terça-feira, 8 de setembro de 2015

O MILAGRE DA CRIANÇA MIGRANTE MORTA NA PRAIA


Parece que ainda há jeito para a humanidade, minha gente! Mesmo após veementes advertências e pedidos do papa Francisco de Roma, inclusive com visita à ilha italiana de Lampedusa para chamar atenção para o grave problema e confortar os migrantes, a rica Europa continuou ignorando a maciça migração. Migração proveniente de regiões onde os colonialistas europeus já mandaram e desmandaram (e bote desmando nisso!). De repente, a foto de uma criança afogada numa praia turca produziu o milagre. Vários países se comprometeram a oferecer abrigo e trabalho às vítimas de conflitos e barbárie pseudorreligiosa no Oriente Médio e nordeste da África. Inclusive o Canadá, destino da família daquele garotinho morto praia, que já tinha parentes em Vancouver. Enquanto Abdullah sepultava em Kobane, sua cidade natal síria, esposa e filhos sacrificados pelos traficantes de gente, que ganham fortunas para fazer a travessia dos migrantes, os ministros de Relações Exteriores da União Europeia iniciavam uma tentativa de superar divergências e falsas razões que impedem uma solução humanitária. Até o premiê britânico David Cameron prometeu fazer mais pelos refugiados. Francisco de Roma pediu que toda paróquia, todo convento acolha ao menos uma família.
A guerra civil na Síria, sustentada há anos por um ditador sanguinário contra seus opositores, agora se complica com o Califado, ou Estado Islâmico, ocupando grande parte do território do país. O pai do pequeno Aylan (3 anos), de seu irmãozinho de 5 anos e da mãe dos dois, disse: “De que serve a solidariedade do mundo? Perdi o que mais amava”. A solidariedade aos migrantes atinge níveis sem precedentes na Europa. Até clubes esportivos promovem amistosos com renda a eles destinada.
Incrível, dentro desse contexto, é a Europa ter agido tanto tempo desprezando os que para ali querem migrar. Lembre-se que grandes países europeus decidiram, desde o século 19, que tinham um direito legítimo de invadir e colonizar países da África e Ásia, exploraram as riquezas desses países, até promovendo massacres, como no Congo ex-belga, na Namíbia ex-alemã. Depois da 2ª Guerra Mundial, consentiram em um processo de descolonização de tal feitio que permitiu a subida ao poder de potentados de sua confiança (democracia seria coisa de branco), além da divisão de povos da mesma etnia e da união forçada de povos de etnias inimigas. O que tem provocado genocídios e massacres inomináveis. O neocolonialismo é uma realidade na maioria das ex-colônias. No Oriente Médio, a maldição do petróleo vem infernizando há muito os povos do Iraque, Síria, Arábia Saudita etc., pois as Sete Irmãs (que controlam o petróleo mundial) não querem sócios que não sejam WASP (white, anglo-saxon, protestant).
Esperemos que, a partir do sacrifício do pequeno Aylan, o milagre da solidariedade se torne permanente. E não esqueçamos que, neste nosso país tropical, abençoado ..., migrantes que fogem da fome e da miséria do Haiti, Bolívia, Paraguai estão sendo hostilizados, até mesmo quando legalizados e empregados.

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