Gente, a “privataria tucana” (não deixem de ler
o livro com este título, principalmente agora que o interino golpista e o
Serrinha querem privatizar até a alma do Brasil) continua me perseguindo.
Desculpem. Um assunto que abordarei hoje é de interesse de todos nós
pernambucanos. O Jornal do Commercio
de domingo passado trouxe ampla matéria sobre Marco Antônio de Oliveira Maciel,
a propósito de seus 50 anos de vida política. Nome de guerra: Marco Maciel. Há
algum tempo, saiu de circulação e não se falava mais dele. Estranho no caso de
um político de primeira linha. Depois se soube que ele está doente e a família
quer preservá-lo. A matéria do JC
veio trazer um pouco de luz a essa incômoda treva.
Conheci-o na vida estudantil, depois que
voltei à vida civil e, apesar de eu não rezar pela cartilha política dele,
sempre que me encontrava me tratava com muita cordialidade, como tratava a todo
mundo. Era uma pessoa educada e gentil. Em comum com Marco, eu tenho grande
admiração, quase veneração, pelo filósofo francês Jacques Maritain, hoje
infelizmente um pouco démodé. Tem um livro dele, Humanisme intégral, que merece sempre ser lido. E a esposa dele, a
judia russa Raïssa Oumançof, escreveu sobre o casal, a irmã dela Vera e os
amigos o seu precioso Les grandes amitiés.
Por sua ligação com o regime dos
generais-ditadores, Marco é espinafrado pela esquerda, mas não o vejo como um
reacionário, apenas um conservador convicto e militante. E acredito que, com
generais ou sem, ele teria feito uma trajetória política invejável, com muito
mais autoridade e classe que a direitona escoiceante que assola o país e,
embora sem voto, insiste em governar via golpe.
Ele foi deputado estadual e federal, senador,
governador, ministro e vice-presidente da República. Numa fase da vida nacional
em que se abriram as estribarias de Áugias (cuja limpeza foi um dos trabalhos
de Hércules), com tanta sujeira sendo afinal divulgada e punida, é justo
lembrar a retidão moral de Marco Maciel. É um cristão (católico) praticante e
convencido do conteúdo do Evangelho de Jesus Cristo. Convém observar que, nessa
catarse nacional, o que é lamentável é que um juiz partidário só prende,
pressiona e condena quem é da oposição ao governo eleito. (“Isso não se faz,
Arnesto”, diria Adoniran Barbosa. Falar nisso, o Arnesto, aquele que convidou a
turma para um samba e não foi, morreu, já velhinho.)
Marco Maciel fez escola. Políticos de
envergadura nacional, como Gustavo Krause, se confessam “macielistas”. Na
geração mais nova, também se dizem “macielistas” Priscila Krause, André de
Paula, entre outros. Lembro que a TV Câmara prepara para agosto um documentário
sobre o jubileu político de Marco Maciel. No ano que vem, ele e sua esposa Anna
Maria também completam 50 anos de casamento.
Em tempo, um abraço meu pra você, Marco
Maciel.