terça-feira, 30 de agosto de 2016

DEUS NÃO SERIA BRASILEIRO? OU TRATA-SE DE UMA PAUSA?

Há essa brincadeira de que Deus é brasileiro. Quando foi escolhido um papa argentino, enfim um papa cristão, diziam que o papa é argentino, mas Deus continua brasileiro ... Gente, levando-se em conta a má qualidade da nossa assim dita representação popular, a presidente Dilma, que tem graves defeitos, mas foi eleita democraticamente, está definitivamente fora do Planalto. Tudo indica que o Congresso Nacional se entende bem com ditaduras e golpes. A não ser na ditadura do Estado Novo, permanece aberto e com os integrantes embolsando seus soldos. Quando um ditador plantonista tipo Geisel tem um surto e manda fechá-lo, ele continua impávido como instituição decorativa. Foi responsável pela rápida aceitação de renúncia de Jânio Quadros, ensaio para a longa ditadura de 1964-1985. Também aceitou às carreiras e sem exame declarar vacante a Presidência da República quando João Goulart permanecia em território nacional. Para abrir caminho à gorilada que vinha da selva (ou quem assassinou, torturou, cassou direitos não é selvagem?). Aliás, nem precisava esse açodamento. Bastava os marines dos EUA, que aguardavam na costa do Espírito Santo, desembarcarem (isso está documentado em papéis do Pentágono liberados).
Agora o usurpador Michel Temer, que traiu a companheira de chapa, sem a qual não estaria no Jaburu, tem mais de dois anos para completar o programa entreguista dos dois Fernandos, o 1º, Collor, e o 2º, FHC. A Petrobras já começou a ser fatiada para não custar muito caro às concorrentes estrangeiras. Já entregaram uma banda do pré-sal por um quinto do valor real. Banco do Brasil, Caixa e BNDES que se cuidem. Lembremos que, nessa sanha por derrubar Dilma, revelaram-se golpistas figuras como Fernando 2º, Serra, o netinho mimado de Tancredo Neves, uma porção de gente que se apresentava e continua se apresentando como democrata.
Por ao menos dois anos, será adiado o debate sobre regulação da mídia eletrônica. A Globo prosseguirá criando canais a mancheias para sonegar notícias, interpretá-las à sua maneira, manipulá-las. A TV Brasil e outras tevês públicas estão sendo assaltadas. Apesar do blá-blá-blá hipócrita de uma caterva de parlamentares, não haverá reforma política. Como iriam nossas vestais e varões de Plutarco derrubar mordomias e suas vergonhosas maneiras de se elegerem; acabar com partidos de aluguel como o PPS e tantos outros; diminuir o exagerado número de representantes; diminuir ao menos um pouquinho sua postura de classe?

Educação e saúde, que ganhariam muito com o resultado da exploração do pré-sal, que esperem melhores dias. Aguardemos que seja por pouco tempo, embora muita coisa seja irreversível. O “imparcialíssimo” juiz Sérgio Moro não sossega enquanto não pegar Lula. Por quê? E Aécio, Renan, tantos outros do lado tucano ou antipetista? Mas, segundo argutos observadores de toda essa sem-vergonhice que assola o país, se Lula (não estou dizendo que ele é santo) não for preso, se candidata a presidente e se elege. Se for preso, qualquer poste que ele indicar ganha. Se ficar, o bicho come; se correr, o bicho pega. É que o brasileiro se conscientizou mais politicamente neste século, enquanto também ascendia economicamente graças a políticas sociais. Daí a necessidade do golpe institucional em curso. Em 1964, também havia crescido muito uma conscientização abominada pela direitona da casa-grande. Golpe nesses metidos a coisa. Deu no que deu. Que Nossa Senhora do O nos proteja.

