terça-feira, 28 de junho de 2016

MARCO MACIEL, UM CONSERVADOR COM AUTORIDADE E CLASSE

Gente, a “privataria tucana” (não deixem de ler o livro com este título, principalmente agora que o interino golpista e o Serrinha querem privatizar até a alma do Brasil) continua me perseguindo. Desculpem. Um assunto que abordarei hoje é de interesse de todos nós pernambucanos. O Jornal do Commercio de domingo passado trouxe ampla matéria sobre Marco Antônio de Oliveira Maciel, a propósito de seus 50 anos de vida política. Nome de guerra: Marco Maciel. Há algum tempo, saiu de circulação e não se falava mais dele. Estranho no caso de um político de primeira linha. Depois se soube que ele está doente e a família quer preservá-lo. A matéria do JC veio trazer um pouco de luz a essa incômoda treva.
Conheci-o na vida estudantil, depois que voltei à vida civil e, apesar de eu não rezar pela cartilha política dele, sempre que me encontrava me tratava com muita cordialidade, como tratava a todo mundo. Era uma pessoa educada e gentil. Em comum com Marco, eu tenho grande admiração, quase veneração, pelo filósofo francês Jacques Maritain, hoje infelizmente um pouco démodé. Tem um livro dele, Humanisme intégral, que merece sempre ser lido. E a esposa dele, a judia russa Raïssa Oumançof, escreveu sobre o casal, a irmã dela Vera e os amigos o seu precioso Les grandes amitiés.
Por sua ligação com o regime dos generais-ditadores, Marco é espinafrado pela esquerda, mas não o vejo como um reacionário, apenas um conservador convicto e militante. E acredito que, com generais ou sem, ele teria feito uma trajetória política invejável, com muito mais autoridade e classe que a direitona escoiceante que assola o país e, embora sem voto, insiste em governar via golpe.
Ele foi deputado estadual e federal, senador, governador, ministro e vice-presidente da República. Numa fase da vida nacional em que se abriram as estribarias de Áugias (cuja limpeza foi um dos trabalhos de Hércules), com tanta sujeira sendo afinal divulgada e punida, é justo lembrar a retidão moral de Marco Maciel. É um cristão (católico) praticante e convencido do conteúdo do Evangelho de Jesus Cristo. Convém observar que, nessa catarse nacional, o que é lamentável é que um juiz partidário só prende, pressiona e condena quem é da oposição ao governo eleito. (“Isso não se faz, Arnesto”, diria Adoniran Barbosa. Falar nisso, o Arnesto, aquele que convidou a turma para um samba e não foi, morreu, já velhinho.)
Marco Maciel fez escola. Políticos de envergadura nacional, como Gustavo Krause, se confessam “macielistas”. Na geração mais nova, também se dizem “macielistas” Priscila Krause, André de Paula, entre outros. Lembro que a TV Câmara prepara para agosto um documentário sobre o jubileu político de Marco Maciel. No ano que vem, ele e sua esposa Anna Maria também completam 50 anos de casamento.

Em tempo, um abraço meu pra você, Marco Maciel.

