terça-feira, 20 de dezembro de 2016

NOITE FELIZ! NOITE FELIZ! MAS NÃO PARA TODOS. ISSO APÓS 2 MIL ANOS DE CRISTIANISMO

Estamos quase no Natal e às vésperas do Ano Novo, um tempo que teoricamente deveria renovar o espírito do Evangelho e dos Atos dos Apóstolos naqueles que se proclamam cristãos (católicos romanos, protestantes, ortodoxos e outras denominações). A designação dos protestantes vem do protesto do teólogo alemão Matinho Lutero contra a venda de indulgências e outros abusos de um papado que quase nada mais tinha de fidelidade ao Evangelho. Hoje, muitos deles preferem se chamar evangélicos, puxando para si o monopólio do Evangelho. Estranhamente, muitos deles esqueceram o legado de Lutero, o mais conhecido dos reformadores, e criaram aí uma Teologia da Prosperidade, em oposição à Teologia da Libertação nascida na sofrida Igreja da América Latina. Vendem a salvação em doses homeopáticas, para o dinheiro continuar pingando. Seus lideres são milionários e pouco entendem das Sagradas escrituras, que interpretam de acordo com suas ambições e metas.
Os católicos romanos não ficam atrás no esquecimento dos ensinamentos de Jesus Cristo. Depois de dois mil anos da passagem dele sobre a Terra e da sua pregação e exemplo, o que vemos? O que restou da vida cristã descrita nos Atos dos Apóstolos? Durante a Idade Média, cristãos guerrearam contra cristãos. E esse belo costume prosseguiu no Renascimento e até hoje. A Europa tão “cristã”, que hoje tange e persegue muçulmanos e outros refugiados de países outrora explorados por ela, viveu engalfinhada em sangrentos conflitos até a 2ª Guerra Mundial, e ainda sobrou depois para bósnios, croatas e outros. Os “cristãos” que ganham dinheiro com a fabricação e venda de armas ficaram indóceis após a vitória aliada de 1945. A paz não durou quase nada. Em 1950, para alegria das indústria bélica, o governo estadunidense resolveu tomar para si as dores de parte da Coreia que não aceitava o comunismo. Com que mandato? Quem sabe, o do Mundo Livre, uma entidade quase mitológica que acobertava e acoberta muita canalhice em nome do que chamam de democracia, capitalismo, livre comércio etc.
Os países de maioria cristã, ou assim proclamada, nos oferecem um belo espetáculo que vai de meia dúzia de bilionários à extrema pobreza, de uma política de vale-tudo que caminha e avança entre golpes contra a vontade expressa nas urnas. Caso do Brasil atual. Eleições podem ser um modelo que funcione se o espírito golpista for um dia arquivado. O espetáculo continua (só a bailarina não tem pereba nem frieira ...). Crianças morrendo de doenças curáveis e evitáveis, de fome, enquanto verbas para saúde e educação são afanadas pelos “cristãos” lá de cima, com golpe ou sem golpe. Doenças que já havíamos debelado há muito tempo voltando, como cólera, lepra, tuberculose. Políticos comprando suas eleições. Autoridades escolhendo com critérios ideológicos quem deve ser punido e quem deve ser preservado numa redoma; como ocorre na assim dita República de Curitiba. Nada contra a punição de culpados, desde que com isenção. Outra observação: desde Pero Vaz de Caminha, a propina, a corrupção, o compadrio alavancam negócios. Não é invenção do PT, embora este prometesse ética na política. Ainda na trilha do espetáculo, a seca, eterna e sem combate sério, castigando as populações pobres do Semiárido. Estudos há para uma convivência com a seca, através de irrigação, açudes, cisternas; mas não interessa aos nossos “podres poderes”, agora ainda mais podres com o golpe, resolver esse problema.
Voltando aos dois mil anos de cristianismo, lembro, nesta época natalina, como os “cristãos” tratam seus subalternos ou os que veem assim. Solte-se num xópim (me perdoem, mas esse uso abusivo do inglês por nós colonizados é intolerável; no caso, faço um aportuguesamento de shopping). Nós que nos dizemos cristãos nos incomodamos com as centenas de pobres comerciários (talvez o setor trabalhista mais explorado) que nos servem com tanta atenção (claro que há exceções)? Na nossa cultura escravocrata, é como se fossem nossos escravos. Nada de um sorriso, um agradecimento, uns centavos nas caixinhas.
Buzinamos mais nervosos (é preciso correr, comprar, ter muita coisa) em nossos confortáveis carrões, queremos passar na frente quando não dá, desrespeitamos todas as regras de convivência humana, que dirá cristã. E o Menino Jesus? Ah! o Menino Jesus? Ainda nos lembramos dele? O importante é uma bela e gostosa ceia de Natal, de preferência melhor que a do vizinho. E a Missa do Galo? Sob o pretexto da violência, foi empurrada para as 21h ou 22h. Na Terra Santa, os cristãos têm de se virar para chegar a suas igrejas, pois os sionistas picotaram os espaços dos palestinos. E, nos lugares santos, clérigos de diversas denominações cristãs brigam literalmente por pedaços de lembranças.

E Jesus Cristo não disse que “todos sejam um”?

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