segunda-feira, 9 de novembro de 2015

MAS QUE BELEZA! TENHO UM FUSCA E UM VIOLÃO

Sobre o tema tratado na semana passada de energias alternativas anuncia-se a implantação de placas fotovoltaicas flutuantes, pela Chesf (tão sacaneada pelo governo federal), no reservatório de Sobradinho (BA). Também serão instaladas placas assim no reservatório de Balbina (AM) pela Eletronorte. Experiência semelhante já existe num lago de Berkshire, na Inglaterra, que servirá de modelo para as hidrelétricas brasileiras.
Nosso assunto de hoje, porém, é (pasmem!) a Assembleia Legislativa de Pernambuco abrindo a possibilidade de mais desmatamento através de lei que abençoa a supressão de 88,33 hectares no Sertão do Araripe e mais uma lapada no Sertão do Pajeú, tudo atingindo Áreas de Preservação Permanente (APPs). No total já foi oficialmente liberada a destruição de 5.034 hectares apenas em nosso Estado. É incrível como órgãos federais e também estaduais trabalham contra a sociedade e a natureza cooperando para desmatamento e outras malfeitorias; como o Incra, que instala assentamentos em áreas de preservação e permite a assentados a exploração ilegal de madeira. Ou é conivente. Não dá para entender como um país que se pretende civilizado pode funcionar assim.
Só omissão ou conivência mesmo. Pois sabemos como a corrupção está solta neste país tropical. Embora digam que é “abençoado por Deus e bonito por natureza. Mas que beleza! Tenho um fusca e um violão...”. Para vigiar, por exemplo, a contínua e praticamente impune devastação da Floresta Amazônica o governo não poderia mobilizar a FAB e a Marinha de Guerra? É aproveitar já que os militares estão numa certa, digamos, ociosidade já que oficialmente temos paz (apesar da guerra civil do tráfico e de outras explosões de violência) e não há nenhum golpe militar em perspectiva. T’esconjuro! Além disso, temos o Sivam (Sistema de Vigilância da Amazônia), que ninguém sabe como, ou se, funciona a bem do Brasil, pois o eminente xogum Fernando 2º entregou sua operação, de mão beijada, aos Estados Unidos, atendendo a solicitação do seu amigo Bill Clinton, que arranja pra ele conferências bem remuneradas para plateias que gostam de ouvir mesmices.
As fronteiras estão mal guarnecidas, pois, com a crise braba, também o orçamento das forças armadas foi podado barbaramente. Resultado: o contrabando de tudo, inclusive armas, pelos rios das bacias Amazônica e do Paraná-Uruguai, é extremamente facilitado. E a bandidagem fica bem armada; agora principalmente com a extinção praticamente certa do Estatuto do Desarmamento, obra da bancada BBB (boi, bala e Bíblia).
E assim voltamos ao começo. Como pessoas que se dizem nossos representantes podem nos representar tão pouco, prestando seus serviços aos financiadores de suas campanhas? Como é que dona Dilma pode entregar o Ministério da Agricultura à bancada do boi? Como, em um país oficialmente laico, pode haver uma bancada da Bíblia, e bem poderosa. Igreja é uma coisa, partido político é outra.

PS – Lembrando: no próximo domingo, dia 15, às 10h, evento, na igrejinha das Fronteiras, em comemoração dos 50 anos do Pacto das Catacumbas, que, no final do Concílio dos anos 1960, teve a articulação de Dom Helder. O historiador e teólogo Eduardo Hoornaert fará uma reflexão e será lançado o livro O Pacto – Ideário de uma Igreja pobre e servidora.

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