terça-feira, 21 de junho de 2016

PROJETO ENTREGUISTA, ANTINACIONAL, DO GOVERNO GOLPISTA

Do amigo Tadeu Colares recebi entrevista assustadora do historiador Luiz Alberto Moniz Bandeira sobre a retomada da dominação econômica e geopolítica dos Estados Unidos sobre seu velho quintal, um pouco mais independente durante governos populares eleitos pelo povo. Antes, peço desculpas pelo atraso na minha postagem do fim de semana, devido às causas de sempre: privataria tucana e péssimos serviços das concessionárias.
Para o historiador, o processo golpista no Brasil recebeu apoio dos EUA e de outros países com interesse nas riquezas do nosso país. Diz que “muito dinheiro correu na campanha pelo impeachment. E a influência dos EUA transparece nos vínculos do juiz Sérgio Moro, que conduz o processo da Lava-Jato. Ele realizou cursos no Departamento de estado em 2007”. O golpe deve ser compreendido dentro do contexto de recomposição da hegemonia estadunidense na América Latina.
Já se negocia, com o governo argentino de Maurío Macri, a implantação de duas bases militares americanas, uma em Ushuaia, na Terra do Fogo, para controlar a Antártida e o Atlântico Sul; a outra na Tríplice Fronteira (onde Washington só vê perigo de terrorismo, devido à presença de migrantes árabes), às bordas do Aquífero Guarani, imenso manancial em torno do qual empresas como Citibank e Deutshe Bank, entre outras, compraram vastas extensões de terra
Moniz Bandeira observa que uma maior presença militar dos EUA na Argentina implica maior infiltração da Otan no Atlântico Sul, onde a Grã-Bretanha já tem uma cunha nas Malvinas. Tudo isso contraria uma resolução das Nações Unidas que, desde 1986, estabelece o Atlântico Sul como “Zona de Paz e Cooperação”. Afinal, para que servem as resoluções da assembleia Geral da ONU. O governo genocida de Israel as desrespeita todas na Palestina, com o aval e apoio dos EUA.
No projeto dos EUA estão o fim do Mercosul, Unasul e órgãos similares, além da derubada de Dilma, a ser substituída por preposto deles. Brics, banco para concorrer com o Bird e o FMI, nem pensar. Vejam o que está fazendo, com grande pressa, o chanceler golpista José Serra. Mas o historiador também vê como muito difícil uma mudança na situação econômica e política da Argentina e do Brasil pelo fato de a China ter-se tornado o principal parceiro comercial do nosso país e o segundo principal da Argentina.
Toda essa estratégia dos EUA e países ricos se inspira, para Moniz Bandeira, no manual Da ditadura à democracia, do prof. Gene Sharp, que é a base para o treinamento de agitadores e ativistas em universidades estadunidenses e em suas embaixadas, para liderar articulações como Estudantes pela Liberdade e Movimento Brasil Livre, financiados, esclarece o historiador, por milionários como David e Charles Koch (Tea Party), Warren Buffet e muitos outros. Parece que a gente está revivendo o pré-golpe de 1964, com o Ibad, Aliança para o Progresso, Peace Corps et caterva.
Ele vê Procuradoria Geral da República, Judiciário e Polícia Federal empenhados em solapar a democracia brasileira, prejudicar empresas nacioinais e abrir caminho para a consolidação de interesses estrangeiros aqui. Vê em perigo também o rearmamento do Brasil com assimilação de tecnologia francesa e sueca, nos casos do submarino nuclear e dos caças para a FAB.

É um projeto antinacional e tanto para um governo tão fraco e incompetente quanto o do interino-golpista.

terça-feira, 14 de junho de 2016

O PRESIDENTE USURPADOR É MAIS GOLPISTA DO QUE A ENCOMENDA. OU, QUEM SABE, A ENCOMENDA É ESSA MESMO

O ínclito provisório-golpista não perde tempo em implantar sua pauta sem votos e escancara sua alma golpista ao elogiar rasgadamente o recém-falecido coronel Jarbas Passarinho, pau pra toda obra do regime da ordem unida. O militar ficou conhecido pela frase que disse ao assinar o AI-5, o instrumento mais acabado da ferocidade da ditadura: “Às favas com os escrúpulos de consciência”. E, para espanto de quem não esperava tanto, namora os milicos atuais, mais voltados para suas tarefas profissionais.
Tem aí um general chamado Sérgio Etchegoyen, de uma família de militares, que é chefe do Gabinete de Segurança Institucional, o qual tem a Agência Brasileira de Inteligência (sucessora do SNI) sob seu comando. Para o general, a Comissão da Verdade é “patética e leviana” ... Bem (ou melhor, mal), o surfista mor do golpe determinou ao general o monitoramento dos movimentos do PT. Seu breve e encalacrado ministro Romero Jucá confessou estar conversando com generais, comandantes militares. O quê? Pra quê? Monitorar o PT inclui, sem dúvida, os movimentos sociais, a Igreja mais afinada com o papa Francisco e tudo o mais que os golpistas detestam. Vem briga por aí, pois os que resistem ativamente ao golpe preparam grandes protestos para o período dos Jogos Olímpicos. E os beleguins do golpe vão ter bastante ocupação caçando manifestantes, cartazes e seus portadores.
Monitorar o PT? Certamente inclui olho mau em Lula, que certamente tem graves defeitos, mas fez o melhor governo historicamente para a Senzala. E, no caso Lula, não tem saída, conforme constata o repórter Maurício Dias. Para ele, pesquisas comprovam que ou Lula é preso agora (Moro, o juiz tucano, já arma o bote) ou será presidente da República novamente. Se preso, vira vítima. Como vítima, só tem de apontar o dedo e elegerá um poste ...
E lá vai o corvo. Já viram como o usurpador parece com Carlos Lacerda, em quem o grande jornalista Samuel Wainer pespegou a alcunha de Corvo? Já o Serra mais parece o fantasma da Ópera. O chanceler do golpe, que se acha nascido para presidente da República, mas não chega lá porque não tem voto (quem tem voto não precisa de golpe), já arma o loteamento do Brasil, no modelo Fernando 2º (FHC).
Lá fora, ele pediu proteção à polícia de François Hollande para poder circular em Paris, pois brasileiros e também estrangeiros não param de se manifestar contra o golpe. E os próprios meios de comunicação social dos países ricos não reconhecem a legitimidade do impedimento de Dilma. O The New York Times pede, em editorial, medalha de ouro para o Brasil em corrupção. Enquanto isso, Serra e o governo sem voto preparam celeremente o loteamento do país, sem excluir pré-sal, Petrobras, Banco do Brasil, Caixa Econômica Federal. O BNDES será preservado provisoriamente para financiar as privatizações. Lembram? O sociólogo sem alunos, aquele que comprou caro sua reeleição, garantia que as privatizações dele inundariam o país de divisas. Na realidade, quase tudo foi financiado por bancos públicos.

