quarta-feira, 8 de março de 2017

DE TERRORISMO E TERRORISMO. DO ESTADO ISLÂMICO E DE ESTADOS QUE SE DIZEM CRISTÃOS

Quando Karl Marx disse que a religião é o ópio do povo, não expressava simplesmente seu ateísmo e seu materialismo. Vendo o que ele via, tinha alguma razão, pois não distinguia a pregação, de Cristo e de Maomé por exemplo, da prática dos que se dizem deles discípulos. E se visse hoje o que pratica o Estado Islâmico, em nome de Deus e da religião islamita; o que fazem os tão “cristãos” países europeus com os migrantes e refugiados que os procuram; o que faz o governo do Estado judaico contra os palestinos; veria ainda mais ópio nas religiões ou, mais modernamente, cocaína.
Eu nunca tive nas mãos o texto do Corão (vou procurá-lo) mas, pelo que tenho lido sobre Maomé e seus escritos, ele nunca pregou a destruição dos não crentes nem o terrorismo. É verdade que seus sucessores eram muito belicosos e conquistaram meio mundo, desde a Península Ibérica e o norte africano até a Indonésia, mas respeitando as outras religiões. No norte da África e no Oriente Médio conviveram com judeus e cristãos. Um exemplo de harmonia e coexistência pacífica entre religiões foi o Califado de Córdoba, na Espanha, onde conviviam em paz muçulmanos, judeus e cristãos e onde brotaram sábios como Avicena e Averroes. Antes de expulsos, os árabes deixaram ali uma arquitetura admirável, como no Escurial.
Quando se fala em terrorismo, tem-se de levar em conta que ele começou lá longe, há muito tempo, na matança de hereges, nas Cruzadas, no colonialismo. E continua hoje, praticado por assim ditos cristãos, na 3ª Guerra Mundial, que começou na Coréia em 1950 e não parou mais (a indústria bélica agradece), na destruição de Hiroshima e Nagasaki pelos estadunidenses, na matança de inimigos, não com direito a julgamento e defesa como em Nurembergue, mas através de meios sofisticados como drones ou missões secretas.
Estou escrevendo horrorizado, como qualquer pessoa que aspira à civilização, com a última, por enquanto, do autoproclamado Estado Islâmico. No Afeganistão, terroristas disfarçados como médicos entraram em um hospital e massacraram dezenas de pacientes, médicos, funcionários. Ora, isso não é humano nem pode derivar de uma religião. Levemos em conta, porém, que aviões americanos e russos, e também do próprio governo sírio que se gruda ao poder, têm bombardeado hospitais inúmeras vezes. Há muita diferença nas duas atitudes, uma direta e outra levada a cabo assepticamente de longa distância? No Vietnam, os pilotos dos bombardeiros estadunidenses também não corriam nenhum risco. Era só desovar as bombas, muitas de napalm que queimavam as pessoas. Os amarelinhos lá em baixo que se virassem. Os EUA foram derrotados vergonhosamente. Fugiram atabalhoadamente de Saigon cercada. Os senhores da guerra não aprendem. Alguns anos antes, os colonizadores franceses também haviam sido derrotados na famosa batalha de Diem-Biem-Phu pelo herói Ho-Chi-Min, que igualmente comandou a derrota dos EUA.

O papa Francisco já está achando que o Apocalipse vem aí.

Nenhum comentário: