Lendo hoje uma notícia sobre
as tropelias do eSocial (o que é eSocial? É inglês, a língua do Império, ou é
português?), fiquei matutando sobre a situação caótica deste país tropical ,
abençoado (?!) por Deus e bonito por natureza ... Com cerca de três meses de
obrigação de uso, ninguém se entende e se arrisca a pagar o que não deve. Nem
os grandes especialistas do governo sabem o que é certo e o que é errado.
Assim não dá, gente. Do máximo
governante a supostos técnicos, dos presidentes do Senado e da Câmara Federal a
prefeitos e vereadores, a mesma busca das vantagens (legítimas ou ilegítimas) do
poder e não do exercício de uma administração decente; passando tudo por
magistrados que se sentam sobre caixas-pretas ou ficam de plantão para conceder
habeas corpus a amigos. O país em crise não vê ninguém procurando seriamente
resolvê-la, simplesmente se empurra a dita com a barriga pra ver aonde vai
chegar.
E como estamos em ano de
eleições para prefeitos, a chusma de pretendentes a salvadores de nossas
cidades só faz engrossar. Tem gente sem nenhuma experiência política, apenas
uma alegada vivência literária, que quer ser prefeito da infeliz (quanto a
administração) Olinda, só porque é irmão de Eduardo Campos, que tão
tragicamente e cedo morreu. Tem um caso esclarecedor, na Região Metropolitana,
de uma mancebo que não fazia nada na vida, só aporrinhava o pai que lhe pagava
as despesas. Aí acendeu aquela luz: vou ser político. Após várias tentativas,
virou vereador. Tão atuante na esperteza que logo virou deputado.
Se a gente tira o olho do caos
brasileiro e olha pro mundo mais além, fica aturdido com tanta tragédia e
ambição. Na Síria, há cerca de quatro anos, um ditador mantém o poder às custas
da desgraça de seu povo, que morre de fome e de bala. Na Turquia, pretende-se
acabar com um dos raríssimos regimes laicos em terras do Islã, luta-se contra
os separatistas do Curdistão que querem ter seu Estado e ainda se ajuda na
desgraça síria; como russos, estadunidenses e outros também ajudam. Enquanto
isso, o tal de Califado ou Estado Islâmico só se fortalece, matando gente
barbaramente e destruindo os monumentos históricos que conseguem. A Arábia
Saudita não cai de podre devido à ajuda dos EUA (trata-se de uma ditadura
monárquica “do bem”, porque interessa ao establishment dos EUA.
A briga entre a Rússia e a
Ucrânia parece haver entrado em compasso de espera. Reflito cá comigo: a União
Soviética servia para alguma coisa. Né? Enquanto ela se segurou, todas as
repúblicas que a compunham viviam em paz, inclusive tchetechenos e outras
pequenas minorias. Outra dissolução que provocou brigas intermináveis e o
genocídio dos bósnios foi a da Iugoslávia. Enquanto Tito, que durante a guerra
liderou os partisans, comunistas ou não, governou o país, havia muita
prosperidade e, inclusive, uma distância política regulamentar em relação à
URSS (o governo de Stálin e outros que se lhe seguiram considerava Josip Broz
Tito um comunista heterodoxo). Bastou ele desaparecer para começar um briga
feia entre croatas e sérvios, seguida pelo genocídio de bósnios etc.
A URSS servia também, ao
menos, para um certo equilíbrio mundial. Os Estados Unidos não agiam tão
unilateralmente na defesa de seus interesses e daqueles do assim dito “mundo
livre”. O terrorismo exercido pelos multissecularmente oprimidos não ousava
tanto, pois ainda se acreditava numa alternativa ao american way of life, à
globalização aloprada, a um liberalismo desenfreado e antipovo.
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