Parece estranho, mas, justamente em países
que tanto sofreram com o nazismo, partidos de extrema direita estão
prosperando; a exemplo da Hungria, Polônia, Ucrânia. Medo da democracia, um
regime que exige um certo jogo de cintura e o respeito às decisões do
eleitorado, algo que o Brasil menospreza frequentemente com sua velha tradição
de golpes, gritos? Medo da escassez provocada pelo costume capitalista de
depredar os recursos naturais?
Há um país, porém, onde não se poderia nunca
esperar que uma extrema direita raivosa prosperasse: o Estado de Israel. No
entanto, foi o próprio vice-chefe do seu Estado Maior, general Yair Golan, que
recentemente fez uma advertência, no dia 5 de maio, quando Israel lembra o
Holocausto, afirmando que vê no país dele evidências das mesmas “tendências
revoltantes” da Alemanha dos anos 1930. Explica ele que “nada há mais
fácil do que odiar os diferentes; nada
mais fácil do que semear medo e terror; nada mais fácil do que se portar como
animal e se conformar presunçosamente à maioria”. Claro que ele foi criticado pela
maioria conservadora do establishment sionista e obrigado a se desdizer.
Enquanto isso, o primeiro-ministro Benjamin
Netanyahu, que, para parecer fisicamente com Hitler, só falta cultivar um
bigodinho, fechou a coalizão mais direitista a governar Israel em sua história
de 68 anos. E lançou o lema “Um povo, um Estado”, que, para copiar Hitler, só
falta acrescentar “Um Führer”: “Ein Volk, ein Reich, ein Führer”. Não leva em
consideração as minorias árabe e drusa.
Eu tenho dúvidas sobre a necessidade da
criação de um Estado judaico, sobretudo quando esse Estado expulsou palestinos
estabelecidos milenarmente numa terra considerada santa por judeus e cristãos.
E tenho todo o cuidado ao tratar desse assunto para não dar a impressão de
antijudaísmo. Um cristão, apesar da tumultuada história de perseguições aos
israelitas, não pode ser antijudeu, pois Jesus Cristo, Nossa Senhora, os
apóstolos e os primeiros cristãos eram judeus. Aqui no nosso país, temos uma
história de respeito a imigrantes de todas as procedências, e especificamente
os judeus só padeceram preconceito no Estado Novo, quando o nazista Filinto
Müller era chefe de polícia de Getúlio e os filonazistas Eurico Dutra e Goes
Monteiro mandavam no Exército. Tem mais: a grande maioria dos nordestinos tem
sangue judeu, através dos assim ditos “cristãos novos”, ou judeus que fingiam
se converter para escapar da Inquisição, mas praticavam secretamente a religião
do Antigo Testamento. No Recife, temos a sinagoga mais antiga das Américas,
Kahal Zur Israel, criada quando os tolerantes holandeses mandavam no pedaço.
Lembremos, antes de findar, o livro The ethnic cleansig of Palestine, que li
na tradução em francês, do historiador Ilan Pappe, que é judeu e cidadão
israelense e mostra, com fatos, o genocídio cometido pelos sionistas, que
controlam o Estado e o governo de Israel, na Palestina desde a guerra pela
independência até hoje.
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