No Jornal
do Commercio do último domingo, minha colega e amiga Ciara Carvalho
desvenda um panorama nada edificante de obras públicas iniciadas e paralisadas
em Pernambuco. Além do dano à população pela não conclusão de um trabalho
necessário, conte-se o prejuízo aos cofres públicos pelo dinheiro jogado fora.
Dificilmente o que já fora feito será aproveitado, dados o desgaste pelas
intempéries, o desvio de materiais e outras causas. Para o Tribunal de Contas
do Estado (TCE), que fez o levantamento utilizado pela repórter, com base em
rastreamento de informações prestadas pelo Governo do Estado e prefeituras
municipais, dos 424 contratos mapeados, 46 têm valores acima de R$20 milhões e
somam juntos quase R$3 bilhões de investimentos. Foram capturadas pelo radar
dos técnicos obras que estavam paralisadas, com prazo de entrega muito atrasado
ou sem execução.
Algumas das obras inconclusas listadas pelo
TCE: Ramal Cidade da Copa, Ponte Iputinga-Monteiro, reforma e ampliação da
estação de esgotos da Cabanga, hidrovias Do Capibaribe, Ramal do BRT na
Agamenon Magalhães, Barragem Serro Azul. O TCE vê nessa calamitosa situação uma
clara indicação de falta de planejamento. Evidentemente o nosso velho modo de “planejar”
e executar obras públicas, com oligopólio de empreiteiras, parte da verba
reservada para propinas e constantes elevações dos orçamentos leva a maior
parte da responsabilidade por tal situação. O que não se pode atribuir apenas
ao atual governo. Já se tentou planejamento e se fez o primeiro plano diretor
do Recife (creio que de todo o Brasil), aí pelos anos 1950, quando era prefeito
Pelópidas da Silveira e secretário de Obras Antônio Baltar.
Isso faz muito tempo. Veio o golpe de 1964,
que se dizia contra o comunismo, que ninguém enxergava em canto nenhum, mas que
alguns generais formados no War College dos estadunidenses já viam tomando
conta da pátria amada, idolatrada, salve, salve. Grassava a guerra Fria: eles
tinham de tomar partido, como sempre à direita. O comunismo que eles viam era
reforma agrária, uma distribuição de renda mais equitativa, coisas assim. Os
fardados golpistas também diziam que sua “revolução” seria moralizante. Nunca
de vira antes tanta roubalheira e não havia o juiz Moro... E a diziam também
democratizante (!!??). Deu no que deu. Aí veio a tal de redemocratização com
Ribamar Sarney, Fernando Collor e o xogum privatizante FHC.
Atualmente há empreiteiros e altos
funcionários prestando contas por roubalheiras corporativas. Infelizmente
escolhidos e julgados sob um viés político-partidário que até agora vem
livrando a cara de malfeitores ligados a partidos mais à direita. Para
facilitar as coisas, só falta Temer tomar posse, prenderem Lula.
Não seria melhor convocar e deixar funcionar,
pela primeira vez no Brasil, uma Constituinte exclusiva, realmente uma
Constituinte, sem malandros e políticos ditos profissionais em um péssimo
sentido?
PS - Na próxima quinta às 19h30, haverá missa
com celebração da memória e da vida de Maria José Duperron Cavalcanti, Zezita,
que foi secretária de Dom Helder Câmara e morreu dia 26 deste mês. Será na
igrejinha das Fronteiras. Uma promoção do IDHeC.
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