terça-feira, 1 de abril de 2014

HÁ 50 ANOS, GOLPE APELIDADO DE REVOLUÇÃO


Atualizo este blogue hoje, dia 1º de abril de 2014, 50 anos depois do golpe de 1964, executado por militares acolitados por civis; empresários e banqueiros. Há meio século o golpe, desencadeado na véspera, chegava a Pernambuco, onde o governador Miguel Arraes teve a hombridade e compostura de recusar-se a renunciar, pois tinha de honrar os votos recebidos dos eleitores, preferindo ser preso.
O golpe, apelidado de revolução, mas reconhecido hoje como golpe mesmo, até pela Rede Globo, que, graças à quartelada, cresceu e tornou-se praticamente um monopólio, acabou com os sonhos e a utopia de toda uma geração que acreditava, nos anos anteriores, haver chegado o momento de acabar com a divisão histórica entre casa-grande e senzala e fazer do Brasil um país à altura de sua grandeza territorial e de sua civilização multirracial e pluricultural. Militares esquecidos de que sua obrigação é defender a sociedade, o país, a pátria, curvaram-se vergonhosamente às imposições da Guerra Fria e aos ditames do bondoso Tio Sam, consentindo em se tornarem tropas de ocupação de seu próprio país.
No próximo sábado, sai um artigo meu no Jornal do Commercio, de descomemoração à  data, que continuarei em outras postagens deste blogue.
Sem essa covarde submissão de nossos generais a interesses alienígenas, estaríamos muito mais adiantados, não só numa política externa autônoma e conforme nossos interesses nacionais, mas também nas reformas agrária, urbana, bancária e outras que o governo democrático de João Goulart pretendia implantar. E a carnificina que os militares de então patrocinaram contra quem ousava fazer-lhes frente não teria ocorrido.
Concluo com palavras do frade dominicano Xavier Plassat, amigo de frei Tito de Alencar Lima, que suicidou-se na França massacrado pelas lembranças das torturas a que foi submetido em São Paulo:
"Sem a elucidação constante da verdade, particularmente em relação às sombras mais trágicas da nossa história, tornam-se incompreensíveis e insuperáveis as recorrentes e brutais manifestações de violência, de barbárie, que continuam  pontuando nosso tempo, nos presídios, nas delegacias, nos morros, nas fazendas;  a matança de jovens, de posseiros, de negros, de índios, de migrantes, de travestis, de prostitutas; a comercialização de gente e sua escravização; a confiscação da esperança; a negação do bem viver".
De fato, nunca elucidamos nem a escravatura, nem a dizimação dos índios, nem uma independência proclamada por um príncipe português em proveito dos vadios que dom João 6º trouxera para o Brasil, em sua fuga com medo de Napoleão, nem uma república proclamada por golpe militar de oficiais positivistas que criaram a doutrina da sua tutela sobre a sociedade e o país, nem as chacinas do Estado Novo e da ditadura 1964-1985.

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