Por falar em Fernando 2º, o nosso Pavão Misterioso está empolgado com o golpe e voltou a fazer declarações após um tempo calado quando uma ex-seduzida falou que recebia dinheiro dele, para o filho de ambos, por vias externas pouco ortodoxas. Mas sofreu um tremendo revés quando foi desconvidado para um congresso da Associação de Estudos Latino-Americanos (Lasa), que ocorreu em maio em Nova York. Trata-se de uma das mais prestigiosas entidades científicas de sua área (que FHC julga ser dele). Boa parte dos membros da Lasa passou a desaprovar que o Pavão integrasse uma mesa-redonda no evento, devido à profunda vinculação dele ao golpe do impedimento. Só a nova onda de privatizações preparada pelos sem voto poderá minorar um pouco esse duro golpe no orgulho, empáfia e vaidade do grande homem.

quinta-feira, 9 de junho de 2016

PETRÓLEO. CRISE MUNDIAL. GOVERNO GOLPISTA E ENTREGUISTA. NECESSIDADE DE ABERTURA PARA ENERGIAS ALTERNATIVAS

Hoje, passo a palavra, com a devida permissão, a um professor universitário que entende muito de energia e me enviou comentários sobre a atual crise mundial na área petrolífera, que atinge a Petrobras já duramente afetada pela roubalheira de funcionários e empresários corruptos. Para a Rede Globo e a grande mídia nativa, a crise é só da Petrobras e só existe devido aos governos de Lula e Dilma. Mas as pessoas com um mínimo de esclarecimento sabem que não é assim. Vamos ler o professor Heitor Scalambrini.

A maior das crises da indústria petrolífera
Heitor Scalambrini Costa
Professor aposentado da UFPE
Grandes companhias petrolíferas tem diante de si uma enorme crise em razão de uma conjuntura que combina a queda do preço do petróleo, com excesso de oferta, o arrefecimento da economia chinesa, sendo a China o maior consumidor de petróleo, e o retorno do petróleo iraniano ao mercado. Além da pressão dos acionistas para que o setor se adapte a realidade da vulnerabilidade dos negócios em face das mudanças climáticas. É uma nova crise para entrar na lista das grandes crises da indústria do petróleo com fortes resultados negativos: falências, desemprego e prejuízos, aumentando assim fortemente a insegurança dos investidores na indústria de óleo e gás.
O que se verifica neste contexto é uma movimentação intensa para avaliar e mapear a situação em detalhes, suas consequências, sequelas, e apontar soluções que tragam melhores resultados para as companhias de petróleo e gás, prestadoras de serviços e fornecedoras de equipamentos. Existem fortes razões para concluir que as perdas e danos, com a continuidade da volatilidade do preço do petróleo, serão bem maiores na cadeia de fornecedores e prestadores de serviços.
No Brasil, aliados aos problemas da conjuntura internacional, uma crise sem precedente atingiu a principal empresa nacional, a Petrobras. Responsável por uma cadeia produtiva que representa 13% do produto interno bruto (PIB) brasileiro, sofreu mais ainda com a desvalorização do real ante o dólar, o que contribuiu para aumentar o endividamento da empresa, e com as descobertas decorrentes da Operação Lava Jato.
Com as atividades de exploração e produção (E&P) de petróleo e gás natural no ano de 2013, foram mais de sessenta bilhões de reais de investimentos e 60 mil empregos gerados por essas atividades. No entanto, a partir de 2014, com a reversão do cenário internacional, os problemas de caixa enfrentados pela Petrobras e as mudanças ocorridas no ambiente de negócio da indústria petrolífera nacional provocaram impactos significativos sobre a economia brasileira. A redução do ritmo de investimento na indústria petrolífera, em especial no segmento de E&P, diminuiu drasticamente as variáveis macroeconômicas, como o nível de emprego no setor e a geração de renda. Todavia a situação mais dramática da empresa ocorreu em 2015, quando chegou o risco da execução de suas dividas por não ter seu balanço financeiro avalizado.
Hoje a Petrobras passa, segundo seu ex presidente, “por uma recuperação financeira, redesenho organizacional e da gestão e retomada da credibilidade da empresa”. Contudo pouco se discute no âmbito da empresa sua postura com relação ao seu papel nacional e internacional de ter como principal produto de negócio o maior vilão do aquecimento global, o petróleo. Ao contrário, o que mais se discute é a abertura total do mercado de exploração para atrair grandes corporações para a exploração do pré-sal. Ou seja, o entreguismo de um recurso natural estratégico, não como combustível, mas como insumo para vários setores da economia do futuro.
Para que o governo se alinhe com as preocupações globais com relação à política do clima, é necessário se discutir a transformação/reconversão da companhia em uma empresa de energias renováveis. Respeitando, todavia as questões socioambientais em sua plenitude, e colocando sua responsabilidade corporativa, a da maior empresa nacional, como exemplo a ser seguido pela indústria brasileira, que ainda teima em contrapor preservação ambiental e crescimento econômico.

