Um inglês chamado David Lloyd George, após
olhar para o resultado de todas as arbitrariedades e outros malfeitos cometidos
pelo Império Britânico e seus associados da Europa rica (e, mais tarde, dos Estados
Unidos), chegou à conclusão de que “o mundo está se tornando um hospício
dirigido pelos loucos”. De fato, quando lembramos as duas guerras mundiais
(1914-18 e 1939-45), que fizeram a festa da indústria bélica, estamos diante da
insanidade. A paz subsequente à 2ª Guerra Mundial durou somente cinco anos,
pois, em 1950, a indústria bélica estadunidense já estava impaciente com a
queda de seus lucros e empurrou os EUA para a Guerra da Coreia.
O novo Império (EUA) tomou gosto e não parou
mais. Golpes na América Latina e pelo mundo a fora, para enquadrar todo mundo
na Guerra Fria (democracia seria, para eles, coisa de wasp, ou seja, american,
anglo-saxon, protestant). Foram até o Vietnam, de onde Ho Chi-Minh já havia
botado os franceses para correr na batalha de Diem Bien-Phu. Depois de muita
carnificina, com direito a armas químicas (que os estadunidenses só veem nas
mãos de inimigos) os vietnamitas botaram também os americanos lá de riba pra
correr, vergonhosamente. Aviões fugiam de Saigon (hoje rebatizada de Ho
Chi-Minh) abarrotados de gente, enquanto tropas do norte e guerrilheiros
tomavam a capital do Estado fictício estabelecido no sul.
A União Soviética não ficou atrás, espalhando
guerra e intervenção (Hungria, Tchecoslováquia) pra lá e pra cá, mas numa
escala bem menor que a da outra superpotência. Sua última aventura foi invadir
o Afeganistão, depois ocupado pelos EUA sem que em nada melhorasse a sorte de
um país dividido em tribos e indomável. Não só nesse país, o terrorismo de
facções extremistas faz vítimas quase diariamente.
Quando a gente considera principalmente o
Oriente Médio, não deve esquecer o que a Europa rica fez de mal àqueles povos.
As Cruzadas, justificadas como reconquista dos lugares santos do cristianismo
(para quê?), constituíram de fato o primeiro grito de guerra do colonialismo,
que recrudesceu nos séculos 16 e seguintes. Claro que os exércitos arrebanhados
por príncipes e papas não se compunham de congregados marianos, santas figuras.
As barbaridades que eles praticaram por ali são incontáveis. Basta lembrar que
mataram também muitos cristãos orientais. Se estavam vestidos como os outros
orientais, não poderiam ser cristãos, no raciocínio eurocêntrico. Cristão só
vestido à moda europeia!
Depois da derrubada do Império Otomano (dedo
dos conterrâneos do acima citado David Lloyd George, com o charme de Lawrence
da Arábia), o imperialismo europeu deitou e rolou na Palestina, Síria, antiga
Mesopotâmia (Iraque), Arábia. Dividiram tudo de acordo com seus interesses,
criando limites artificiais entre povos e não levando em consideração etnias
que ficaram sem Estado, como curdos e armênios. Os britânicos se deram ao luxo
de criar um Estado artificial, o Kwait, cujo território historicamente sempre
foi ligado ao Iraque. Tem muito petróleo. Aliás, o petróleo é a riqueza e
desgraça do Oriente Médio. O Irã já teve, faz tempo, um primeiro-ministro
nacionalista, Mossadegh, que nacionalizou o ouro preto. Pra que, minha gente?
Foi derrubado com um golpe e o xá (como chamavam o rei de lá, pré-Revolução
Islâmica) fez uma aliança eterna, enquanto durou, como dizia Vinícius, com os
imperialistas.
E ainda reclamam de atentados de fanáticos,
do avanço do Califado ou Estado Islâmico. E um ditador hereditário que governa
a Síria parece que vai terminar escapando dos que desejavam derrubá-lo. Tem a
ajuda poderosa da Rússia e agora querem dar-lhe uma trégua para todo mundo se
juntar contra o Califado. Assad, o ditador, já marcou até eleições
legislativas.
É muita loucura e muito hospício.
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