Pois é, gente amiga, mais de cem pessoas
estão seguindo este blogue e interagindo comigo. Obrigado. Esqueci de falar uma
coisa. No meu último artigo no Jornal do
Commercio (1º de fevereiro), expliquei o “nego veio”, mas não na postagem
de uma semana atrás. É que eu tenho muita dificuldade em gravar o nome e
fisionomia de pessoas que vejo pouco. Daí desenvolvi o macete de tratar todo
mundo por “nego veio” e o tratamento virou pra cima de mim. No jornal, sou
conhecido como Nego Veio pelos colegas e Pai Jura pelas meninas.
Bem, falava eu sobre o monumental atraso do
nosso país, que não faz sentido. A colonização dos atuais Estados Unidos
começou no século 17 quando o Recife, por exemplo, era uma das cidades mais
progressistas do mundo (Nova York nem existia), tendo mandado de volta para
Portugal a Santa Inquisição e estabelecido um convívio pacífico e civilizado
entre lusos católicos, judeus e holandeses calvinistas. O retorno da
colonização portuguesa, que alguns historiadores chamam pomposamente de
Restauração (tem até um hospital com esse nome), trouxe de volta o atraso e a discriminação.
Restauração do que? Da Inquisição?
Hoje estamos aqui com uma eleição pela
frente, cujo grande campo de batalha é o prosseguimento de alguns avanços
sociais e de uma política externa mais independente, de um lado, e a restauração
do alinhamento automático a Washington e da manutenção dos miseráveis em seu
lugar, do outro. Como a oposição não pode mostrar claramente seu programa antipovo,
suas grandes questões são um jantar da presidente Dilma em Lisboa, a deserção
de mais uma cubana que quer encontrar o namorado em Miami ou até “a crise” que
aparentemente só atinge o Brasil por culpa de governos esquerdistas. Calma,
gente, estamos muito longe de socialismo e comunismo. A não ser que se
considere socialismo o social-coronelismo do PSB, a social-democracia de
Fernando 2º, Serrinha etc. ou o “comunismo” do PCdoB.
Queria (continuo querendo) ainda continuar
aquela conversa do meu artigo de 1º de fevereiro no JC sobre notícias que aparecem todo dia e deixam a gente a duvidar
da sanidade de nossa sociedade. Falava eu daquela história que corre de que o
prefeito de Olinda dá expediente na Padaria Globo ali no Varadouro. Claro que é
piada, mas combina com charge recente do JC
com o prefeito Renildo deitado numa rede na Praia do Francês (na terra dele) e
dizendo “É, eu ouvi falar que o Carnaval de Olinda é muito bom”. Consta ainda
que o clã alagoano dos Calheiros, diante do pouco espaço político no Estado, teria
se reunido e decidido enviar Renildo para Pernambuco e para o PCdoB. Uma pitada
de socialismo descafeinado (aquele que não faz mal ao capitalismo) poderia ajuda-lo.
Que minha amiga Luciana Santos me perdoe. As administrações dela foram boas,
apesar da falta de verba na PMO, embora com obras pouco visíveis na área rural,
como dragagem de canais. A estupidez politiqueira fatiou Olinda de tal modo que
sobrou muito pouco e a inviabilizou financeiramente. Mas também ficar
colecionando obras intermináveis e inacabadas não é digno de uma cidade que “não
se apalpa, é só desejo” e de onde se enxerga “muito além do além das ondas”,
como poetava Carlos Pena.
Numa última, por enquanto, observação, quero expressar
minha estranheza diante da aberta propaganda pró-Eduardo Campos do nosso arcebispo
dom Fernando Saburido. Ao elogiar o Pacto pela Vida, disse que “se Deus quiser,
vai se ampliar para o Brasil todo”. Estranhei porque dom Fernando é um
religioso verdadeiro, que sabe muito bem que não se deve misturar política com
religião e que o catolicismo, há muito tempo, ao menos no papel, não é mais a
religião oficial do Estado, como no tempo do Império. Estranho também que o meu
amigo padre Edvaldo Gomes tenha exaltado em missa o governador Eduardo e o
prefeito Geraldo Júlio. É evidente que, pessoalmente e não no púlpito, devem fazer
suas opções. Felizmente, o Hermano Francisco não faz propaganda política para
ninguém.
Nenhum comentário:
Postar um comentário