sexta-feira, 4 de dezembro de 2015

QUAL É O ANIMAL QUE FAZ DE TUDO PARA DESTRUIR SEU HÁBITAT?

O ser humano se diz racional e civilizado. No entanto, faz coisas que o tornam inferior até aos animais irracionais. Qual a espécie que se autodestrói, guerreando-se constantemente; antigamente mais por território, hoje para manter ativa e lucrativa a indústria bélica? Qual é o animal que faz de tudo para destruir seu hábitat, o meio ambiente em geral, derrubando florestas, transformando rios e mares em lixeira e captação de esgotos? Qual é o animal que concentra para pouquíssimos tanto alimento, digamos riqueza? Agora mesmo os líderes mundiais e seus técnicos estão reunidos em Paris para ver se conseguem que o aquecimento global não ultrapasse dois graus. Cadê as geleiras, os glaciares? (Visite o Perito Moreno, no extremo sul da Argentina, antes que ele se acabe, poderia anunciar um cartaz turístico.) Cadê a fauna polar? Onde irão sobreviver os esquimós?
Faço estas considerações a propósito de nota lida em algum jornal sobre o excesso de agrotóxicos que se utiliza no Brasil. Agrotóxico, também conhecido como pesticida, designa compostos químicos  cujo princípio ativo acaba com diversos tipos de pestes agrícolas que prejudicam a produtividade desse setor, como insetos, ervas daninhas, fungos, vermes, roedores e pragas. De uma maneira geral, são tóxicos, uns mais, outros menos danosos à saúde humana e ao meio ambiente. Um dos problemas mais comuns que acarretam é a contaminação do solo, de lençóis freáticos, rios, lagos. O alcance do problema aumenta em se tratando de inseticidas com organoclorados e  e organofosforados, que permanecem no corpo do animal, por exemplo, no peixe, e são absorvidos por quem o come.
O impacto causado  pelo fabrico e uso de pesticidas é muitas vezes irreversível. Apesar de tudo, o nosso país é um dos maiores consumidores de agrotóxicos do mundo, com cerca de 70% dos alimentos atingidos. A grande justificativa para o império crescente do agrotóxico é que, com o aumento da população mundial, precisa-se de cada vez mais eficiência na produção agrícola para alimentar os homens. "Imagine tomar um galão de 5 litros de veneno a cada ano. É o que os brasileiros consomem anualmente", segundo o Instituto Nacional do Câncer (Inca). Desde 2008, o Brasil ocupa o primeiro lugar no ranking mundial de consumo de agrotóxicos.
Você quer uma alimentação mais sadia e parte para o consumo de frutas e verduras. Quase tudo contaminado, sem nenhum aviso aos consumidores. E acrescente-se ainda o que está embutido em alimentos enlatados, processados, aditivados. Não esqueçamos também outro produto cancerígeno, o amianto. Proibido em vários Estados do país, a gente, contudo, continua encontrando telhas e caixas d'água de amianto por toda parte. 
Enquanto isso, o governo e os parlamentares duelam pra saber quem roubou ou quem pedalou. O país é um paraíso para os alimentos geneticamente modificados, ainda não liberados por países que se prezam. Entre os campeões na produção  e venda de agrotóxicos está a multinacional Monsanto, que tem um lóbi imbatível. Tristes trópicos!, como diria Claude Lévi-Strauss.

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