Mais uma vez, a coleguinha Roberta Soares, do
Jornal do Commercio, especializada em
trânsito e transporte público, volta ao tema do abandono em que se encontra o
sistema de transporte público no nosso Estado. Foi no dia 19 de março,
consagrado a São José e quando o nordestino planta milho para o São João e
acredita que, se chover nessa data, o inverno vai ser bom. “Eu prantei meu mio
todo no dia de São José. / Se me ajuda a Providência, / vamo tê mio a grané. /
Pelos caico eu vou cuiê vinte espiga em cada pé”, cantava Luiz Gonzaga.
Mesmo que haja um bom inverno este ano, coisa
que está rareando com as agressões do bicho homem ao meio ambiente, os
passageiros de ônibus do Recife e do Estado vão continuar viajando com medo.
Segundo levantamento feito pelo Instituto de Pesquisas Uninassau sobre o transporte
por ônibus na Região Metropolitana, a opinião dos usuários é que se trata de algo
péssimo, caro e perigoso. Péssimo com ônibus sucateados e insuficientes, além
de motoristas mal preparados. Caro porque o valor das tarifas não condiz com o
serviço oferecido. E perigoso porque motoristas, cobradores e passageiros estão
sujeitos a constantes assaltos, que não excluem mortes, em qualquer horário.
Prossigo com base na reportagem de Roberta
Soares. Das 624 pessoas ouvidas pela pesquisa, em seis terminais integrados do
Grande Recife, 75,6% afirmaram ter medo de andar de ônibus devido à falta de
segurança. Segundo o Sindicato dos Rodoviários, só este ano foram 821
ocorrências até o dia 13 de março. “Nós passageiros estamos sós”, desabafa uma
vítima, a analista de internet Suzana Almeida. O medo é permanente de novas
investidas.
Outro dado da pesquisa é que, para os
usuários, o Governo do Estado é responsável pela situação (Secretaria de Defesa
Social, Polícia Militar e Grande Recife Consórcio de Transportes). “O Governo
do Estado perdeu a luta para a violência. Ninguém se importa mais com as
pessoas que usam o transporte público”, desabafou um pai que perdeu a filha em
assalto, Suany Muniz Rodrigues, executada aos 33 anos em 2013 na BR-101 Sul.
O Governo tem uma explicação esdrúxula em sua
defesa. Diz que está reagindo à violência no transporte público. Mas, mais do
que a violência real, a pesquisa revela que os passageiros de ônibus sofrem mesmo
é com sensação de insegurança. Pronto, disse. É só uma sensação. É por isso que
os anarquistas espanhóis diziam outrora: Hay gobierno? Soy contra.
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