Os grandões da República estão se desentendo
quase aos socos e safanões. O que só pode ocorrer em uma republiqueta de banana,
como o nosso Brasil está se tornando com esse novo golpe que Washington
inventou para substituir a velha cooptação de militares insubordinados e
doutrinados no War College. República “bananera”, sim. Vocês já viram os discretos
ministros da Suprema Corte dos EUA rebolando diante de holofotes e dando
entrevistas em que pré-julgam causas? O homem de negócios que é,
substancialmente, o ministro do STF Gilmar Mendes andou por aí agredindo o
procurador-geral da República Rodrigo Janot, que lhe respondeu também aos socos
e pontapés.
O centro dos desentendimentos é a Operação
Lava Jato. É que, conseguido o abominável impedimento sem motivos sérios de uma
presidente constitucionalmente eleita, o ministro-empresário virou-se contra
essa caça às bruxas simbolizada pelo juiz Moro, pois quer paz e conforto para
investigados que são seus amigos do PMDB/PSDB. No dia 21 passado, no plenário
do STF, sem citar o procurador, acusou-o do crime de vazamento de informações
sigilosas e de tentar fazer o tribunal de fantoche.
E o ministro que concede sucessivos
habeas-corpus a amigos ainda sugeriu a anulação da validade do material vazado,
um sonho de congressistas da pesada e da trupe que assaltou o Planalto. Por sua
vez, Janot, também sem citar o nome do desafeto, atribuiu-lhe decrepitude moral,
disenteria verbal e o acusou de distribuir impropérios abrigado na quase
certeza da impunidade. Foi além o procurador ao criticar a escandalosa
intimidade de Mendes com o governante golpista Michel Temer e com outros
investigados que deverá julgar do STF: jantares, reuniões às escondidas,
caronas em aviões da FAB.
Há pessoas que não hesitam em violar o dever
da imparcialidade, acrescenta Janot, sôfregas pelo reconhecimento e afago dos
poderosos de plantão. Decência? Retidão? Pru mode?, como diria o matuto, ou o
caipira, como preferem os paulistas. Já se espera que o procurador solicite ao
STF que Mendes não participe de julgamentos em que não teria isenção.
Antes de findar, desejo registrar a
inauguração popular da transposição das águas do São Francisco, em Monteiro
(PB), com a presença de Lula, que convidou a presidente deposta. Quão diversa da
inauguração fajuta dos golpistas, quase escondidos com medo de apupos.