Continuando em giro pelo exterior, outro
escândalo inquietante. Falei a vocês, na última postagem (com certo atraso
devido à tal de “privataria tucana”), sobre a transferência a pulso de cerca de
2 mil nativos que viviam felizes em Chagos (Oceano Índico) para favelas das
Ilhas Maurício. Os EUA precisavam de mais uma plataforma bélica ... O que se
pode fazer? Hoje vou para o coração do Império, que se prepara para mais uma
troca de guarda. Costumava-se dizer que tanto fazia um governo do Partido
Democrata como outro do Partido Republicano. Hoje já não se pode mais afirmar
isso com tanta convicção, pois o Old Big Party (os republicanos) está tomando
posições extremadas de reacionarismo gratuito. Pode-se ser de direita e
conservador sem cair no reacionarismo mais empedernido.
Uma facção conhecida como Tea Party, que
lembra a resistência das primitivas colônias à Coroa Britânica, praticamente apoderou-se
desse partido, que tem maioria nas duas casas do Congresso e vem se opondo a
qualquer avanço social, como o Obama Care (uma espécie de SUS), ou político,
como a reaproximação de Washington com Havana.
Como se não bastasse, apareceu aí um
candidato à Presidência da República, um bilionário tresloucado e ignorante que
promete guerra a imigrantes e hispânicos em geral e tem até o apoio do Ku Klux
Klan, uma esquecida sociedade secreta que já incendiou, no passado, o sul dos
EUA (vejam o filme Mississippi burns). Se
um demente como esse chegar à Casa Branca, poderemos pensar no pior, desde uma
guerra nuclear, à invasão da Coreia do Norte e recolonização da América Latina.
“Ora, direis: ouvir estrelas?” E estaria
melhor na Europa, com a ditadura econômica da Alemanha (vingança de Hitler), ou
na Rússia, com o tzar Pútin se perpetuando no poder e mandando matar inimigos e
jornalistas independentes?
Bem (ou melhor, mal), dentro do estranho modo
estadunidense de fazer política e eleições, Donald Trump representa um
neofascismo muito comum ali (apesar da essencial ajuda de seu país na derrota
do nazi-fascismo dos anos 1930) entre cidadãos empobrecidos pela crise e religiosos
radicais. Devemos lembrar que os eleitores dos EUA se contam entre os mais
despolitizados do mundo, não têm uma visão global e isenta do que se passa por
aí.
Uma vitória do social-democrata (a sério,
nada de PSDB) Bernie Sanders é impossível em um país onde socialismo e
comunismo são palavras execráveis. Além disso, ele não tem boas bases no
partido e seu prestígio maior está entre jovens universitários desiludidos com
o tradicional american way of life. Se
voltar a dinastia Clinton, com uma vitória de sua mulher Hillary, uma guerra
nuclear até pode ser evitada, mas o Império continuará semeando ditaduras “do
bem”, bases militares, assassinatos de inimigos via drones etc. Talvez até
Fernando 2º, o xogum FHC, que se diz tão amigo do maridão Bill, seja convocado
como consultor em “privataria”, neocolonialismo, essas coisas.
O que vale é que tudo indica que chegou a vez
do declínio do império da vez (EUA), apesar de teorias cretinas como a do “fim
da história”. Com o fim desta, também findariam as quedas inevitáveis dos
impérios, o republicanismo seria arquivado e o ocupante eventual da Casa Branca
seria coroado imperador do mundo. Para o bem de todos e felicidade geral das
nações....
Uma dúvida (metódica, como a de Descartes?):
se persas, romanos, babilônios britânicos terminaram um dia quebrando a cara,
por que só esse império aí que tomou o lugar do britânico mereceria ser eterno?
Mesmo que ainda consiga bancar o grande democrata e defensor dos direitos
humanos, vai caindo escandalosamente a sua máscara, com o patrocínio de
ditaduras “do bem” (bem de quem?), de guantanamos (prisões onde podem; podem?;
torturar supostos inimigos e até matá-los), do governo financeiro do Planeta
Terra.
Nenhum comentário:
Postar um comentário