Nesta jornada de manifestações contra o
governo de Dilma Roussef e contra a calamitosa situação por que passa o nosso
país, fazemos duas observações. Uma é que há muita gente insatisfeita,
inclusive entre aqueles que votaram em Dilma (por falta de melhor opção), na
esquerda em geral e entre todos aqueles que estão desgostosos com a paralisia
do governo e a possibilidade de golpe. A insatisfação não é privilégio de
opositores e golpistas.
Outra é que aquilo que Mino Carta chama de “mídia
nativa”, com certa dose de ironia, à frente a Rede Globo, deitou e rolou na
cobertura dos eventos, ao mesmo tempo que prossegue apostando no “quanto pior,
melhor”, como partidos de oposição e o incansável e inconsolável Aécio Neves, que
ainda não engoliu a derrota em 2014.
Impedir o governo de cumprir seu papel de
governar não é o caminho para melhorar as coisas. E não é só aqui que tem
crise. Os EUA estão começando a se recuperar de 2008. (Naquele crash, que
lembrou 1929, milhões de estadunidenses perderam suas casas hipotecadas e o que
se procurou salvar foram os bancos e financeiras.) Na Europa, só a Alemanha
mostra vigor econômico e financeiro. A Grã-Bretanha pensa em desembarcar da
União Europeia e nunca embarcou na zona do euro. Portugal, Espanha, Itália,
Grécia não estão bem. E, ainda por cima, centenas de milhares de migrantes
orientais batem às portas do Velho Mundo cobrando a conta da colonização e dos
malfeitos “cristãos” que vêm desde as Cruzadas.
Já se fala em parlamentarismo. Para mim é o
regime mais perfeito e funciona muito bem na Inglaterra, Alemanha, Itália e
outros países. Mas, entre nós, tem um ranço de golpe. Em 1961, quando o
tresloucado Jânio Quadros renunciou, acreditando estar dando um golpe perfeito,
o parlamentarismo foi instituído às pressas para podar os poderes do vice João
Goulart, que não tinha a confiança dos militares nem da casa-grande. Um golpe
corrigido depois por um plebiscito em que Jango recuperou seus plenos poderes.
Mas os nossos golpistas são incansáveis e empedernidos. Cortejaram militares
equivocados, pediram a bênção e a ajuda financeira e bélica dos EUA e deu no
que deu, 21 anos de escuridão.
Depois da redemocratização, houve um
plebiscito para os eleitores fazerem opção entre presidencialismo e
parlamentarismo. Ulysses Guimarães se preparava para percorrer o país pregando
o parlamentarismo, mas morreu em um desastre aéreo. Mais uma vez, o
parlamentarismo foi rejeitado. E agora lá vêm os golpistas de novo querendo
emparedar numa Presidência protocolar uma presidente eleita para ser chefe de
Estado e de governo. E tudo isso sem consultar o eleitorado. Quem sabe, vão por
o Aecinho ou o Serra para primeiro-ministro. Fernando 2º já está muito cansado
de guerra e há quem pretenda vê-lo se defender por ter contas ocultas no
exterior (acusação de uma namorada que ele cultivou no passado). Que turma democrática!
O eleitorado rejeita duas vezes o parlamentarismo e eles continuam insistindo.
Uma terceira observação me ocorre agora
diante da euforia da imprensa nativa com as marchas do dia 13 e com o ”quanto
pior, melhor”. Cadê a regulação da mídia, prevista na Constituição e nunca
levada a sério? Toda vez que se lembra esse assunto, lá vem um berreiro dos
donos do oligopólio midiático: é censura, é contra a liberdade de expressão ...
Interessante é que, em todo país realmente democrático, a mídia é regulada para
evitar monopólios e oligopólios: EUA, Inglaterra, França etc. Até a Argentina
conseguiu fazer uma regulação, que agora o novo presidente quer derrubar. Vou
deixar este tema para a próxima postagem, minha gente.
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