Em
um desgoverno maligno como o que estamos sofrendo sob o guante de golpistas
assanhados, não poderia faltar uma reforma para pior na área de educação. Tirante
a grande facada nas áreas de saúde, ensino, previdência que eles pretendem dar,
a trupe encarregou um ministro da Educação que não sabe distinguir “houve” de “houveram”,
Mendonça Filho, que já foi até governador de Pernambuco pelo partido herdeiro
da Arena da ditadura, de dar uma entortada no ensino médio.
Abusando
de Medida Provisória, desde o ano passado os golpistas ignoram solenemente a
luta dos estudantes por um ensino que nos iguale ao menos ao Chile e à
Argentina. Ana Júlia Ribeiro, aquela garota paranaense que, no ano passado, se
tornou o símbolo do movimento de ocupação das escolas públicas, afirma que um
governo sem voto popular persegue policialmente e reprime as manifestações da
garotada. Uma garotada, acrescento, muito mais politizada e consciente que
esses marmanjos e até anciãos que garantem representar o povo brasileiro.
Estão
propondo um ensino que deixa de lado a educação, a pedagogia, que, segundo Ana
Júlia, não tem uma proposta de formação humana cidadã, prioriza apenas o mercado
de trabalho. O estudante seria apenas a mão de obra do futuro. O que
aparentemente poderia ser uma vantagem, que é a escola de ensino médio de sete
horas integrais, não funcionará, pois os prédios escolares não têm estrutura
para acolher os alunos nem por muito menos tempo
Hipocritamente,
a MP fala de um professor com notório saber, sabendo porém que a metade deles
não tem formação específica nas áreas em que ensinam. Como melhorar assim a
qualidade do ensino? O progresso obtido com a obrigatoriedade de filosofia,
sociologia e artes no currículo vai por água abaixo. Para que estudar
filosofia, se o estudante dos sonhos de Temer e Mendonça não deve nem precisa ter
espírito crítico?
E
porque os mestres são mal formados? Estudar para receber o salário que eles
ganham não vale a pena. Como sustentar a família, comprar livros, aperfeiçoar-se
na sua área, reciclar-se com um salário miserável?
Brandamente,
a sábia menina lembra que está mais do que claro que a nossa democracia, há algum
tempo, tem sido ignorada e descartada com falsas legalidades e desrespeitos à
Constituição. “Não podemos, porém, desanimar nem desistir. Não podemos ceder
aos retrocessos promovidos por quem pretende se apropriar dos direitos do povo.”
E conclui seu artigo na revista CartaCapital: “Por fim é hora de colocarmos no
papel a experiência de uma gestão democrática nas escolas. Temos a consciência
de que o poder é do povo. O poder é nossoe , por princípio, nos pertence.
Temporariamente o emprestamos aos nossos governantes. Se eles não nos atenderem,
nós o tomamos de volta”.
Que
vergonha para os golpistas! Uma adolescente dando lições a quem pauta a vida
pública por deslavada mesquinhez.
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