terça-feira, 23 de agosto de 2016

APARECE AGORA NOVA CATEGORIA, A DOS SEM BANCO

Gente, a “privataria tucana” desta vez exagerou. Estamos há uma semana sem acesso à internet. O provedor é uma tal de BBC Tech, que chegou aqui em Aldeia prometendo mundos e fundos e agora está ficando com os fundos imundos, como se diz lá na minha outrora longínqua terra, Vitória de Santo Antão. A gente liga pra lá e eles se escondem, não atendem. Quando afinal se consegue ligar, prometem ir ao condomínio, mas não aparecem. Esse pessoal surfa na incompetência e ausência na Anatel, que aparentemente só serve para conceder aumento de tarifas. Apelar pra quem? Com esse desgoverno aí surgido do golpe institucional contra os eleitores, que, para golpistas, não merecem respeito, a coisa só tende a piorar. Estão a serviço da casa-grande, que recebe atenção prioritária.
Trato hoje da nova categoria surgida há algum tempo em nosso Estado, a dos sem banco. Na Região Metropolitana, Mata, Agreste e Sertão, já é uma boa quantidade de cidades que tiveram bancos assaltados. Dizer isso é pouco: estão sendo destruídos em operações de guerra com fuzis 762 e 556 e metralhadoras .50, capazes de derrubar um helicóptero. Tudo muito organizado e sempre levando vantagem sobre a polícia. Seriam as polícias Civil e Militar operacionalmente ruins? Haveria conivência de funcionários corruptos? Alguns comandantes do interior estão se organizando para juntar efetivos de mais de uma cidade para fazer rondas comuns, o que tem dado algum resultado. Já conseguiram prender bandidos e evitar assaltos.
As cidades vítimas só parecem remotas vilas do Far West estadunidense quando lá chegavam bandos de fora-da-lei. Além do susto e perigo a que as populações ficam expostas, usuários de bancos, como correntistas, aposentados, não têm mais onde depositar e pegar dinheiro. São obrigados a procurar bancos em cidades ainda livres de assaltos, o que significa perda de tempo e dinheiro, um sacrifício a mais para quem já tem pouco.
Quando a ação dos bandidos se limitava a estourar caixas eletrônicos, os bancos consertavam o que havia sido danificado e tocavam adiante. Agora que é operação de guerra mesmo, com destruição dos imóveis, as matrizes dos bancos resolveram simplesmente aguardar melhores dias. Daí a aparição da classe dos sem banco.
A epidemia de violência só faz aumentar. Acredito, como muita gente, que uma base de solução, ou grande melhora, seria acabar com a distinção entre droga lícita e droga ilícita. Se o cara pode tomar bebida alcoólica excessivamente, acabar com a saúde, fumar desbragadamente nicotina comprometendo os pulmões, por que não poderia usar outras drogas. Preocupação do governo com a saúde pública (rá,rá,rá) ou submissão a ditames dos Estados Unidos? Claro que não estou fazendo apologia do uso de drogas. Ao contrário, deixei o fumo há muitíssimo tempo e estou em processo de me abster também do escocês, da caninha, cerveja, vinho.
Hipocrisia também? Os tão cristãos e democráticos britânicos já provocaram duas guerras do ópio para obrigar os chineses a produzir e consumir essa droga, que dava muito lucro ao império. Hoje combatem as drogas, como os EUA. A política destes é combater, por exemplo, o cultivo de coca na Bolívia, nos Andes; mas pouco fazem para acabar com o consumo interno dos gringos. O presidente da Bolívia, finalmente um indígena, Evo Morales, não proíbe o cultivo da coca, apenas combate a produção de cocaína, droga braba. Nos Andes, os indígenas consomem folhas da planta para combater fome e frio. Costume milenar.

