga, mais de cem pessoas estão seguindo este blogue e interagindo comigo. Obrigado. Esqueci de falar uma coisa. No meu último artigo no Jornal do Commercio (1º de fevereiro), expliquei o “nego veio”, mas não na postagem de uma semana atrás. É que eu tenho muita dificuldade em gravar o nome e fisionomia de pessoas que vejo pouco. Daí desenvolvi o macete de tratar todo mundo por “nego veio” e o tratamento virou pra cima de mim. No jornal, sou conhecido como Nego Veio pelos colegas e Pai Jura pelas meninas.

Bem, falava eu sobre o monumental atraso do nosso país, que não faz sentido. A colonização dos atuais Estados Unidos começou no século 17 quando o Recife, por exemplo, era uma das cidades mais progressistas do mundo (Nova York nem existia), tendo mandado de volta para Portugal a Santa Inquisição e estabelecido um convívio pacífico e civilizado entre lusos católicos, judeus e holandeses calvinistas. O retorno da colonização portuguesa, que alguns historiadores chamam pomposamente de Restauração (tem até um hospital com esse nome), trouxe de volta o atraso e a discriminação. Restauração do que? Da Inquisição?

Hoje estamos aqui com uma eleição pela frente, cujo grande campo de batalha é o prosseguimento de alguns avanços sociais e de uma política externa mais independente, de um lado, e a restauração do alinhamento automático a Washington e da manutenção dos miseráveis em seu lugar, do outro. Como a oposição não pode mostrar claramente seu programa antipovo, suas grandes questões são um jantar da presidente Dilma em Lisboa, a deserção de mais uma cubana que quer encontrar o namorado em Miami ou até “a crise” que aparentemente só atinge o Brasil por culpa de governos esquerdistas. Calma, gente, estamos muito longe de socialismo e comunismo. A não ser que se considere socialismo o social-coronelismo do PSB, a social-democracia de Fernando 2º, Serrinha etc. ou o “comunismo” do PCdoB.

Queria (continuo querendo) ainda continuar aquela conversa do meu artigo de 1º de fevereiro no JC sobre notícias que aparecem todo dia e deixam a gente a duvidar da sanidade de nossa sociedade. Falava eu daquela história que corre de que o prefeito de Olinda dá expediente na Padaria Globo ali no Varadouro. Claro que é piada, mas combina com charge recente do JC com o prefeito Renildo deitado numa rede na Praia do Francês (na terra dele) e dizendo “É, eu ouvi falar que o Carnaval de Olinda é muito bom”. Consta ainda que o clã alagoano dos Calheiros, diante do pouco espaço político no Estado, teria se reunido e decidido enviar Renildo para Pernambuco e para o PCdoB. Uma pitada de socialismo descafeinado (aquele que não faz mal ao capitalismo) poderia ajuda-lo. Que minha amiga Luciana Santos me perdoe. As administrações dela foram boas, apesar da falta de verba na PMO, embora com obras pouco visíveis na área rural, como dragagem de canais. A estupidez politiqueira fatiou Olinda de tal modo que sobrou muito pouco e a inviabilizou financeiramente. Mas também ficar colecionando obras intermináveis e inacabadas não é digno de uma cidade que “não se apalpa, é só desejo” e de onde se enxerga “muito além do além das ondas”, como poetava Carlos Pena.

Numa última, por enquanto, observação, quero expressar minha estranheza diante da aberta propaganda pró-Eduardo Campos do nosso arcebispo dom Fernando Saburido. Ao elogiar o Pacto pela Vida, disse que “se Deus quiser, vai se ampliar para o Brasil todo”. Estranhei porque dom Fernando é um religioso verdadeiro, que sabe muito bem que não se deve misturar política com religião e que o catolicismo, há muito tempo, ao menos no papel, não é mais a religião oficial do Estado, como no tempo do Império. Estranho também que o meu amigo padre Edvaldo Gomes tenha exaltado em missa o governador Eduardo e o prefeito Geraldo Júlio. É evidente que, pessoalmente e não no púlpito, devem fazer suas opções. Felizmente, o Hermano Francisco não faz propaganda política para ninguém.

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