Logo após o golpe de 1964, antes de começarem
os famosos IPMs destinados a podar drasticamente o que de melhor havia no
magistério superior e em uma seleta parte do funcionalismo público que não se
refestelava na estabilidade para não precisar fazer nada, foi criada uma
Comissão Geral de Investigação (CGI). Formada por militares assessorados por personalidades
civis entendidas em direito e outras ciências, seu objetivo não era punir a
torto e a direito, expurgar “subversivos” sem nenhuma análise ou critério,
mesmo porque, quando supostos delitos foram, ou teriam sido, cometidos, a legislação
e o nível de tolerância eram outros.
Na Universidade do Recife (que depois virou
Universidade Federal de Pernambuco, por determinação de um ministro da Educação
mentecapto, um tal de Suplicy), foi instalada uma comissão dessas, presidida
pelo médico e professor Lallor Mota e que contava com um militar sereno, não um
caçador de bruxas, cujo nome esqueci. A equipe do professor Paulo Freire, da
qual eu fazia parte, foi convocada e alguns professores mais antigos da universidade.
Na equipe de Paulo Freire, trabalhava um professor
suíço, Pierre Furter. Ao ser interrogado na CGI, ele disse que era filiado ao
Partido Socialista de seu país. Ao que lhe foi perguntado se esse partido
pregava a luta de classes. Nunca esqueci essa conversa, pois a luta de classes não
é uma invenção de Karl Marx nem uma pregação esotérica, e sim uma realidade
social que vem desde que a sociedade humana se dividiu em classes, lá muito
atrás, e criou-se a superestrutura do Estado para manter a hegemonia de uma ou
mais classes, controlar tudo, fazer a guerra, essas coisas. O Estado foi se sobrepondo
à sociedade em vez de ser seu instrumento. Daí o comunismo e o socialismo (não
esse nosso social-coronelismo) proporem uma sociedade sem classes e o fim do
Estado. Vejo o desmoronamento da União Soviética como uma consequência da estatização
desenfreada em detrimento da sociedade.
Além disso, desejo lhes falar hoje também sobre
uma entrevista de Fernando 2º (FHC) explicitando sua posição pró-impeachment da
presidente Dilma Roussef como saída para a crise que assola o país. A
entrevista foi dada a’O Estado de S.
Paulo, o mesmo jornal que recentemente repetiu que “Basta!”, lembrando um
famoso editorial do Correio da Manhã,
em 1964, dando um basta ao presidente João Goulart. Ora, o xogum Fernando 2º
andava meio calado desde que uma antiga namorada dele, Miriam Dutra, tornou
público que ele enviava mesadas, para ela, escondida pela Rede Globo na Espanha,
e o rebento que teve com o xogum, através de fontes duvidosas. Especula-se que
o dinheiro da “privataria” deve estar em algum canto.
PS – No próximo domingo, dia 10, na igrejinha
das Fronteiras, às 9h30, será lançado o livro Meus queridos amigos, uma coletânea de mais de 200 crônicas que Dom
Helder fazia na Rádio Olinda nos anos 1970-80 sob o título “Um olhar sobre a
cidade”. A organização do livro, editado pela Cepe, é da jornalista Tereza
Rozowykwiat. *** O Instituto Dom Helder Camara (IDHeC) lançou nota, através da
sua assessora de imprensa, jornalista Rejane Menezes, se solidarizando com “o
povo brasileiro, que anseia pela paz e a estabilidade de suas instituições,
como frutos de uma democracia que esteja a serviço do bem comum e da justiça
social”. *** Acessem o http//misturadeletras.blogspot.com.br/2016/03/carta.aberta-aos-senhores-deputados.html
Nenhum comentário:
Postar um comentário