terça-feira, 29 de setembro de 2015

A LUTA DE CLASSES NO MOMENTO ECONÔMICO-POLÍTICO DO PAíS



Inicio esta postagem com uma palavra do ex-ministro Bresser-Pereira sobre o atual presidente da Câmara dos Deputados: “Já vi políticos desonestos e incompetentes, mas jamais vi um tão tenebroso como o deputado Eduardo Cunha”.
No tempo da ditadura, aqueles dirigentes militares autoimpostos, guiados por uma ultrapassada e nunca comprovada filosofia positivista, afirmavam que luta de classes é invenção de Marx e dos comunistas. Mas a atual opção do governo entre aumentar receitas onerando bancos e os mais ricos ou cortar despesas sociais e com serviços públicos não se encaixa na luta de classes? É o seguinte: a minoria que raramente paga a conta versus a maioria que sempre a paga.
Por que não instituir um vulgarmente chamado “imposto do cheque” segundo o modelo em que ele foi concebido, isto é, atingindo quem tem conta bancária, usa cheque e faz outras operações financeiras? Por que não taxar heranças e grandes fortunas? Por que os sócios, donos de empresas, acionistas estão isentos de pagar Imposto de Renda sobre lucros e dividendos?
Enquanto ninguém se entende nessa luta de classes e o que se sabe é que sempre, na nossa história, a Casa-Grande soube como manter a Senzala em seu lugar e perseguir os “negros fugidos” (por exemplo, os miseráveis que conseguiram entrar na era do consumo), a presidente Dilma, que mudou seu programa de governo após eleita, diz uma palavra sensata: “A democracia brasileira se fortalece sempre e mais quando toda e qualquer autoridade assume o limite da lei como seu próprio limite. [...] Queremos um país em que a lei é o limite”. Foi na posse do reconduzido à PGR Rodrigo Janot.
Ainda nesta luta de classes e pró-Senzala, com tons acadêmicos, a receita do economista João Sicsú, professor da UFRJ e ex-diretor de Estudos e Políticas Macroeconômicas do Ipea, é aumentar os valores pagos pelo Bolsa Família, lançar logo a nova etapa do Minha Casa Minha Vida e baixar os juros dos bancos públicos. O que “injetaria recursos na economia rapidamente”.
Por que não, e logo? A ex-guerrilheira Dilma estaria tão arrependida de ter combatido a ditadura?
Termino com um pensamento do filósofo Vladimir Safatle, que chama nossa política de “gangsterizada”: “Por trás de toda crise econômica há um impasse político. A crise brasileira tende a se perpetuar por não sermos capazes de nos voltarmos contra o que perpetua nossa miséria, a saber, não um partido ou outro no poder, mas algo bem pior, a consolidação da classe política brasileira como casta”.
Gente, tem alguns pequenos acréscimos aí ao lado no capítulo 1º de “Viver é muito perigoso”.

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