PS – Está nas livrarias mais uma produção de José Paulo Cavalcanti, autor de Fernando Pessoa uma quase autobiografia. É Somente a verdade (Record). Trata-se de contos baseados em casos reais. Uma tradução de Fernando Pessoa sai na França no final do ano e já há traduções contratadas ou em negociação na Alemanha, Rússia e Holanda.

sexta-feira, 19 de agosto de 2016

SERIAM AS ENERGIAS DITAS LIMPAS TAMBÉM POLUENTES? QUESTIONAMENTOS DE UM ESPECIALISTA

Gente amiga, continuo driblando problemas da “privataria tucana”. Passo hoje a vocês um artigo do professor Heitor Scalambrini Costa (UFPE) sobre energia, uma especialidade dele. Fala de senões que também atingiriam as chamadas energias limpas. Como não sou do ramo, não tenho condições de julgar o posicionamento dele. Mas creio que vale a pena tomar conhecimento de seus questionamentos; por ser um prestigiado cientista, acadêmico, professor, pesquisador.

Com a palavra o professor:

                             DEBATE ENERGÉTICO ENVIESADO

                                                                         Heitor Scalambrini Costa
                                                                    Professor aposentado da UFPE

A matéria publicada na revista Caros Amigos (no 232/2016) intitulada “Sobre o mito da energia limpa”, da jornalista Lillian Primi, foi a motivação dos comentários que faço a seguir. Falar em energia nos aproxima de temas correlatos como economia, meio ambiente, tecnologia, modelo de sociedade. Logo, difícil, ou quase impossível, encontrar consensos nesta discussão.
Todavia alguns pontos são inquestionáveis, e mesmo assim conceitos são deturpados junto à população. É o caso do uso frequente do termo “energia limpa”. Toda fonte energética ao ser convertida em outra forma produz algum tipo de resíduo, emissão, contaminação, poluição, que afeta o meio ambiente e as pessoas. Além de que as obras e instalações realizadas para o processo de geração, dentro do modelo de expansão vigente, e mesmo a transmissão da energia, provocam danos, expulsões, privações, prejuízos, destruições de vidas e de bens muitas vezes permanentes e irreversíveis. Portanto é falso e desaconselhável o uso deste termo. Meros interesses econômicos da mídia corporativa, aliada das empresas, tentam confundir quando antepõem energia limpa versus energia suja.
Fato é que as chamadas fontes não renováveis - petróleo, gás natural, carvão e minérios radioativos são - as principais responsáveis pelo aquecimento global, pelas emissões que provocam, e consequentemente, pelas mudanças climáticas que ocorrem no planeta. Evidentemente, este efeito é agravado de maneira substancial pelo modo de produção e consumo da atual civilização. E aqui é ressaltado o papel nefasto do petróleo e seus derivados como o inimigo número um no aquecimento global.
Por outro lado, as fontes renováveis de energia - sol, vento, água, biomassa - são as que menos contribuem para as emissões de gases de efeito estufa, e consequentemente para as mudanças climáticas. Mas aí tem um porém, e que foi muito bem registrado na referida matéria sobre os problemas socioambientais causados pela geração centralizada da energia eólica, e o que tudo indica também da energia solar fotovoltaica. O atual modelo de implantação e expansão destas tecnologias é tão catastrófico do ponto de vista socioambiental, como o do uso das fontes não renováveis. Neste caso, a vantagem comparativa inexiste. É o que ocorre atualmente no Nordeste brasileiro com a devastação do bioma caatinga, e com as mudanças dos modos de vida infligidas às populações que se dedicavam à pesca, coleta de mariscos, e agricultura familiar.
