Minhas pacientes leitoras e leitores, estou
lhes enviando hoje as postagens deste início de semana e do fim de semana
passado. Peguei uma doença meio braba, que me deixou desmobilizado, mas já estou
melhorando com acupuntura.
Envio-lhes um excelente texto de ator Wagner
Moura, que já não teria sentido pois o governo golpista voltou atrás na
extinção da pasta da Cultura. Mesmo assim vale transcrevê-lo. Lembrando ainda
que o grande auxiliar de Hitler, Goebbels, dizia que, quando ouvia a palavra “cultura”,
já tinha vontade de sacar sua arma. Taí:
"A extinção do MinC é só a primeira
demonstração de obscurantismo e ignorância dada por esse Governo ilegítimo. O
pior ainda está por vir. Vem aí a pacoteira de desmonte de leis trabalhistas, a
começar pela mudança de nossa definição de trabalho escravo, para a alegria do
sorridente pato da FIESP, que pagou a conta do golpe.
Começaram transformando a Secretaria de
Direitos Humanos num puxadinho do Ministério da Justiça. Igualdade Racial e
Secretaria da Mulher também: tudo será comandado pelo cara que no Governo
Alckmin mandou descer a porrada nos estudantes que ocuparam as escolas e nos
manifestantes de 2013. Sob sua gestão, a PM de São Paulo matou 61% a mais. Sabe
tudo de direitos humanos o ex-advogado de Eduardo Cunha, o senhor Alexandre de
Moraes. Mas claro, a faxina não estaria completa se não acabassem com o
Ministério da Cultura, que segundo o genial entendimento dos golpistas, era um
covil de artistas comunistas pagos pelo PT para dar opiniões políticas a seu
favor (?!!!).
Conseguiram difundir essa imbecilidade e
ainda a ideia de que as leis de incentivo tiravam dinheiro de hospitais e
escolas e que os impostos de brasileiros honestos sustentavam artistas
vagabundos. Os pró-impeachment compraram rapidamente essa falácia conveniente e
absurda sem ter a menor noção de como funcionam as leis (criadas no Governo
Collor!) e da importância do Minc e do investimento em Cultura para o
desenvolvimento de um país. É muito triste tudo. Ontem vi um post em que Silas
Malafaia comemorava a extinção "do antro de esquerdopatas",
referindo-se ao Minc. Uma negócio tão ignóbil que não dá pra sentir nada além
de tristeza. Predominou a desinformação, a desonestidade e o obscurantismo.
Praticamente todos os filmes brasileiros
produzidos de 93 para cá foram feitos graças à lei do Audiovisual. Como pensar
que isso possa ter sido nocivo para o Brasil?! Como pensar que o país estará
melhor sem a complexidade de um Ministério que cuidava de gerir e difundir
todas as manifestações culturais brasileiras aqui e no exterior? Bradar contra
o Minc e contra as leis (ao invés de contribuir com ideias para melhorá-las) é
mais que ignorância, é má fé mesmo.
E agora que a ordem é cortar gastos, o
presidente que veio livrar o Brasil da corrupção e seu ministério de homens
brancos, com sete novos ministros investigados pela Lava Jato, começa seu
reinado varrendo a Cultura da esplanada dos Ministérios... Faz sentido. Os
artistas foram mesmo das maiores forças de resistência ao golpe. Perdemos feio.
Acabo de ler que vão acabar também com a TV Brasil. Ótimo. Pra que cultura?
Posso ouvir os festejos nos gabinetes da Câmara, nos apartamentos chiques dos
batedores de panela, na Igreja de Malafaia e na redação da Veja: "Acabamos
com esse antro de artistazinhos comprados pelo PT! Estão pensando o que? Acabamos
a mamata da esquerda caviar! Chega de frescura! Viva o Brasil!" Trevas
amigo... E o pior ainda está por vir."
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