quinta-feira, 9 de junho de 2016

PETRÓLEO. CRISE MUNDIAL. GOVERNO GOLPISTA E ENTREGUISTA. NECESSIDADE DE ABERTURA PARA ENERGIAS ALTERNATIVAS

Hoje, passo a palavra, com a devida permissão, a um professor universitário que entende muito de energia e me enviou comentários sobre a atual crise mundial na área petrolífera, que atinge a Petrobras já duramente afetada pela roubalheira de funcionários e empresários corruptos. Para a Rede Globo e a grande mídia nativa, a crise é só da Petrobras e só existe devido aos governos de Lula e Dilma. Mas as pessoas com um mínimo de esclarecimento sabem que não é assim. Vamos ler o professor Heitor Scalambrini.

A maior das crises da indústria petrolífera
Heitor Scalambrini Costa
Professor aposentado da UFPE
Grandes companhias petrolíferas tem diante de si uma enorme crise em razão de uma conjuntura que combina a queda do preço do petróleo, com excesso de oferta, o arrefecimento da economia chinesa, sendo a China o maior consumidor de petróleo, e o retorno do petróleo iraniano ao mercado. Além da pressão dos acionistas para que o setor se adapte a realidade da vulnerabilidade dos negócios em face das mudanças climáticas. É uma nova crise para entrar na lista das grandes crises da indústria do petróleo com fortes resultados negativos: falências, desemprego e prejuízos, aumentando assim fortemente a insegurança dos investidores na indústria de óleo e gás.
O que se verifica neste contexto é uma movimentação intensa para avaliar e mapear a situação em detalhes, suas consequências, sequelas, e apontar soluções que tragam melhores resultados para as companhias de petróleo e gás, prestadoras de serviços e fornecedoras de equipamentos. Existem fortes razões para concluir que as perdas e danos, com a continuidade da volatilidade do preço do petróleo, serão bem maiores na cadeia de fornecedores e prestadores de serviços.
No Brasil, aliados aos problemas da conjuntura internacional, uma crise sem precedente atingiu a principal empresa nacional, a Petrobras. Responsável por uma cadeia produtiva que representa 13% do produto interno bruto (PIB) brasileiro, sofreu mais ainda com a desvalorização do real ante o dólar, o que contribuiu para aumentar o endividamento da empresa, e com as descobertas decorrentes da Operação Lava Jato.
Com as atividades de exploração e produção (E&P) de petróleo e gás natural no ano de 2013, foram mais de sessenta bilhões de reais de investimentos e 60 mil empregos gerados por essas atividades. No entanto, a partir de 2014, com a reversão do cenário internacional, os problemas de caixa enfrentados pela Petrobras e as mudanças ocorridas no ambiente de negócio da indústria petrolífera nacional provocaram impactos significativos sobre a economia brasileira. A redução do ritmo de investimento na indústria petrolífera, em especial no segmento de E&P, diminuiu drasticamente as variáveis macroeconômicas, como o nível de emprego no setor e a geração de renda. Todavia a situação mais dramática da empresa ocorreu em 2015, quando chegou o risco da execução de suas dividas por não ter seu balanço financeiro avalizado.
Hoje a Petrobras passa, segundo seu ex presidente, “por uma recuperação financeira, redesenho organizacional e da gestão e retomada da credibilidade da empresa”. Contudo pouco se discute no âmbito da empresa sua postura com relação ao seu papel nacional e internacional de ter como principal produto de negócio o maior vilão do aquecimento global, o petróleo. Ao contrário, o que mais se discute é a abertura total do mercado de exploração para atrair grandes corporações para a exploração do pré-sal. Ou seja, o entreguismo de um recurso natural estratégico, não como combustível, mas como insumo para vários setores da economia do futuro.
Para que o governo se alinhe com as preocupações globais com relação à política do clima, é necessário se discutir a transformação/reconversão da companhia em uma empresa de energias renováveis. Respeitando, todavia as questões socioambientais em sua plenitude, e colocando sua responsabilidade corporativa, a da maior empresa nacional, como exemplo a ser seguido pela indústria brasileira, que ainda teima em contrapor preservação ambiental e crescimento econômico.

Neste período sombrio que o país vive, com o conservadorismo em alta e o que há de mais retrógrado na política brasileira no comando do governo interino, difícil acreditar que os atuais dirigentes efetivamente levem em conta as mudanças climáticas, e que sejam consideradas nas políticas públicas. E que a atual direção da Petrobras trilhe o caminho da sustentabilidade. Mas não iremos desistir, pois a luta continua! 

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