segunda-feira, 14 de setembro de 2015

DE TRADIÇÃO, QUARTO PODER E GRANDE MARCHA DA SEXTA 18



Gente, inicio esta interação com vocês com mais um exemplo do absurdo tão brasileiro de trocar nomes tradicionais e históricos de ruas, avenidas, praças, logradouros em geral, e até de cidades, vilas. Quando eu era criança, tinha um povoado chamado Tapera perto do engenho de meu pai, onde havia uma estação da Great Western Railway (que depois virou Rede Ferroviária Federal e terminou virando fumaça, pois o Brasil é, creio, o único país do mundo a por fim a trens, bondes). Depois que voltei de estudos na Europa, Tapera tinha se tonado Bonança (título de um seriado americano). Sábado passado, abro o jornal e leio que um político aí sem muito o que fazer pretende que a secular Avenida Beberibe passe a ser denominada Santa Cruz Futebol Clube, ou pior, guardar a denominação Beberibe e acrescentar o nome do clube.
Nada contra o Santa Cruz, pelo qual torço apesar não aceitar o futebol-tourada que se espalha pelo nosso país. O Santa já tem o Pátio de Santa Cruz, onde nasceu. Se vingar o nome Beberibe Santa Cruz, fica pior ainda. Vai ser como a homenagem que quiseram prestar ao grande governador Miguel Arraes e não vingou, pois o povo continua chamando Avenida Norte, ninguém a chama Norte Miguel Arraes. A designação tradicional do nosso aeroporto, Guararapes, também padece com o acréscimo do nome do grande literato Gilberto Freyre. E agora tem quem queira espichar para Gilberto Freyre-Eduardo Campos ... Um tempo atrás propuseram trocar o nome da histórica Rua das Fronteiras para Vovô Zerinho, uma criatura que deve ter sido muito simpática, mas só interessa a uma família.
Ruas como as da Harmonia, Amizade, Saudade, União, Rua Velha, Rua Nova, Aurora, Guararapes estão ameaçadas de também amanhecer como Dr. Fulano de Tal, como já advertia Manuel Bandeira.
Outro tema que abordo hoje é o lançamento do aguardado livro do tarimbado jornalista Paulo Henrique Amorim O quarto poder – Uma outra história. Ele hoje está da Rede Record, mas vem desde a revista Veja dos áureos tempos de Mino Carta (foi o primeiro corresponde do semanário da Abril em Nova York). Passou pela revista Exame, Jornal do Brasil e Rede Bandeirantes, e foi diretor do escritório da Rede Globo também em Nova York. Ele se orgulha de dizer que seu livro é o primeiro capaz de tratar Roberto Marinho como ele deverá ser tratado pela história. Foi demitido da Globo após denunciar uma bandalheira no Instituto Brasileiro do Café, no qual o criador da Globo tinha interesse.
O livro de Paulo Henrique documenta ainda o papel que ele diz ter sido desempenhado por “Roberto Civita na construção de um grande império que militou e milita até hoje contra o Brasil”. Mais uma revelação: Sérgio Motta (o Serjão da privataria), que ofendeu a primeira-dama Ruth Cardoso sem que FHC nada piasse, era o cafetão do então presidente, segundo confidência de Antônio Carlos Magalhães. Para o autor desse livro, que vocês não devem deixar de ler, os maiores vilões do Brasil são Daniel Dantas, FHC, José Serra, Roberto Marinho e Roberto Civita.
Antes de concluir, chamo atenção para uma grande marcha que está sendo programada para a próxima sexta, dia 18, em São Paulo, com concentração a partir das 15h no Masp e saída às 17h. Em vez daquelas que defendem Dilma e o PT, das que pedem a volta do arbítrio, da tortura e do assassinato por uma ditadura, esta agora é contra Dilma (PT), Cunha, Renan e Temer (PMDB), Aécio (PSDB), contra o ajuste fiscal, e propondo que os ricos paguem pela crise, por um alternativa classista dos trabalhadores, da juventude, do povo pobre. É promovida pelo PCB (nada a ver com o PC do B, linha auxiliar do PT), PSOL e outros partidos de esquerda, mas esquerda mesmo.

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