terça-feira, 23 de fevereiro de 2016

HOSPÍCIO GOVERNADO POR LOUCOS

Um inglês chamado David Lloyd George, após olhar para o resultado de todas as arbitrariedades e outros malfeitos cometidos pelo Império Britânico e seus associados da Europa rica (e, mais tarde, dos Estados Unidos), chegou à conclusão de que “o mundo está se tornando um hospício dirigido pelos loucos”. De fato, quando lembramos as duas guerras mundiais (1914-18 e 1939-45), que fizeram a festa da indústria bélica, estamos diante da insanidade. A paz subsequente à 2ª Guerra Mundial durou somente cinco anos, pois, em 1950, a indústria bélica estadunidense já estava impaciente com a queda de seus lucros e empurrou os EUA para a Guerra da Coreia.
O novo Império (EUA) tomou gosto e não parou mais. Golpes na América Latina e pelo mundo a fora, para enquadrar todo mundo na Guerra Fria (democracia seria, para eles, coisa de wasp, ou seja, american, anglo-saxon, protestant). Foram até o Vietnam, de onde Ho Chi-Minh já havia botado os franceses para correr na batalha de Diem Bien-Phu. Depois de muita carnificina, com direito a armas químicas (que os estadunidenses só veem nas mãos de inimigos) os vietnamitas botaram também os americanos lá de riba pra correr, vergonhosamente. Aviões fugiam de Saigon (hoje rebatizada de Ho Chi-Minh) abarrotados de gente, enquanto tropas do norte e guerrilheiros tomavam a capital do Estado fictício estabelecido no sul.
A União Soviética não ficou atrás, espalhando guerra e intervenção (Hungria, Tchecoslováquia) pra lá e pra cá, mas numa escala bem menor que a da outra superpotência. Sua última aventura foi invadir o Afeganistão, depois ocupado pelos EUA sem que em nada melhorasse a sorte de um país dividido em tribos e indomável. Não só nesse país, o terrorismo de facções extremistas faz vítimas quase diariamente.
Quando a gente considera principalmente o Oriente Médio, não deve esquecer o que a Europa rica fez de mal àqueles povos. As Cruzadas, justificadas como reconquista dos lugares santos do cristianismo (para quê?), constituíram de fato o primeiro grito de guerra do colonialismo, que recrudesceu nos séculos 16 e seguintes. Claro que os exércitos arrebanhados por príncipes e papas não se compunham de congregados marianos, santas figuras. As barbaridades que eles praticaram por ali são incontáveis. Basta lembrar que mataram também muitos cristãos orientais. Se estavam vestidos como os outros orientais, não poderiam ser cristãos, no raciocínio eurocêntrico. Cristão só vestido à moda europeia!
Depois da derrubada do Império Otomano (dedo dos conterrâneos do acima citado David Lloyd George, com o charme de Lawrence da Arábia), o imperialismo europeu deitou e rolou na Palestina, Síria, antiga Mesopotâmia (Iraque), Arábia. Dividiram tudo de acordo com seus interesses, criando limites artificiais entre povos e não levando em consideração etnias que ficaram sem Estado, como curdos e armênios. Os britânicos se deram ao luxo de criar um Estado artificial, o Kwait, cujo território historicamente sempre foi ligado ao Iraque. Tem muito petróleo. Aliás, o petróleo é a riqueza e desgraça do Oriente Médio. O Irã já teve, faz tempo, um primeiro-ministro nacionalista, Mossadegh, que nacionalizou o ouro preto. Pra que, minha gente? Foi derrubado com um golpe e o xá (como chamavam o rei de lá, pré-Revolução Islâmica) fez uma aliança eterna, enquanto durou, como dizia Vinícius, com os imperialistas.
E ainda reclamam de atentados de fanáticos, do avanço do Califado ou Estado Islâmico. E um ditador hereditário que governa a Síria parece que vai terminar escapando dos que desejavam derrubá-lo. Tem a ajuda poderosa da Rússia e agora querem dar-lhe uma trégua para todo mundo se juntar contra o Califado. Assad, o ditador, já marcou até eleições legislativas.

É muita loucura e muito hospício.

Nenhum comentário: