Enquanto um governo cercado por golpistas e
políticos à brasileira empenhados no ”quanto pior, melhor” prossegue
penosamente sua tarefa inglória de tentar chegar ao fim de mandato sem sofrer
impeachment ou chifradas do TCU ou TSE, graves problemas são empurrados com a
barriga. Essa de “quanto pior, melhor” (pasmem) leva certos oposicionistas a
torcer pelo fracasso das Olimpíadas, como torceram pelo da Copa, a torcer por
maior propagação da zica e calamidades similares. Escolho ao acaso o problema dos
transportes públicos. Para melhorar um pouco a imobilidade urbana que nos
assola será preciso investir mais de R$200 bilhões. E cadê o dinheiro? As
prioridades são cevar os bancos e outros agiotas e especuladores com juros
exorbitantes, que não baixam a inflação nem controlam outros males; dar gordos
reajustes de vencimentos para quem pode e manda, como chefes dos três poderes,
magistrados em geral, parlamentares e outros; e ainda tem de sobrar para os
“por fora”, propinodutos, falcatruas generalizadas e geralmente impunes.
Enquanto isso, os que defendem esse estado de
coisas não cansam de repetir que na Suécia, na Grã-Bretanha, os impostos são
mais altos que os daqui. O que não dizem é que em países como esses, o cidadão
recebe retorno do que paga ao Estado com boa assistência de saúde, boa
educação, boas estradas etc. Já aqui, a gente, além de pagar demais para
sustentar a farra dos desgovernos, ainda tem de pagar pela saúde, a educação
dos filhos, tem (é bem possível) as piores rodovias do mundo, acabou com as
ferrovias que a muito custo havíamos construído desde o século 19. O resto foi
privatizado e a “privataria” fracassou fornecendo péssimos serviços no Rio e
São Paulo. Não custa lembrar que é muito mais caro construir uma ferrovia que
uma rodovia, mas a manutenção de uma estrada de ferro é muito mais barata. No
Brasil, acabaram com ferrovias, bondes, ônibus elétricos, que funcionam muito
bem (obrigado) em países com maior quilometragem de civilização.
Outra coisa que não consigo entender é a
gulodice com que certas autoridades se empenham em agarrar o ex-presidente
Lula, quando Justiça, Ministério Público, Polícia Federal nem ligaram, por
exemplo, para o desmonte do patrimônio público nacional praticado, sem nenhum
controle da sociedade e contra ela, durante os mandatos de Fernando 2º (FHC).
Provas de malfeitos não faltaram. Longe de mim achar que Lula é santo, mas essa
diferença de tratamento expõe a intolerância da casa-grande com a ascensão, por
mínima que seja, da senzala, com a chegada à Presidência da República de um
retirante nordestino de profissão torneiro mecânico. Muita gente encheu as
burras com a “privataria”, mas isso nunca interessou a juízes com militância
tucana ou pós-arenosa (lembram a Arena da ditadura?). Recentemente uma namorada
de Fernando 2º (ele era casado) que, com a preciosa ajuda da Rede Globo, o
grande sociólogo exilou na Espanha para não prejudicar seu governo, contou como
FHC lhe pagava mesadas através de contas que mantém fora do Brasil. A imprensa
nativa não reclamou de nada. E cadê o juiz Moro? Só peca nessa esdrúxula religião
o ex-retirante e ex-operário?
Nenhum comentário:
Postar um comentário