Gente, a “privataria tucana” continua solta e
não será de um governo interino golpista que se poderá esperar melhoras. Desculpem-me
quando não conseguir postar dois artigos por semana.
O Estado da Califórnia (EUA) é o mais próspero
do país. Lá os mais ricos ganham uma nota das mais pretas, mas pagavam de
imposto uma besteira, como ocorre neste país tropical, (outrora) abençoado por
Deus. Pagavam. Porque apareceu por lá, após governos do Partido Republicano,
como os de Reagan e Shawarzenegger, um do Partido Democrata, Jerry Brown, que
está promovendo uma maior taxação dos ricos e a elevação do salário mínimo.
Heresias lá e cá. Foi devido a um grande aumento do salário mínimo, quando era
ministro do Trabalho de Getúlio (anos 1950), que João Goulart ganhou o ódio
eterno dos militares então golpistas e defensores da Casa-Grande, que, quando mais
tarde receberam apoio e financiamento de Washington, o alijaram do governo.
O governador Brown, qual um Bernie Sanders
(ex-candidato à Presidência esquerdista para os padrões estadunidenses) avant
la lettre, como falam os gauleses, promove tanto mais impostos para quem ganha
mais como um salário mínimo 50% mais alto. Mesmo assim, o PIB da Califórnia
cresceu 4,1%, ficando acima dos de países como a França e o Brasil. Com o novo
aumento que Brown propõe sobre os ganhos do 1% mais rico, seus impostos vão
totalizar a metade da receita do Estado. E, o que é ainda melhor, a arrecadação
adicional ele pretende depositar em uma conta especial que visa o
aperfeiçoamento de um sistema educacional que já é um dos mais avançados do
mundo.
Enquanto isso, em nosso país, até a
distribuição de dividendos à pessoa física está isenta de taxação. Benefício
instituído no glorioso governo de Fernando 2º (FHC). Por aqui, 53,8% do total de
impostos e tributos é pago por trabalhadores com renda de até três salários
mínimos. Pode? Sem esquecer que salário não é renda. A mais valia come a renda.
Aqui em Pau Brasil, as ocupações preferidas
pela maioria dos políticos são privatizar as verbas públicas, sustentar bem
firme a Casa-Grande às custas da Senzala, embarcar em nítidos golpes quando
cresce um pouco a conscientização dos eleitores, inviabilizar qualquer ensaio
de reforma política decente, Constituinte exclusiva, plebiscitos, democracia
direta. Não importa que ministros, o presidente golpista, senadores, deputados
sejam acusados de crimes menores ou maiores. Falta imparcialidade a muitos
juízes. O trabalho de grande parte dos políticos é centrado unicamente na permanência
desse estado de coisas.
Taxar mais os ricos? Tá doido? Quem vai
financiar subrepticiamente as campanhas desses nobres cavalheiros, agora que o
advogado deles (Gilmar Mendes, do STF) perdeu a batalha do fim das doações de
empresas a campanhas eleitorais? Um círculo vicioso que só poderá ser rompido por
uma Constituinte exclusiva e democracia direta. Não estou defendendo a
demonização da política e dos políticos. A democracia depende deles, desde que sejam
realmente representantes dos eleitores, do povo, da sociedade.
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