Walt Disney, um cara implicado na deduragem contra
colegas que caracterizou o pós-guerra nos Estados Unidos quando o senador
McCarthy instituiu a sua inquisição, criou o Pato Donald, mas nunca imaginou
que ele chegasse à Presidência do país. Brincadeira à parte, Donald Trump
lembra o pato famoso, começando pela aparência assaz “pato”lógica. Na minha
visão, observo na eleição de um ricaço tão brega e desconjuntado uma etapa da
inexorável decadência do Império Americano. Tal decadência não é um desejo meu
ou uma posição ideológica diante de um governo que tantas desgraças espalhou
pelo mundo (e continua espalhando), notadamente em nuestra Latinoamérica, que
vê como seu quintal, embora se diga um good neighbor.
Todos os impérios do mundo cresceram, se
estabeleceram e, após um apogeu, entraram em decadência. Babilônia, Pérsia,
Macedônia, Roma. Grã-Bretanha são exemplos. Por que com o Império Americano
seria diferente? Como no mundo em que vivemos os países estão mais próximos,
certamente a decadência estadunidense terá sua forma própria. Não vai precisar
de invasões e outros tipos de violência. Basta, como já está acontecendo, a
queda do poderio, outrora absoluto, do Almight Dollar.
Nosso mundo é enigmático. Quando a Europa
decidiu se unir, cansada de guerra (que nem a Teresa Batista de Jorge Amado),
desde o tempo em que o Mercado Comum abrangia somente seis países nos anos
1950, e também com a reaproximação entre Alemanha e França, houve muito
entusiasmo, lá e no resto do mundo, principalmente com a criação da União
Europeia (UE) e de uma moeda única. Um exemplo para o nosso Mercosul e para os
projetos bolivarianos. Isso não evitou a atual situação periclitante da UE e do
futuro do euro. Intrigante também é que, enquanto se construía a UE, ocorresse
a traumática dissolução da ex-Iugoslávia, que funcionara tão bem sob a liderança
carismática de Tito, e pipocassem tantos projetos separatistas, como na
Catalunha. A Grã-Bretanha acostumou-se de tal maneira a colonizar o mundo que
ainda mantém colônias até na Europa, como Irlanda do Norte e Gibraltar. E
ultimamente resolveu abandonar a UE.
Voltando a Trump, os EUA nunca estiveram tão
divididos como hoje, desde a Guerra da Secessão. A tradição é que presidentes
em fim de mandato não criassem problemas para os sucessores eleitos, os quais
também não se manifestavam sobre questões estratégicas extemporaneamente. Agora
até os serviços de inteligência se aliam a um ou outro, o que sai e o que
entra. Essa tendência pode levar os EUA a temerem mais de si mesmos do que da
Rússia ou da China.
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