Estimadas e estimados leitoras e leitores,
tenho postado aqui comentários sobre o que está ocorrendo com a tentativa de
impedimento contra a presidente eleita Dilma Roussef. Não por achá-la uma
maravilha e que estivesse governando conforme suas promessas de campanha, mas
simplesmente porque foi ela a eleita em 2014 e o complô para tirá-la do
Planalto foi urdido, não por ela haver cometido crime de responsabilidade
punível com aquele recurso constitucional, mas porque os eternos políticos sem
voto que regularmente recorrem ao golpe para impor sua vontade ao povo decidiram
dar mais um. Imaginei, talvez ingenuamente, que o Brasil já estivesse maduro
para a democracia, a alternância do poder sem recurso a golpes e ditaduras,
para ter finalmente uma Constituinte exclusiva (e não feita pelos piores
“profissionais” da política como negócio).
Está sendo um desastre. O ministério nomeado
por Temer, o novo Carlos Lacerda até pela cara de corvo, parece mais uma
quadrilha (vários já foram catapultados); e as acusações do ex-presidente da
Transpetro Sérgio Machado detonaram figuras maravilhosas (?!) como o presidente
que não foi eleito, mas usurpou o poder que nem Temer, o Ribamar Sarney, Renan
Calheiros e outros; e tornaram claro que foi tudo inspirado por outro golpista,
Eduardo Cunha. E que o grande objetivo é evitar que a Lava-Jato pare de
capturar apenas petistas e outros que apoiam Lula e Dilma e seja forçada
(apesar de se tratar de juízes e policiais partidários do frustrado neto de
Tancredo) a visar, acusar, prender e sentenciar gente que a estranha operação
preferiria deixar de lado, “linda, leve e solta” (lembram daquela novela,
parece que Dancing Days?).
Nada contra investigar e punir os que quase
arruinaram a Petrobras (que agora o chanceler golpista Serrinha quer entregar
às Sete Irmãs do petróleo, o que nem Fernando 2º, FHC, ousou) e empresários
corruptores. A questão não é essa. É por que o aparentemente tão zeloso juiz
Moro não vê tudo como juiz imparcial, mas como partidário da tucanagem.
Interessante notar como países ricos, como os
EUA e os da União Europeia, que apoiaram golpes anteriores, como aquele,
tenebroso, de 1964, oficialmente não estão dando aval ao atual golpe. O
inefável Serrinha já pediu proteção à polícia francesa para poder aparecer em
Paris. Mais recentemente, o jornalista Glenn Greenwald, que se tornou conhecido
por ter sido escolhido por Edward Snowden (aquele procurado pelos EUA e
refugiado em Moscou) para divulgar a incrível e enorme rede de grampos da
National Security Agency dos EUA, a NSA, mais velha que a CIA. Entre outros
chefes de governos , Ângela Merkel e Dilma foram espionadas.
Pois bem. Snowden, que mora há anos no Brasil
com seu companheiro David Miranda, aderiu à visão do impedimento de Dilma como
golpe à brasileira depois de ler as gravações da conversa de Romero Jucá,
ex-ministro de Temer, com Sérgio Machado. Disse ele, em entrevista à revista Carta Capital: “Entendi que o
impeachment foi desfechado para impedir a Lava-Jato. Mas, em última instância, ele
visa a aniquilar o PT e mudar totalmente os rumos do país, impondo políticas
que nunca seriam aceitas pela população, pelo voto”.
Sobre a mídia dominante, afirma que ”talvez
eu não percebesse antes o quão extremista ela é. Ela faz propaganda. Isso me
choca como jornalista”.
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