Há uma discussão sobre a questão das mega-hidroelétricas com a construção das barragens. Alguns gestores públicos, membros da academia, técnicos e grupos empresariais ainda insistem na defesa de grandes e destruidores empreendimentos, onde as desvantagens superam em muito as vantagens. Os deslocamentos de milhares de pessoas acarretam danos irreversíveis a essas populações, conforme constatações históricas. Por outro lado, é consenso que as hidroelétricas também emitem uma considerável quantidade de GEE, principalmente o metano resultante da degradação microbiológica da matéria orgânica existente nos reservatórios. Todavia, os defensores desta tecnologia, após terem que aceitar esta constatação científica, ainda tentam desqualificar aqueles que são contrários à construção de mega-hidroelétricas na região amazônica, insistindo erroneamente em afirmar que são imprescindíveis.
Neste contexto não se pode esquecer que vivemos em um sistema capitalista, onde o lucro é o objetivo principal. E aí o vale tudo tem imperado. Desde o afrouxamento da legislação ambiental para atender aos interesses econômicos imediatos, a falta de fiscalização sobre tais empreendimentos e os contratos draconianos de arrendamento da terra. Em nome da maximização do lucro, o meio ambiente e as pessoas acabam sendo prejudicadas, com o Estado se omitindo e muitas vezes incentivando práticas não condizentes com os discursos de proteção ambiental e de sustentabilidade.
Logo, os investimentos em fontes renováveis estão orientados pela lógica capitalista, e são tratados como um negócio como outro qualquer, e muito rentável, onde o lucro e a justiça são incompatíveis. É o que tem atraído fundos de pensão de outros países, empresas multinacionais e nacionais, grandes investidores particulares que encontraram no Brasil um filão para os “negócios do vento e do sol”, aliados a uma legislação que muda conforme seus interesses.
Como bem constatamos na história recente do país, o “capitalismo brasileiro” não convive com a democracia, com a justiça ambiental, com os direitos sociais. E é nesta lógica, em um país onde a informação é controlada e manipulada, que os interesses dos grupos empresariais que se dedicam aos negócios da energia prosperam e com altas taxas de exploração. Com a inexistência plena da liberdade de imprensa, discussão junto à sociedade sobre energia para que? Energia para quem? E como produzi-la? Acabam restritas a setores acadêmicos e a poucos grupos sociais.
Verifica-se que na questão energética, em particular na expansão das fontes renováveis de energia solar-eólica, o Estado é o maior gerador de conflitos socioambientais. Contraditoriamente, diante da função que seria de mediar os conflitos de classe, o Estado brasileiro tem lado e favorece os grupos empresariais.
Nesta discussão, a segurança energética de um pais é assegurada pela diversidade e complementaridade. Ambas não repousam somente no duo eólico-solar, e sim em um mix de tecnologias disponíveis localmente e escolhidas dentro de critérios técnicos e socioambientais para satisfazer as necessidades dos diferentes setores da sociedade.

