terça-feira, 22 de setembro de 2015

NÃO PRECISA ONERAR COM MAIS IMPOSTO QUEM NÃO TEM RENDA



Em vez de desenterrar a famigerada CPMF (o chamado imposto do cheque foi idealizado, antes de adotado no governo de Fernando 2º, para substituir todos os outros e onerar quem pode pagar) e bolar outras maneiras de escorchar ainda mais o contribuinte que não tem dinheiro, o Executivo, secundado pelo Judiciário, deveria é partir para diminuir a dívida ativa da União: R$313 bilhões de dívida previdenciária (assim não tem quem não quebre), R$1,014 trilhão de dívida tributária e R$94,2 bilhões de dívida não tributária. Isso além de acabar com a farra de ministérios para satisfazer políticos sem voto e a dos cargos de confiança, que abrigam cabos eleitorais e também políticos sem voto.
Como afirma o advogado-geral da União, Luís Inácio Adams, trata-se de “um absurdo, não existe país nenhum no mundo que tenha esse estoque de dívida”. As razões que se tem para não pagar o que deve e encarar a dívida ativa são várias. Sobressai, porém, o calote consciente da parte de contribuintes que estão certos de que os seus casos se arrastarão na Justiça e decidem castigar a sociedade. Na Procuradoria Geral da Fazenda Nacional, a diretora de Gestão da Dívida Ativa, Anelize de Almeida, informa que os grandes devedores obedecem a um planejamento tributário, às margens da legalidade, mas cada vez mais institucionalizado. Para tais empresas, não pagar tributos sai mais barato que pegar empréstimo bancário. Essa judicialização deliberada das dívidas é excelente para os caloteiros, pois os juízes demoram muito a decidir que eles têm de pagar.
As empresas se escondem da Justiça através de vários CNPJs, abusam de laranjas, escondem bens. Segundo reportagem de André Barrocal na revista Carta Capital, a legislação brasileira a respeito é muito ruim e defasada, do tempo em que a carga tributária do nosso país era de 20%. Hoje chega a 35%. Além do mais, o Conselho Administrativo de Recursos Fiscais (Carf) mostrou-se vulnerável à corrupção e está sendo devassado pela Operação Zelotes.
Enquanto isso, grandes fortunas e heranças passam longe de tributos, enquanto quem vive de salário (salário seria renda?) é escorchado na fonte. Mesmo que quisesse sonegar não teria como. Ora direis, ouvir estrelas ... como diria o poeta. Se nós temos uma democracia burguesa, a burguesa tem mesmo é que conservar e aumentar seus privilégios. Os petits bourgeois e a classe média média mesmo têm mais é que pagar a conta de maus governos e sonegadores.
Na próxima postagem, darei uma mexida no primeiro capítulo da “Viver é muito perigoso”.

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