Neste período sombrio que o país vive, com o conservadorismo em alta e o que há de mais retrógrado na política brasileira no comando do governo interino, difícil acreditar que os atuais dirigentes efetivamente levem em conta as mudanças climáticas, e que sejam consideradas nas políticas públicas. E que a atual direção da Petrobras trilhe o caminho da sustentabilidade. Mas não iremos desistir, pois a luta continua! 

quarta-feira, 8 de junho de 2016

O DIVULGADOR DA ESPIONAGEM GLOBALIZADA DA NSA AFIRMA QUE “TUDO FICOU MAIS CLARO: É GOLPE”

Estimadas e estimados leitoras e leitores, tenho postado aqui comentários sobre o que está ocorrendo com a tentativa de impedimento contra a presidente eleita Dilma Roussef. Não por achá-la uma maravilha e que estivesse governando conforme suas promessas de campanha, mas simplesmente porque foi ela a eleita em 2014 e o complô para tirá-la do Planalto foi urdido, não por ela haver cometido crime de responsabilidade punível com aquele recurso constitucional, mas porque os eternos políticos sem voto que regularmente recorrem ao golpe para impor sua vontade ao povo decidiram dar mais um. Imaginei, talvez ingenuamente, que o Brasil já estivesse maduro para a democracia, a alternância do poder sem recurso a golpes e ditaduras, para ter finalmente uma Constituinte exclusiva (e não feita pelos piores “profissionais” da política como negócio).
Está sendo um desastre. O ministério nomeado por Temer, o novo Carlos Lacerda até pela cara de corvo, parece mais uma quadrilha (vários já foram catapultados); e as acusações do ex-presidente da Transpetro Sérgio Machado detonaram figuras maravilhosas (?!) como o presidente que não foi eleito, mas usurpou o poder que nem Temer, o Ribamar Sarney, Renan Calheiros e outros; e tornaram claro que foi tudo inspirado por outro golpista, Eduardo Cunha. E que o grande objetivo é evitar que a Lava-Jato pare de capturar apenas petistas e outros que apoiam Lula e Dilma e seja forçada (apesar de se tratar de juízes e policiais partidários do frustrado neto de Tancredo) a visar, acusar, prender e sentenciar gente que a estranha operação preferiria deixar de lado, “linda, leve e solta” (lembram daquela novela, parece que Dancing Days?).
Nada contra investigar e punir os que quase arruinaram a Petrobras (que agora o chanceler golpista Serrinha quer entregar às Sete Irmãs do petróleo, o que nem Fernando 2º, FHC, ousou) e empresários corruptores. A questão não é essa. É por que o aparentemente tão zeloso juiz Moro não vê tudo como juiz imparcial, mas como partidário da tucanagem.
Interessante notar como países ricos, como os EUA e os da União Europeia, que apoiaram golpes anteriores, como aquele, tenebroso, de 1964, oficialmente não estão dando aval ao atual golpe. O inefável Serrinha já pediu proteção à polícia francesa para poder aparecer em Paris. Mais recentemente, o jornalista Glenn Greenwald, que se tornou conhecido por ter sido escolhido por Edward Snowden (aquele procurado pelos EUA e refugiado em Moscou) para divulgar a incrível e enorme rede de grampos da National Security Agency dos EUA, a NSA, mais velha que a CIA. Entre outros chefes de governos , Ângela Merkel e Dilma foram espionadas.
Pois bem. Snowden, que mora há anos no Brasil com seu companheiro David Miranda, aderiu à visão do impedimento de Dilma como golpe à brasileira depois de ler as gravações da conversa de Romero Jucá, ex-ministro de Temer, com Sérgio Machado. Disse ele, em entrevista à revista Carta Capital: “Entendi que o impeachment foi desfechado para impedir a Lava-Jato. Mas, em última instância, ele visa a aniquilar o PT e mudar totalmente os rumos do país, impondo políticas que nunca seriam aceitas pela população, pelo voto”.