Parabenizo a jornalista Lillian Primi pela provocação. Lamento que na sua matéria somente alguns interesses foram representados e tiveram voz, em particular técnicos cujas posições são bem conhecidas em prol das mega-hidroelétricas.

sábado, 13 de agosto de 2016

AS OLIMPÍADAS VÃO MELHOR DO QUE SE ESPERAVA. ENQUANTO UNS POUCOS LUCRAM COM BONS NEGÓCIOS, COMO PAES E NUZMAN

Felizmente, as Olimpíadas do Rio vão se desenvolvendo sem percalços maiores que o esperado, noves fora a violência que continua solta, apesar do reforço na segurança, registrando-se roubos até dentro da Vila Olímpica, sequestro-relâmpago de suecos, chineses do basquete envolvidos em tiroteio ao saírem do Galeão e a morte de um componente da Força Nacional. Sem falar no mau acabamento da Vila. Regozijemo-nos, porém, com o belo espetáculo de abertura, a boa organização dos eventos e a ausência (rezemos para que assim prossiga) de atos terroristas.
Convém, no entanto, observarmos alguns pontos destoantes. O boquirroto prefeito do Rio Eduardo Paes (cargo que não existiria se o ditador de plantão Ernesto Geisel não houvesse fundido arbitrariamente o Estado da Guanabara com o Estado do Rio, ou seja o progresso com o atraso) está rindo à toa, quando não está falando besteiras. Rindo junto com seu parceiro Carlos Arthur Nuzman (COB), mais contido ao abrir a boca.
A população carioca, a quem prometeram grandes vantagens, continua a ver navios, fora do Porto Maravilha. Este tornou-se um bairro privatizado. Dentro dele os que fazem fortuna na especulação imobiliária e em contratos de marketing. Aliás, a população aguarda algum benefício desde os Jogos Pan-Americanos de 2007. Estes tiveram suas despesas orçadas em R$390 milhões (só o Engenhão consumiu R$396 mi), mas torraram incríveis R$3,3 bilhões. A velha e incontornável apropriação privada de recursos públicos, que só está sendo punida quando os aproveitadores são ligados ao PT e adjacências. As mesmas pessoas que organizaram o Pan foram chamadas a cuidar da Rio-2016. Honra ao mérito ... Não esqueçamos o bárbaro desabamento de trecho da Ciclovia Tim Maia, na Avenida Niemayer, fruto de açodamento e irresponsabilidade.
Já o parceiro de Paes na promoção e benesses da Rio-2016, Carlos Arthur Nuzman, chefe do Comitê Olímpico Brasileiro (COB) há 21 anos, é êmulo de João Havelange, proprietário da CBF por décadas até que, já na Fifa, caiu nas malhas de um tribunal suíço. Nuzman vê agora o seu COB sob inquérito do Ministério Público, por relações comerciais com a Olympo Marketing e Licenciamento, engendrada pelo chefão.

Para concluir, o projeto de Paes et caterva negligenciou a alterou o Plano Diretor da cidade para atender a interesses privados.

terça-feira, 9 de agosto de 2016

UM GOVERNADOR ESQUERDISTA NOS EUA? JERRY BROWN, DA CALIFÓRNIA, QUER ELEVAR TRIBUTOS DOS MAIS RICOS. TADINHOS!

Gente, a “privataria tucana” continua solta e não será de um governo interino golpista que se poderá esperar melhoras. Desculpem-me quando não conseguir postar dois artigos por semana.
O Estado da Califórnia (EUA) é o mais próspero do país. Lá os mais ricos ganham uma nota das mais pretas, mas pagavam de imposto uma besteira, como ocorre neste país tropical, (outrora) abençoado por Deus. Pagavam. Porque apareceu por lá, após governos do Partido Republicano, como os de Reagan e Shawarzenegger, um do Partido Democrata, Jerry Brown, que está promovendo uma maior taxação dos ricos e a elevação do salário mínimo. Heresias lá e cá. Foi devido a um grande aumento do salário mínimo, quando era ministro do Trabalho de Getúlio (anos 1950), que João Goulart ganhou o ódio eterno dos militares então golpistas e defensores da Casa-Grande, que, quando mais tarde receberam apoio e financiamento de Washington, o alijaram do governo.
O governador Brown, qual um Bernie Sanders (ex-candidato à Presidência esquerdista para os padrões estadunidenses) avant la lettre, como falam os gauleses, promove tanto mais impostos para quem ganha mais como um salário mínimo 50% mais alto. Mesmo assim, o PIB da Califórnia cresceu 4,1%, ficando acima dos de países como a França e o Brasil. Com o novo aumento que Brown propõe sobre os ganhos do 1% mais rico, seus impostos vão totalizar a metade da receita do Estado. E, o que é ainda melhor, a arrecadação adicional ele pretende depositar em uma conta especial que visa o aperfeiçoamento de um sistema educacional que já é um dos mais avançados do mundo.
Enquanto isso, em nosso país, até a distribuição de dividendos à pessoa física está isenta de taxação. Benefício instituído no glorioso governo de Fernando 2º (FHC). Por aqui, 53,8% do total de impostos e tributos é pago por trabalhadores com renda de até três salários mínimos. Pode? Sem esquecer que salário não é renda. A mais valia come a renda.
Aqui em Pau Brasil, as ocupações preferidas pela maioria dos políticos são privatizar as verbas públicas, sustentar bem firme a Casa-Grande às custas da Senzala, embarcar em nítidos golpes quando cresce um pouco a conscientização dos eleitores, inviabilizar qualquer ensaio de reforma política decente, Constituinte exclusiva, plebiscitos, democracia direta. Não importa que ministros, o presidente golpista, senadores, deputados sejam acusados de crimes menores ou maiores. Falta imparcialidade a muitos juízes. O trabalho de grande parte dos políticos é centrado unicamente na permanência desse estado de coisas.

