Segundo a filosofia popular, desgraça pouca é
bobagem. Além de a crise mundial haver atingido em cheio o Brasil, nos últimos
anos mais que no seu início, de quebra os sem voto decidiram golpear a
democracia interrompendo o mandato da presidente eleita sem motivo
constitucional. Em meio a tudo isso, uma prolongada seca atinge o Nordeste,
dentro de um contexto em que nenhum governo até hoje experimentou aplicar
medidas testadas com êxito em outras regiões áridas para conviver com a
estiagem. Pesquisas não faltam com esse objetivo nem também práticas
comprovadamente eficazes de “tourear” o miúra da seca.
Com as barragens de abastecimento d’água e de
geração de energia de fonte hídrica em níveis baixíssimos, chama a nossa
atenção o progresso da geração de energia de outras fontes, notadamente a solar
e a eólica. Quem viaja pelo interior do Nordeste, e até pelo Rio Grande do Sul,
encontra, com muita frequência, grandes parques de geração eólica, já em
funcionamento e contribuindo para amenizar a escassez da fonte hídrica e poupar
nossos bolsos de maiores gastos. São aquelas torres altas que lembram nossos
velhos cataventos ou os moinhos de vento ibéricos que atraíam a ira de Dom
Quixote, para espanto de seu fiel escudeiro Sancho Pança. Aqui tudo na paz da
energia renovável.
Recente reportagem no Jornal do Commercio, de Adriana Guarda, nos informa que já é de 30%
a participação da energia eólica no abastecimento da nossa região. Na matriz
energética nacional, a participação é de 7%, podendo chegar a 12% (20 GW) em
2020. São 424 os parques eólicos instalados no país, na frente o Rio Grande do
Norte com 125, sendo que Pernambuco tem 29 deles.
Estas informações nos levam a lembrar como
ainda é precária a pesquisa no Brasil. Ficamos raramente felizes quando uma
pesquisa brasileira é publicada em uma prestigiosa revista científica como a Science. É o caso da Tropical Rainfull
Measuring Mission, liderada pela meteorologista Rachel Albrecht, da USP. A
pesquisa mapeou as áreas da Terra onde caem mais raios.
Lamentavelmente, numa universidade que não
tem os recursos da USP, como a nossa UFPE, vândalos que se intitulam estudantes
e afirmam lutar por melhoras no ensino tenham invadido e destruído equipamentos
e arquivos do Laboratório Liber de Imagem antes de liberar prédios ocupados com
a razoável finalidade de protestar contra a PEC que limita investimentos
federais por 20 anos, inclusive em educação. O laboratório foi criado há 20
anos e, além de pesquisas, é referência nacional no trabalho de digitalização
de memória imagética.
Como explicar que gente que está recebendo
ensino superior de primeira ordem e gratuito aja dessa maneira? Só lembrando
que estamos no país em que presidiários comandam o crime organizado de dentro
de suas prisões; há relativamente mais assassinatos que na guerra civil síria;
um vice-presidente golpista assume o poder apoiado pelo Congresso e o
Judiciário; as rodovias são quase totalmente intransitáveis; as ferrovias foram
sucateadas e abandonadas; a navegação de cabotagem é nula etc. etc.etc.
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