Sobre a mídia dominante, afirma que ”talvez eu não percebesse antes o quão extremista ela é. Ela faz propaganda. Isso me choca como jornalista”.

sexta-feira, 3 de junho de 2016

“UM POVO, UM ESTADO, UM FÜHRER” ERA O LEMA DO NAZISMO. NETANYAHU SÓ TIROU O FÜHRER

Parece estranho, mas, justamente em países que tanto sofreram com o nazismo, partidos de extrema direita estão prosperando; a exemplo da Hungria, Polônia, Ucrânia. Medo da democracia, um regime que exige um certo jogo de cintura e o respeito às decisões do eleitorado, algo que o Brasil menospreza frequentemente com sua velha tradição de golpes, gritos? Medo da escassez provocada pelo costume capitalista de depredar os recursos naturais?
Há um país, porém, onde não se poderia nunca esperar que uma extrema direita raivosa prosperasse: o Estado de Israel. No entanto, foi o próprio vice-chefe do seu Estado Maior, general Yair Golan, que recentemente fez uma advertência, no dia 5 de maio, quando Israel lembra o Holocausto, afirmando que vê no país dele evidências das mesmas “tendências revoltantes” da Alemanha dos anos 1930. Explica ele que “nada há mais fácil  do que odiar os diferentes; nada mais fácil do que semear medo e terror; nada mais fácil do que se portar como animal e se conformar presunçosamente à maioria”. Claro que ele foi criticado pela maioria conservadora do establishment sionista e obrigado a se desdizer.
Enquanto isso, o primeiro-ministro Benjamin Netanyahu, que, para parecer fisicamente com Hitler, só falta cultivar um bigodinho, fechou a coalizão mais direitista a governar Israel em sua história de 68 anos. E lançou o lema “Um povo, um Estado”, que, para copiar Hitler, só falta acrescentar “Um Führer”: “Ein Volk, ein Reich, ein Führer”. Não leva em consideração as minorias árabe e drusa.
Eu tenho dúvidas sobre a necessidade da criação de um Estado judaico, sobretudo quando esse Estado expulsou palestinos estabelecidos milenarmente numa terra considerada santa por judeus e cristãos. E tenho todo o cuidado ao tratar desse assunto para não dar a impressão de antijudaísmo. Um cristão, apesar da tumultuada história de perseguições aos israelitas, não pode ser antijudeu, pois Jesus Cristo, Nossa Senhora, os apóstolos e os primeiros cristãos eram judeus. Aqui no nosso país, temos uma história de respeito a imigrantes de todas as procedências, e especificamente os judeus só padeceram preconceito no Estado Novo, quando o nazista Filinto Müller era chefe de polícia de Getúlio e os filonazistas Eurico Dutra e Goes Monteiro mandavam no Exército. Tem mais: a grande maioria dos nordestinos tem sangue judeu, através dos assim ditos “cristãos novos”, ou judeus que fingiam se converter para escapar da Inquisição, mas praticavam secretamente a religião do Antigo Testamento. No Recife, temos a sinagoga mais antiga das Américas, Kahal Zur Israel, criada quando os tolerantes holandeses mandavam no pedaço.

Lembremos, antes de findar, o livro The ethnic cleansig of Palestine, que li na tradução em francês, do historiador Ilan Pappe, que é judeu e cidadão israelense e mostra, com fatos, o genocídio cometido pelos sionistas, que controlam o Estado e o governo de Israel, na Palestina desde a guerra pela independência até hoje.