terça-feira, 2 de junho de 2015

QUE BONITO PARA O BONDOSO TIO SAM

Meu filho Paulo, que sabe das coisas quando se trata de hardware, software, internet e quejandos, conseguiu escapar do deserto de Atacama e também está conseguindo repor este blogue nos eixos, além de tentar melhorar seu visual . Semana passada, já postamos algo aqui e também mais três capítulos do “Viver é muito perigoso”, para tirar o atraso. Hoje vamos acrescentar mais um desta minha “autobiografia precoce”. Logo ao iniciar nossa conversa, faço questão de assinalar o centenário de nascimento de Paulo Cavalcanti. No ano do meu nascimento (1932), ele aderiu ao Partido Comunista Brasileiro, conhecido como Partidão desde quando se iniciaram as dissidências da esquerda (primeiro o PCdoB e depois as organizações armadas que combateram a ditadura militar). Ele é, entre muitas contribuições às causas populares, um dos responsáveis pelo novo registro do PCB, depois que certos aventureiros que fingiam ser comunistas decidiram dar uma rasteira no Partidão criando um tal de PPS.
A sanha da gorilada e de seus acólitos sem farda era tamanha que já perto do fim da ditadura, quando não tinham mais quase ninguém para torturar e matar, iniciaram uma caça aos comunistas do Partidão, que nunca haviam aderido à luta armada, por uma razão muito simples: sabiam que seria impossível ganhar a batalha da democracia lutando contra forças armadas profissionais, sustentadas pela maior potência bélica do mundo. Que bonito para o bondoso Tio Sam: ostenta e prega democracia para os WASPs, enquanto semeia golpes militares e ditaduras “do bem” (para o bem deles) da América Latina à Ásia, passando pela África e Oriente Médio. Isto é, semeava, pois hoje está mais difícil, devido à desmoralização das intervenções do Pentágono, que só levam mais desgraça para os povos que são vítimas de tanto afã “democrático”.
Alguns exemplos. Os EUA apoiaram Osama Bin Laden na guerra do Iraque contra o Irã e na luta para expulsar os soviéticos do Afeganistão. Daí a pouco, Bin Laden já era um bandido terrorista para os EUA. Invadiram o Iraque com a comprovadamente mentirosa alegação de que esse país possuía armas químicas. Hoje o Iraque está aos pedaços e controlado em grande parte por um tal de Califado ou Estado Islâmico, perigo maior para a humanidade, para a civilização. Invadiram o Vietnam e ali sustentaram um ditador, no Sul, depois que Ho Chi Minh derrotou os colonizadores franceses na famosa batalha de Diem-Bien-Phu. Os ianques terminaram fugindo atabalhoadamente de uma Saigon sitiada pelos guerrilheiros do Viecong e os combatentes do Norte. Precisa mais?
Mesmo assim, gosto muito dos Estados Unidos, do que eles têm de bom (tirante claro, ações como a dizimação dos índios, a tomada de metade do México, a guerra sem fim que movem contra quase todo o resto mundo etc.). Admiro suas universidades, centros de pesquisa, bibliotecas. Agora mesmo em junho, minha netinha Maria se formou em Boston. Um filho meu, Carlos, trabalhou uns seis anos por lá, convocado pelo bancão Chase, que estava precisando de craques (mesmo sem serem WASPs).

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