Estamos atravessando de um ano para
outro. Tempo de balanços de nossa vida pessoal, familiar e também da vida do
nosso país e do mundo. Foi 2015 um ano de crise no mundo todo, não só no
Brasil. Crise que se arrasta desde 2008, quando bancos irresponsáveis, que
transacionavam com papéis sem valor, geraram uma das maiores crises do
capitalismo recente. É verdade que especulação é a marca registrada dos bancos
e que o capitalismo vive em crises cíclicas. Mas o sensato seria que eles
também pagassem pelos malfeitos. Na realidade, é a sociedade, sobretudo os assalariados
que nem sequer poderiam especular se o quisessem, que é obrigada, pelo
manda-chuvismo do capital financeiro secundado por governos pouco
representativos, a pagar a amarga conta. Veja-se o caso exemplar da Grécia e,
em menor garu, o do nosso país, onde um executivo do Bradesco foi nomeado, por
um governo que se diz popular, para gerir a Fazenda.
Quando a atual crise se iniciou, o
então presidente Lula disse que, no Brasil, ela era uma marolinha. Tinha razão,
pois, naquele momento, o país tinha como enfrentá-la sem castigar tanto o povo.
De lá para cá as coisas mudaram muito. A crise foi se agravando. E Dilma não é
Lula. Apesar de uma certa incompetência da nossa presidente, ninguém tem o
direito de pedir sua deposição, por impeachment, pois o país já está cansado de
tanto golpe. E o impeachment de Fernando 1º (o Collorido), esse não foi golpe?
Assim não pareceu a ninguém, tantos foram os desmandos do "caçador de
marajás" em pouquíssimo tempo de desgoverno, incluindo comprovado
enriquecimento ilícito.
No resto do mundo, a crise mais braba
mesmo é a terrorismo. Os povos oprimidos desde as Cruzadas e os
"descobrimentos", colonizados, brutalizados pelas grandes potências
acordaram para a luta, a vingança. E não foi para reivindicar seus direitos
nas mesas de discussões e na valorização do que é deles (petróleo, por
exemplo). Os instintos mais primitivos de vingança e uma mistura démodée entre
política e religião levaram egos inflados e deletérios a tomar o poder sobre
vastas regiões (caso do Califado ou Estado Islâmico), onde assassinam não só
fiéis de outras religiões, mas até dissidentes do islamismo, além de destruir
monumentos multisseculares da civilização. Com o dinheiro obtido do petróleo,
contrabandeado tranquilamente, eles podem financiar ataques mortíferos por
quase toda parte, como o que ocorreu em novembro em Paris. Paris, a capital do
mundo tão gostosa e tranquila dos meus tempos de estudante, apesar de saindo de
uma guerra sanguinária.
Como sempre falo, o terrorismo não é
privilégio de islamitas radicais. As Cruzadas não foram atos de terrorismo? A
destruição de impérios como o asteca, o maia, o inca, a chacina dos índios dos
EUA, a matança um pouco menor de índios no Brasil, a bárbara colonização da
África e de continentes menos desenvolvidos, as bombas atômicas lançadas sobre
o Japão, os bombardeios de populações inteiras na 2ª Guerra Mundial? Nada disso
foi terrorismo, simplesmente por ter sido iniciativa de brancos e ricos? Existe
terrorismo do mal e do bem, como, para certos países, há ditaduras do mal e do
bem?
Que 2016 seja bem melhor que 2015
para todos nós. No Brasil e no mundo. Amém.
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