terça-feira, 29 de março de 2016

DINHEIRO PÚBLICO JOGADO FORA. TCE FEZ LEVANTAMENTO COMPLETO

No Jornal do Commercio do último domingo, minha colega e amiga Ciara Carvalho desvenda um panorama nada edificante de obras públicas iniciadas e paralisadas em Pernambuco. Além do dano à população pela não conclusão de um trabalho necessário, conte-se o prejuízo aos cofres públicos pelo dinheiro jogado fora. Dificilmente o que já fora feito será aproveitado, dados o desgaste pelas intempéries, o desvio de materiais e outras causas. Para o Tribunal de Contas do Estado (TCE), que fez o levantamento utilizado pela repórter, com base em rastreamento de informações prestadas pelo Governo do Estado e prefeituras municipais, dos 424 contratos mapeados, 46 têm valores acima de R$20 milhões e somam juntos quase R$3 bilhões de investimentos. Foram capturadas pelo radar dos técnicos obras que estavam paralisadas, com prazo de entrega muito atrasado ou sem execução.
Algumas das obras inconclusas listadas pelo TCE: Ramal Cidade da Copa, Ponte Iputinga-Monteiro, reforma e ampliação da estação de esgotos da Cabanga, hidrovias Do Capibaribe, Ramal do BRT na Agamenon Magalhães, Barragem Serro Azul. O TCE vê nessa calamitosa situação uma clara indicação de falta de planejamento. Evidentemente o nosso velho modo de “planejar” e executar obras públicas, com oligopólio de empreiteiras, parte da verba reservada para propinas e constantes elevações dos orçamentos leva a maior parte da responsabilidade por tal situação. O que não se pode atribuir apenas ao atual governo. Já se tentou planejamento e se fez o primeiro plano diretor do Recife (creio que de todo o Brasil), aí pelos anos 1950, quando era prefeito Pelópidas da Silveira e secretário de Obras Antônio Baltar.
Isso faz muito tempo. Veio o golpe de 1964, que se dizia contra o comunismo, que ninguém enxergava em canto nenhum, mas que alguns generais formados no War College dos estadunidenses já viam tomando conta da pátria amada, idolatrada, salve, salve. Grassava a guerra Fria: eles tinham de tomar partido, como sempre à direita. O comunismo que eles viam era reforma agrária, uma distribuição de renda mais equitativa, coisas assim. Os fardados golpistas também diziam que sua “revolução” seria moralizante. Nunca de vira antes tanta roubalheira e não havia o juiz Moro... E a diziam também democratizante (!!??). Deu no que deu. Aí veio a tal de redemocratização com Ribamar Sarney, Fernando Collor e o xogum privatizante FHC.
Atualmente há empreiteiros e altos funcionários prestando contas por roubalheiras corporativas. Infelizmente escolhidos e julgados sob um viés político-partidário que até agora vem livrando a cara de malfeitores ligados a partidos mais à direita. Para facilitar as coisas, só falta Temer tomar posse, prenderem Lula.
Não seria melhor convocar e deixar funcionar, pela primeira vez no Brasil, uma Constituinte exclusiva, realmente uma Constituinte, sem malandros e políticos ditos profissionais em um péssimo sentido?

PS - Na próxima quinta às 19h30, haverá missa com celebração da memória e da vida de Maria José Duperron Cavalcanti, Zezita, que foi secretária de Dom Helder Câmara e morreu dia 26 deste mês. Será na igrejinha das Fronteiras. Uma promoção do IDHeC.

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