Taxar mais os ricos? Tá doido? Quem vai financiar subrepticiamente as campanhas desses nobres cavalheiros, agora que o advogado deles (Gilmar Mendes, do STF) perdeu a batalha do fim das doações de empresas a campanhas eleitorais? Um círculo vicioso que só poderá ser rompido por uma Constituinte exclusiva e democracia direta. Não estou defendendo a demonização da política e dos políticos. A democracia depende deles, desde que sejam realmente representantes dos eleitores, do povo, da sociedade.

quarta-feira, 3 de agosto de 2016

COMUNIDADE ECLESIAL IGREJA NOVA RESPONDE A DOM ALDO PAGOTTO, FORÇADO A RENUNCIAR À ARQUIDIOCESE DA PARAÍBA

Abordo hoje um tema que costumo tratar no site Porta-Voz (rejane.edite@gmail.com). Recebi da comunidade eclesial de base Igreja Nova, que também edita o jornal Igreja Nova, um esclarecimento sobre opiniões do ex-arcebispo da Paraíba, dom Aldo di Cillo Pagotto, que merecem uma maior divulgação. Como é sabido, esse religioso (religioso?) foi forçado, pelo papa Francisco, a renunciar por constar em sua ficha que protege padres e seminaristas acusados de pedofilia e mantém relações comprometedoras. Além disso, mantinha atitude político-partidária participando ativamente, todo embandeirado, de manifestações pelo golpe contra Dilma. Em anos passados, quando ele era bispo no Ceará, o Ministério Público apurou que dom Aldo manobrou para que adolescentes vítimas de um padre pedófilo atenuassem seus depoimentos. Com Francisco, o Vaticano não está mais acobertando a pedofilia nem ele tolera a hipocrisia.
Em carta aberta ao ex-arcebispo, a comunidade Igreja Nova esclarece “equívocos e inverdades” a ela atribuídos em documento (confidencial, mas jogado na internet) dirigido por ele ao cardeal Stella, prefeito da Congregação para o Clero da assim dita Santa Sé. Primeiro, a Igreja Nova não é uma nova Igreja e sim uma comunidade eclesial em comunhão com a Igreja de Cristo. Também não é apenas editora de um jornal (Igreja Nova). É uma comunidade que se reúne nas casas de seus membros, como os primeiros cristãos, lê o Evangelho e reflete sobre ele, tem engajamento em creches, memorial histórico (IdHeC), movimentos e serviços arquidiocesanos e até participação em comissão pontifícia.

Além disso, em seus 25 anos de atuação, publicou 167 edições do jornal Igreja Nova, o documento censurado na ditadura Ouvi os clamores do meu povo, subscrito em 1973 por 14 bispos e quatro provinciais de ordens religiosas. Ainda promoveu a Jornada Teológica Dom Helder Camara (13 edições), numa época em que Olinda e Recife era uma arquidiocese ocupada por um jurista que ignorava o Evangelho e foi para cá enviado para desmontar a Igreja Conciliar erguida por dom Helder. Outra afirmação do arcebispo forçado a deixar a arquidiocese da Paraíba que é contestada é de que o jornal Igreja Nova não era responsável por matérias difamatórias sobre dom José Cardoso Sobrinho (o jurista). Esclarece afinal, a resposta a dom Aldo, que a comunidade Igreja Nova é impulsionada pelo sopro do espírito de Deus, em comunhão com a Igreja Católica, Apostólica, Romana, sendo a voz de leigas e leigos cristãos, em defesa da Igreja de saída, peregrina, de túnica e sandália, pobre e servidora, como nos propõe o papa Francisco.